Covid-19 afeta logística, e podem faltar insumos para a indústria
Mesmo com sinais de recuperação econômica, há setores que correm risco real de paralisações devido à dificuldade de acesso a insumos e componentes como borracha, plástico, alumínio, aço e autopeças. O problema maior é a logística, que tem sofrido os efeitos colaterais da Covid-19: afastamentos reduzem a mão de obra tanto nas fábricas como nos fornecedores e atrasam tanto a produção como a entrega dos componentes.
O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Carlos Moraes, destaca que o setor da logística está fazendo o melhor possível; mesmo assim, há a possibilidade de parada de produção, que pode acontecer em dezembro. “A gente faz coisas impossíveis, mas milagre a gente ainda não faz. Portanto, se faltarem peças, apesar de todo esforço, a consequência será, sim, dificuldade da entrega dos veículos para o cliente final”, afirmou Moraes durante coletiva de apresentação de resultados do segmento.
A reportagem perguntou à Fiat se há algum plano de paralisação. Por meio da assessoria de imprensa, a montadora afirmou que, por se tratar de um problema setorial, caberia à Anfavea responder. Segundo a associação, os estoques nunca estiveram tão baixos. Moraes afirmou, durante sua apresentação, que eles são suficientes para 16 dias. “É o nível mais baixo desde março de 2014”, comparou.
O aço foi citado pelo presidente da Anfavea como uma das preocupações devido ao aumentos de preços.
Já o presidente do Instituto Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, descartou totalmente a hipótese de desabastecimento. “Não está faltando aço, mas, sim, um momento de ajuste de reposição de estoques, principalmente na área de distribuição”, explicou Lopes.
O presidente do Aço Brasil lembrou que a indústria iniciou o ano operando com 63% de sua capacidade instalada e tinha a expectativa de que 2020 seria um ano de recuperação e, agora, está com 68%. “Em meados de março, vieram a pandemia e uma grave crise de demanda. Nessa época, a indústria se viu operando com 43%. Mas, desde julho, vem colocando mais aço no mercado interno do que no início do ano”, esclareceu Lopes.
A falta de insumos tem afetado vários outros setores. Recentemente, a indústria de cervejas anunciou que vinha tendo dificuldade para comprar embalagens. O problema se refletiu nas prateleiras, com a falta de algumas marcas em estabelecimentos de todo o país.
Produção da Suggar já está reduzida
O desafio logístico agravado pela Covid-19 também já bateu à porta dos fabricantes de eletrodomésticos. O presidente da Suggar, Leandro Costa, afirma que estão faltando papelão e alguns tipos de aço. “Temos sofrido com falta de matéria-prima há cerca de quatro ou cinco meses. Com isso, acaba faltando produto. Hoje estamos produzindo abaixo da nossa demanda”, pontua.
Segundo o empresário, como os insumos estão em falta, os preços sobem. “O aço subiu mais de 30%. Nós não temos condição de repassar tudo”, explica. Atualmente, a Suggar está com dois meses de produção já vendidos.
Fonte: O Tempo