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Variante ômicron: por que 2 doses da vacina são insuficientes e reforço é necessário

Redação14 de dezembro de 202114min0
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A variante ômicron, fortemente mutada, levou a uma séria redução na capacidade das vacinas de nos proteger de pegar o vírus da covid.

Duas doses de algumas vacinas quase não oferecem proteção contra uma infecção por ômicron, embora devam reduzir bastante o risco de adoecer a ponto de precisar de cuidados hospitalares.

As vacinas foram todas desenvolvidas para combater a primeira forma do vírus que surgiu há dois anos.

Portanto, será que uma terceira dose ou dose de “reforço” dessas vacinas originais pode fazer a diferença ou a ômicron já enganou a proteção que elas podem oferecer?

Felizmente para nós – mesmo que o conteúdo da seringa possa ser idêntico, uma dose de reforço não é apenas mais do mesmo para o sistema imunológico.

A proteção que você adquire após a terceira dose é maior, mais ampla e mais memorável do que você tinha antes.

‘Escola’ da covid

Combater o coronavírus é algo que seu sistema imunológico precisa aprender.

Uma opção é descobrir como fazer isso quando você encontrar o vírus de verdade. No entanto, existe o risco de errar e acabar gravemente doente.

As vacinas são mais como uma escola — um ambiente mais seguro para educar seu sistema imunológico sobre a covid.

A primeira dose é o ensino primário, que trata dos fundamentos.

Sua segunda e terceira doses são comparáveis ​​a enviar seu sistema imunológico para a escola secundária e depois para a universidade para aprofundar drasticamente seu conhecimento. Não se trata apenas de repetir a escola primária indefinidamente.

“O sistema imunológico fica com um conhecimento e compreensão mais ricos do vírus”, disse o professor Jonathan Ball, virologista da Universidade de Nottingham, no Reino Unido.

Ele disse que, apesar de tudo que se falou sobre as habilidades da ômicron, um sistema imunológico altamente treinado é “um ambiente incrivelmente difícil e hostil” para o vírus e suas variantes.

sala de aula em universidade

CRÉDITO,GETTY IMAGES

Os anticorpos são os principais beneficiários dessa educação.

Essas são as proteínas que se fixam na parte externa do coronavírus. Anticorpos neutralizantes podem obstruir o vírus de forma que ele não possa invadir suas células. Outros ficam lá como o equivalente biológico de uma placa de néon piscando com a mensagem: “mate este vírus”.

Uma enxurrada de estudos laboratoriais e dados do mundo real mostraram que os anticorpos neutralizantes que você tem após duas doses da vacina contra covid foram muito menos eficazes contra a ômicron.

O professor Danny Altmann, um imunologista do Imperial College London, disse que você ficou com “absolutamente nada” e foi um “alvo fácil para a infecção”.

Então, de volta à escola.

Cada dose da vacina desencadeia outra rodada de evolução de anticorpos dentro do sistema imunológico. Ele busca anticorpos melhores que se liguem com mais firmeza ao vírus. É um processo denominado maturação de afinidade.

“Seus anticorpos se encaixam melhor com o passar do tempo, estão ficando mais e mais sofisticados”, disse o professor Altmann.

Se os anticorpos forem capazes de se ligar mais fortemente ao coronavírus, será mais difícil para as mutações da ômicron ajudarem o vírus a se libertar. E embora a nova variante esteja fortemente mutada, ainda é o mesmo vírus fundamental e tem partes que não mudaram em nada.

Outras rodadas de vacinação também levam o sistema imunológico a ampliar seu repertório de anticorpos, à medida que encontra novas maneiras de atacar o vírus.

Jogo de números

Não se trata apenas da qualidade dos anticorpos, a quantidade também aumenta com o reforço.

O professor Charles Bangham disse: “Você adquire mais deles, a concentração no sangue aumenta e não sabemos quanto tempo isso vai durar, mas quanto mais vezes você for vacinado, mais duradoura será a memória do sistema imunológico”.

O impacto de tudo isso é claro nos mesmos estudos que mostraram que duas doses foram mais fracas em relação à ômicron. A proteção contra o aparecimento de quaisquer sintomas de covid aumentou para cerca de 75% após o reforço.

Em outras partes do sistema imunológico, a dose de reforço está dando a nossos corpos a vantagem contra futuras variantes também.

As células B são a parte do corpo que produz anticorpos em massa. Alguns amadurecem para produzir aqueles anticorpos super-pegajosos e altamente refinados após o reforço. Outros podem detectar o coronavírus, mas permanecem incompletos e flexíveis.

“Eles podem ir em diferentes direções e quando se proliferam, começam a ir atrás da nova variante”, disse o professor Ball.

E há as células T, que novamente se tornam mais abundantes e melhores no ataque aos vírus da covid em resposta ao reforço.

As células T usam um truque diferente para detectar o vírus e patrulhar nosso corpo em busca de qualquer sinal de infecção de células com covid. As células T reconhecem partes do coronavírus que o vírus acha mais difícil de mutar.

Portanto, enquanto a ômicron está tentando se distanciar de nosso sistema imunológico, cada dose de vacina e, de fato, cada infecção está dando às defesas de nosso corpo mais ferramentas para combatê-lo.

Tudo isso é um bom presságio para as vacinas que nos protegem contra doenças graves.

“A imunidade contra um vírus quase nunca é absoluta – você quase sempre pode ser reinfectado e o que você deseja fazer é tornar a reinfecção tão trivial que você não sabe que tem ou é muito leve”, disse Bangham.

Redação


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