Uso incorreto de máscaras pode elevar em até 1.141% casos de Covid em escolas
Com a volta gradual às aulas presenciais em todo o Brasil, pesquisadores procuram entender o nível de risco que envolve esse retorno. Um estudo do projeto ModCovid19, com a contribuição do Centro de Ciências Matemáticas Aplicadas à Indústria (CeMEAI), mostra que o uso incorreto de máscaras pode elevar em 1.141% a chance de contaminação pelo coronavírus nas escolas.
A pesquisa simulou também o uso correto de máscaras sem outras medidas de prevenção e nesse cenário o risco de contagio nas escolas cairia para 575%. Já o uso correto de máscara pelos alunos e de máscara do tipo PFF2 por professores seria capaz de reduzir esse risco para 40%.
A menor taxa de risco, de 10%, seria atingido caso a comunidade escolar adote o uso correto de máscara, monitoramento de casos suspeitos e medidas como o revezamento de turmas entre o ensino remoto e o presencial.
O estudo é feito com o base em um modelo matemático que estima o aumento de casos da covid-19 na comunidade escolar com a reabertura das escolas, simulando cenários com diferentes protocolos de segurança. O estudo foi realizado pelos pesquisadores Tiago Pereira e Edmilson Roque (USP), Claudio Struchiner (FGV e UERJ), Guilherme T. Goedert (Univ. Roma II, RWTH Aachen e CyI), Krerley Oliveira e Sérgio Lira (UFAL), Lucas Resende (IMPA), Ismael Ledoino (LNCC) e Juliano Genari.
Explicação.
A virologista e professora da UFMG, Giliane Trindade, explica que o uso correto da máscara é ainda mais importante em ambientes fechados como as salas de aula.
“No caso do retorno das escolas, a gente vai ter uma sala com várias pessoas juntas, e o uso da máscara tem que ser observado, principalmente pelos jovens, que não foram vacinados”, detalha.
Mas não basta usar qualquer máscara. A qualidade do material também interfere na capacidade de proteção contra o coronavírus.
“A melhor máscara em termos de filtração é a N95. Quando bem ajustada ao rosto, ela é a melhor proteção que a gente tem. Na ausência dela, a máscara cirúrgica tripla é a mais recome dada e, na ausência desta, a máscara de tecido pode ser usada. Mas as máscaras de tecido não têm uma certificação, um padrão de qualidade”, explica a pesquisadora da UFMG.
Escolas de Minas.
A Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE-MG) informou, em nota, que disponibiliza aos trabalhadores das escolas máscaras e protetores faciais de acrílico, que devem ser usados em conjunto, de forma simultânea. Segundo a pasta, entre os itens do checklist estão o dispenser de sabonete líquido e álcool em gel, papel toalha, lixeiras com pedal, máscaras de proteção facial, água sanitária e avental para os auxiliares de serviços de educação básica.
Confira outros resultados da pesquisa:
Máscaras mal utilizadas com 20h/aula semanais: 1.141% de aumento de casos
Máscaras bem utilizadas com 20h/aula semanais: 75% de aumento de casos
Turmas alternadas com máscaras bem utilizadas e 10h/aula semanais: 171% de aumento de casos
Monitoramento de casos com máscaras mal utilizadas e 8.4h/aula semanais: 134% de aumento de casos
Monitoramento de casos com turmas alternadas e máscaras bem utilizadas: 21% de aumento de casos
Fonte: O Tempo