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Somos programados para sentir preguiça?

Julia Toledo2 de outubro de 20185min0
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Apesar de todos os conselhos sobre os benefícios do exercício físico à saúde, há algo em nós que nos torna naturalmente atraídos pelo sedentarismo, aponta um novo estudo.

Exercitar-se regularmente é um hábito importante para reduzir os riscos à saúde, aumentar nossos níveis de energia e manter nossa mente ativa.

O sedentarismo é um dos principais fatores de risco de morte no mundo e há diversos indícios que o vinculam ao surgimento de problemas cardiovasculares, câncer e diabetes.

Mas, apesar de todos os conselhos sobre isso e o grande volume de informações disponíveis sobre os benefícios da atividade física para a saúde, há algo em nós que nos leva a ter muita dificuldade de sair do lugar.

Um em quatro adultos e 80% dos adolescentes não fazem atividade física suficiente, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Mas, afinal, por quê?

Um estudo da Universidade de British Columbia, no Canadá, e da Universidade de Genebra, na Suíça, pode ter encontrado a resposta. O trabalho indica que o principal obstáculo para movimentar o corpo está em nosso cérebro.

Está tudo em nossa cabeça?
Essa contradição entre saber que o exercício é bom para o corpo e não fazer nada a respeito foi a base da pesquisa.

“Conservar energia sempre foi algo essencial para sobrevivência do ser humano por permitir que seja mais eficiente na busca por comida, achar um refúgio, competir por um par sexual e evitar predadores”, explica o cientista Matthieu Boisgontier, um dos coordenadores do estudo, em entrevista ao site da universidade canadense.

“O fracasso das políticas públicas para combater a pandemia de sedentarismo se deve talvez ao processo cerebral que foi desenvolvido e reforçado na evolução.”

A hipótese dos pesquisadores foi batizada de “paradoxo do exercício”, porque, apesar dos efeitos positivos da atividade física, o cérebro tem uma atração automática pelo comportamento sedentário.

Uma atração natural pela preguiça
No experimento, foi observada a reação do cérebro de 29 voluntários, entre homens e mulheres, por meio de um eletroencefalograma. Um dos requisitos era que essas pessoas se interessassem por atividade física, ainda que só algumas delas se exercitassem regularmente.

Todos foram submetidos a um teste de computador em que controlavam um avatar, representado pelo símbolo de uma pessoa.

Em seguida, surgiam na tela imagens em que uma figura praticava atividades, como subir uma escada ou andar de bicicleta, seguida por outra em que a figura estava parada, deitada em uma rede, por exemplo.

Os participantes tinham que aproximar o avatar o mais rapidamente possível de imagens que indicavam movimento e afastá-lo das imagens sedentárias, fazendo em seguida os movimentos contrários. Enquanto isso, eletrodos registravam a atividade cerebral.

Em geral, os participantes foram mais rápidos em se aproximar das imagens de atividade física e se afastar das sedentárias.

Mas as leituras indicaram que se afastar das sedentárias exigia que o cerébro trabalhasse mais, indicando uma disparidade entre a intenção da pessoa e o que, inconscientemente, o corpo deseja.

“Já sabíamos, por estudos anteriores, que as pessoas eram mais rápidas em evitar comportamentos sedentários e buscar comportamentos ativos. A novidade é que nosso estudo demonstra que isso tem um custo, um maior envolvimento de recursos cerebrais”, disse Boisgontier.

“Esses resultados apontam que nosso cérebro é naturalmente atraído pelo sedentarismo.”

Os cientistas reconhecem se tratar de um estudo pequeno e que novas investigações são necessárias, em especial para potencializar a “vontade de fazer exercício” que demonstraram os participantes.

Isso porque o ser humano tem a capacidade de escolher o que fazer de forma consciente, desafiando inclusive os sinais enviados pelo cérebro.

 

Fonte: G1.com.br

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