Marketing digital salvou metade dos pequenos negócios em MG, diz Sebrae
O investimento dos microempreendedores mineiros no marketing digital foi acelerado pela pandemia. Uma estratégia usada para acompanhar a mudança de comportamento dos consumidores e aumentar o lucro. Em 50% dos casos, a sobrevivência do negócio só foi possível graças à atuação na internet, como mostra a pesquisa Marketing Digital nos Pequenos Negócios, do Sebrae. O levantamento ouviu 1.160 donos de pequenas empresas, entre os dias 8 e 20 de maio deste ano.
Um a cada dez microempresários entrevistados abandonaram completamente o negócio físico e passaram a trabalhar apenas com a internet. A analista da Unidade de Inovação e Competitividade do Sebrae, Carla Goob, explica que esse movimento é uma via de mão dupla.
“É importante a gente pensar que o processo também aconteceu com o cliente. Muitas pessoas que não tinham feito uma compra online fizeram pela primeira vez na pandemia. E esse comportamento vai permanecer. Não tem mais como as empresas fugirem da digitalização, que oferece novas possibilidades para as empresas”, analisa.
A pesquisa mostrou que 43% dos empreendedores já divulgavam produtos na internet, e 38% faziam vendas online. Após o inicio da pandemia, 20% começaram a fazer divulgação pela internet, e 38% começaram a vender na web. Entre os que já usavam a rede, 43% afirmaram ter aumentado as vendas durante a pandemia.
Essa transformação não é uma simples reprodução do meio físico no meio virtual. O processo exige estratégia, capacitação e tempo. Apenas 33% dos entrevistados afirmaram não ter dificuldade com marketing digital. As maiores limitações citadas na pesquisa são relacionadas à estratégia de divulgação nas redes.
“Muitas pessoas, empresas que começam a usar o marketing digital acreditam que é suficiente conhecer as ferramentas, mas não é. Mais do que isso, é importante saber usar de forma estratégica. Cada plataforma se comporta de uma maneira, e é essencial ter esse entendimento para ter uma comunicação assertiva. O primeiro passo é se capacitar“, diz Carla Goob.
A pesquisa descobriu ainda que as mulheres usam mais o marketing digital: 71% contra 62% dos homens. A microempreendedora Stefanie dos Santos, 32, ajuda a engrossar essa estatística. Ela é dona da Teff Cakes, uma confeitaria artesanal, que funciona em um cômodo de sua casa, no bairro Ana Lúcia, em Sabará, na região metropolitana. Mas é na internet que o negócio ganha espaço.
“Resolvi sair do meu serviço em 2019. Em 2020 fui para as ruas vender, e veio a pandemia. Com isso já vi que precisaria focar mais no marketing para poder vender. Fiz alguns cursos na época que trabalhava no meu antigo serviço e vejo algumas lives sobre o assunto”, conta.
O retorno positivo do investimento na internet já pode ser computado pela confeitaria. “Principalmente no Natal de 2020 e na Páscoa 2021, os resultados foram ótimos. Resolvemos deixar um valor para investirmos em alguns equipamentos para fotografar no dia-a-dia. E para fazer anúncios pagos, porque vimos que nosso retorno foi de 60%“, revela.
Assim como Stefanie, 88% dos pequenos empresários estão satisfeitos com os resultados do marketing digital, e o aumento das vendas foi citado por 58% deles, segundo a pesquisa do Sebrae.
Natália Lana, 28, assumiu o desafio de levar para a internet o complexo mundo da manutenção e venda de peças e serviços para veículos leves e pesados. Ela é sócia da Lana Soluções Automotivas, em Itabira, que intensificou as ações no meio digital na pandemia, principalmente no Instagram e no WhatsApp.
“Nós participamos de um curso no Sebrae, uma assessoria de transformação digital. Depois a gente buscou com os próprios colaboradores, com os próprios clientes, como poderíamos fazer essa abordagem digital. Baseados nas dúvidas enviadas por WhatsApp e no Instagram, produzimos nosso conteúdo nas redes sociais“, conta.
A direção da empresa optou por um investimento gradual no marketing digital. “Em 2021 planejamos intensificar os relacionamentos nas redes sociais, tornar nossa marca cada vez mais frequente e lembrada na internet. No segundo semestre, estamos procurando formas de mensurar o impacto financeiro desses recursos e o tempo nas redes sociais junto com uma agência especializada”, explica Natália.
Os jovens são maioria entre os pequenos empreendedores que usam a internet para ampliar os negócios. A pesquisa concluiu que, entre os empresários com até 30 anos, 70% divulgam e vendem produtos pela internet, e 26% realizam as ações exclusivamente na web. Já entre os entrevistados com 51 anos ou mais esses percentuais são de 58% e 16% respectivamente.
O número de empresários que ainda resistem à internet e não lançam mão do meio digital em seus negócios corresponde a 35% dos entrevistados.
Fonte: O Tempo