Estado facilita parceria entre supermercadistas e pequenos produtores

Em meio à crise da covid-19, pequenos produtores do Sudeste de Minas Gerais estão mantendo as vendas de polpas de frutas. O que está salvando a produção é a parceria que eles fizeram com uma grande rede de supermercados, por intermédio do Circuito Mineiro de Oportunidades e Negócios (CMON) – Programa da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico (Sede), em parceria com a Associação Mineira de Supermercado (Amis).

A afirmativa é do produtor de maracujá Tiago Silva, que tem seu negócio na cidade de Cataguases. Ele é um dos cem integrantes da Cooperativa Central dos Agricultores Familiares do Noroeste Mineiro (Alfa). A entidade, por meio do Circuito Mineiro, fechou parceria com uma rede de supermercados para compra de 15 e 50 toneladas de polpas de manga e maracujá, respectivamente. “Apesar da crise, o cliente manteve o compromisso deste ano e já encomendou a safra do ano que vem”, afirma Silva, explicando que, se não fosse a parceria, estariam perdendo frutas no campo.

Facilitador desse contrato, o Circuito Mineiro de Oportunidades e Negócios tem como principal objetivo apoiar pequenos produtores ao aproximá-los de empresas âncoras e setores estratégicos da economia mineira. Com isso, é possível fomentar a realização de novos negócios, contribuindo para o fortalecimento dos pequenos empreendedores e do desenvolvimento econômico do estado. O programa é voltado para microempreendedores individuais (MEI), microempresas, empresas de pequeno porte, cooperativas e agricultores familiares.

Para o subsecretário de Desenvolvimento Regional da Sede, Douglas Cabido, o circuito é um fator importantíssimo neste momento. “Ele já é um importante projeto da Sede, que faz parcerias com diversos setores, mas, especificamente no caso dos supermercados, tem a função de inserir novos produtos, novos empreendedores em redes já consolidadas”, afirma.

Neste momento de crise por conta da pandemia da covid-19, Cabido ressalta que um dos setores econômicos que permaneceram em alta, inclusive contratando, foi o supermercadista. “Então, mostra-se ainda mais importante esse apoio para que pequenos negócios possam efetivamente gerar vendas e diminuir as taxas de desemprego e de quebra de empresa, por exemplo”, explica.

Em parceria com a Amis, os pequenos produtores recebem orientação qualificada em técnicas de vendas e potencialização de contratos, apresentação de produtos para compradores e rodadas de negócios com empresas âncoras e setores estratégicos da economia mineira. Somente em 2019, foram realizadas dez edições do programa, distribuídas nas cidades de Divinópolis, Ipatinga, Uberlândia, Pouso Alegre, Montes Claros, Teófilo Otoni, Juiz de Fora, Belo Horizonte e Araçuaí.

Ao todo, foram capacitadas 539 pessoas e 272 empresas. Além disso, 138 empresas foram selecionadas para as principais feiras regionais.

Os resultados do CMON impressionam. Dos participantes, 40% aumentaram a produção em até 20% para atender a novas demandas; 26,7% contrataram novos colaboradores para seus negócios; 46,7% fecharam negócios no circuito; 75% receberam algum tipo de retorno da negociação e 53% fizeram melhorias nos seus produtos.

As parcerias vão além: na feira Superminas, a maior do segmento da América Latina, 42% fecharam mais de um negócio e 29%, até janeiro de 2020, estavam com negociações em andamento; 53,3% melhoraram a divulgação de seus produtos via redes sociais e sites; e 84% avaliaram o Workshop de Boas Práticas de vendas como aprendizado aplicável ao negócio.

Em negociação

Também por meio do Circuito Mineiro de Oportunidades e Negócios, a empresária Priscila Piazi está em tratativas com a mesma rede de supermercados para onde Tiago Silva vende. Ela é produtora de Kombucha – bebida milenar que utiliza cultura de bactérias e leveduras para fermentação do chá saborizado – e busca ampliar sua produção com a concretização da parceria.

Instalada na região de Juiz de Fora, a pequena empresa de Priscila atualmente fornece seus produtos para empórios e lojas de produtos naturais. “Por indicação do Sebrae de Juiz de Fora, procuramos o Circuito Mineiro, que nos ajudou o contato com essa rede de supermercados de BH, que sempre foi nosso foco de venda”, afirma.