Superação e amor: Conheça a história e desafios da gestação de alto risco de Luciene.
Depois de muitos anos tentando engravidar do segundo filho, aos 42 anos, a estoquista Luciene Cristina de Souza descobriu, inusitadamente, que estava grávida. Luciene estava se sentindo mal e com sangramento e procurou atendimento no PSF (Programa de Saúde da Família) do Bairro Vila Lima na cidade de Muzambinho MG. Luciene foi atendida no PSF e encaminhada para uma consulta com obstetra do ambulatório municipal. Ao realizar os exames para iniciar o pré-natal Luciene descobriu um tumor no útero, uma triste notícia acompanhada com o “diagnóstico” do obstetra de que perderia o bebê em duas semanas. “Eu estava com mioma, idade avançada e pressão alta e o obstetra disse que não daria certo e que a gravidez não ia vingar, você pode esquecer, você não vai ser mãe é impossível”.
A notícia do obstetra deixou Luciene muito abalada, “eu saí desesperada da consulta, chorando em prantos porque o obstetra foi de uma frieza tremenda e nem parecia que ele era um obstetra que fazia com que as pessoas gerassem vida”.
Mesmo com a notícia de que não poderia ter o bebê, Luciene não desistiu do sonho de gerar o seu filho, e no mesmo dia, procurou atendimento no PSF do bairro Vila Lima. No PSF Luciene foi atendida pelo médico da família Dr. Matheus Poscidônio e orientada sobre os riscos da gestação, sobre os cuidados necessários de um pré-natal de alto risco e que tudo seria feito por ela e o bebê. Luciene iniciou o pré-natal de alto risco na cidade de Alfenas MG, com a Dra. Merilza Rodrigues obstetra especialista e manteve consultas regulares no PSF Vila Lima. “O Dr. Matheus e toda equipe do PSF ajudaram bastante, o próprio Dr. Matheus pegou o seu carro para levar os documentos e na mesma semana já fui atendia em Alfenas”.
A obstetra de Alfenas Dra. Merilza disse para Luciene que seria uma gravidez muito difícil devido ao tumor, idade avançada e pressão alta, mas afirmou que não era impossível Luciene ter o bebê e que tudo seria feito por eles.
Em uma rotina extensa de atendimentos em Alfenas, exames e acompanhamento no PSF de Muzambinho, Luciene com muita determinação, confiança e amor pelo seu filho seguiu na jornada do pré-natal. Foram períodos de notícias positivas e negativas. “O mioma estava crescendo junto com o feto e isso faria com que talvez o mioma empurrasse o bebê antes do tempo para fora e se empurrasse antes do tempo o bebê não sobreviveria”.
Luciene passou um pré-natal muito próximo do PSF, diversas consultas em Alfenas, muitos ultrassons, exames e acompanhamentos. “Praticamente todos os dias eu ia no PSF medir a pressão arterial, só não ia no PSF quando estava em Alfenas e nos finais de semana”.
Com muito empenho, confiança e ajuda, Luciene superou o “diagnostico” de uma gravidez inviável, e o dilema agora era, antecipar ou prolongar a data do parto. A Dra. Merilza obstetra de Alfenas disse que o bebé poderia nascer de 6 meses, prematuro, mas o tempo foi passando e foi possível segurar o parto para 39 semanas.
Estava correndo tudo muito bem. O mioma não desenvolveu, o bebê estava crescendo saudável, o quadro de Luciene estava ótimo em relação a situação, e o parto já estava marcado. Porém, faltando duas semanas para o parto Luciene sofreu um acidente de ambulância voltando da última consulta de Alfenas. O motorista perdeu o controle da direção, o acidente não foi grave, mas Luciene estava com 37 semanas de gestação e era necessário correr para o hospital para verificar se estava tudo bem com o bebê. Por ironia do destino uma das pessoas que ajudaram a socorrer no acidente, e que levou a Luciene para o hospital foi, justamente o médico que disse que a gravidez de Luciene não vingaria e que ela iria perder o bebê em duas semanas. Luciene ficou em observação e graças a Deus estava tudo bem com ela e com o bebê.
Depois de muita luta, desafios e vontade de realizar o sonho de ser mãe mais uma vez, Luciene deu à luz a um menino lindo, Max Emanuel, no dia 12 de setembro de 2021. “O dia que ele nasceu, escutar o chorinho e a médica dizendo que estava tudo bem, foi um momento de muita alegria”.
Uma história comovente de superação que faz a gente refletir sobre a importância em acreditar. Não só a fé da mãe de que tudo vai dar certo, mas a fé dos profissionais do PSF, médicos e familiares. Uma vida que nasceu pela compaixão, vínculo e confiança das pessoas e profissionais da saúde. Importante ressaltar a relevância do PSF na vida das famílias e o trabalho do SUS na nossa região, sistemas que funcionaram bem para Luciene no momento que ela mais precisava.
por Tadeu Varoni