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O País do Carnaval não Sambou !!!

Redação16 de fevereiro de 20214min0
Carnaval_annca
por Valdeci Santana

O cavaco não chorou na avenida. Pois, seu dono esta chorando a morte de familiares e amigos.

Minha escola do coração ficou em casa por recomendação médica.

A passista foi desfilar nas alas dos hospitais.

Não tem gargalhadas nem marchinhas nos salões.

Folião está de luto.

Faltou ar nos pulmões para cantar o samba enredo.

Já passou o carnaval e ela sequer pisou na passarela.

Atrás do bloco éramos um só na multidão. E hoje sozinhos, assistimos ao desfile nostálgico do bloco da saudade, pela avenida da nossa memória.

Embora, devo confessar que esta não é minha festividade predileta, não posso deixar de compartilhar do saudosismo que aquieta o ânimo dos meus tantos amigos foliões. Para eles, a quaresma antecedeu ao carnaval.

O carnaval de tantas histórias, de tantas critica, de amores, de tantas lembranças de outros carnavais, agora não passa de uma simples estrofe evocada da nossa memória, tão fraca que sequer é capaz de fazer a alma sambar.

Pierrô não foi para o salão, chorar o amor de Colombina por Arlequim, pois, estão todos em isolamento.

Não haverá o tradicional baile de máscaras, até porque, o que todos nós desejamos neste momento é podermos tirar as máscaras. Alegoria que tem se tornado um adereço fundamental no nosso figurino do cotidiano. E se deslizarmos neste quesito, pode ser que nunca mais pulemos outros carnavais.

O “Abre Alas” mais comentado, mais aguardado, que realmente arrancou aplausos da plateia, foi o carro da vacina. Com sua comissão de frente, vestindo um simplório branco, dispensando o colorido, mas, trazendo com eles, as cores da mais importante ciência. A medicina. Suas coreografias são eficientes e salvam vidas. Merecem honroso dez maiúsculo.

A mulata não vai para a avenida, requebrar os seus quadris, com todo seu encanto, pois, nas arquibancadas vazias, o único expectador é um vírus, ansioso por abraçá-la.

Não houve matinê para criançada com confetes e serpentinas, para a segurança das “baianas” que queremos ver rodopiarem em outros carnavais.

O mestre-sala enamorado não cortejou sua porta bandeira diante dos jurados. Até porque, ela estava em casa, sustentando a bandeira da esperança de que um dia, sua bateria possa sacudir a avenida, batucando a volta do contato humano.

Na apuração ficamos em débito no quesito evolução. Já que ações irresponsáveis, tanto de nossos governantes, como do cidadão comum, tem contribuído com a propagação do inimigo, mas, logo encontraremos a harmonia e juntos, formaremos uma agremiação moldada na responsabilidade com a vida alheia.

Mas, por gentileza, estimado sambista. Se não for pedir muito. Batuque um belo samba. Numa caixinha de fósforo mesmo, para não acordar quem hoje repousa. E nem desrespeitar o luto de outros. Enquanto este que aqui deixa tais rasuras, cheio de zeriguidum, porém sem molejo algum, se despede melancólico, triste pelos bailes que perdi, mas, prometendo cair na folia, para festejarmos juntos, a vitória da humanidade contra um vírus que foi tão cruel que calou o samba.

Redação


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