Agronegócio deverá finalizar 2021 com recorde de exportações em Minas
As exportações de produtos do agronegócio mineiro devem encerrar 2021 com um recorde de arrecadação. A previsão do setor é de que a soma total chegue a US$ 10,3 bilhões no final de dezembro, superando os US$ 9,7 bilhões arrecadados em 2011, melhor ano do setor. O saldo positivo é resultado da alta nos custos de produção. Também pesa a balança o valor mais elevado que foi pago pelos países nos produtos do estado, já que houve queda de 2,2% no volume exportado neste ano, se comparado com 2020.
Na lista de principais fatores que contribuíram para o aumento nos custos de produção está o valor do dólar para importações de fertilizantes e defensivos utilizados no processo produtivo e o baixo índice de chuva que desencadeou nas crises hídrica e energética. As geadas que atingiram lavouras do estado no inverno também causaram impactos. Entre os setores mais prejudicados está a cafeicultura e a proteína animal.
No caso do café, um dos principais complicadores foi a baixa nas temperaturas, resultando em uma uma retração de 38,1% na produção de sacas de café em 2021. O Sul de Minas foi a região mais afetada pela adversidade climática, com um déficit de 42,3%, segundo a Federação da Agricultura e Pecuária de Minas Gerais (Faemg). Conforme a entidade, outro motivo que interferiu na safra do café foi a bienalidade que, naturalmente, resulta em uma queda produtiva.
Já em relação à cadeia animal que envolve leite, carnes, ovos, o que pesou foi o custo elevado do milho e da soja. Os componentes são utilizados na alimentação bovina e aviária e representam cerca de 70% do custo total de produção.“São questões delicadas que comprometem e influenciam no desenvolvimento da agropecuária. Cada vez mais o produtor precisa se adequar e buscar medidas para mitigar esses problemas”, avalia a gerente técnica da Faemg, Aline Veloso.
Apesar da baixa de produção, o café foi o principal produto exportado, com 40,8% das exportações, entre janeiro e novembro. Foram comercializadas 24,9 milhões de sacas, somando US$ 3,9 bilhões. Outros setores com bons resultados foram o do complexo da soja, responsável pelo envio de 4,9 milhões de toneladas de produtos ao exterior, seguido pelo sucroalcooleiro que embarcou 3,3 milhões de toneladas de produtos como açúcar de cana e álcool para outros países.
Veloso destaca que o ano foi desafiador para o agronegócio. Ela cita que houve um aumento de 22% no valor médio pago pelos produtos de Minas no mercado internacional neste ano. O custo aproximado da tonelada foi de US$ 816, enquanto em 2020 os países pagaram cerca de US$ 669. Os principais parceiros comerciais de Minas, segundo a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), foram a China, Estado Unidos, Alemanha, Itália e Japão. Ao todo, conforme a pasta, o estado enviou produtos para 176 países.
EXPORTAÇÕES EM ALTA, MAS LUCRO EM BAIXA
Com os custos mais elevados de produção, quem está na ponta da cadeia produtiva deverá lucrar menor com a alta dos custos de produção. A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG) afirma que o estado enfrentou limitação na oferta de alguns defensivos agrícolas, com destaque para os herbicidas, que teve variação de até 500% entre 2020 e 2021.
Também houve problemas na aquisição de fertilizantes. A dificuldade se arrasta desde fevereiro de 2021 e os principais produtos em falta são o cloreto de potássio, KCI. mono amônio fosfato e nitrato. “Portanto, é previsível que teremos uma das safras mais caras já produzidas no Estado, trazendo a diminuição dos lucros dos produtores”, diz o órgão, em nota.
Para o subsecretário de Política e Economia Agropecuária da Seapa, João Ricardo Albanez, a situação deve se manter em 2022. “Em 2021 nós vendemos quase a mesma quantidade que 2020, mas a receita aumentou porque a maioria dos produtos tiveram incremento de preço. A tendência, em 2022, é de que as matérias primas sigam em patamar elevado. Não acredito em um aumento nos valores, mas pelo menos na manutenção em níveis altos”, opina.
Albanez reforça que, para manter os índices elevados de faturamento com exportações, o governo tem buscado parcerias com outros países, por meio das embaixadas. O valor bruto da produção agropecuária em Minas, em 2021, foi de R$ 120,06 milhões, segundo a Faemg. O valor corresponde ao montante de dinheiro obtido nas propriedades rurais com a produção.
AGRO NO BRASIL TAMBÉM BATE RECORDE
De acordo com a Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), entre janeiro e novembro de 2021, as exportações totalizaram valor recorde de US$ 110,7 bilhões, uma alta de 18,4% se comparado ao mesmo período de 2020. A soja em grãos lidera a lista de produtos exportados em novembro, com participação de 15,8% do total e receita de US$ 1,3 bilhão. O açúcar bruto foi o segundo item mais embarcado, com exportações no valor de US$ 802,9 milhões.
O principal parceiro comercial foi a China, com participação de 21,2% do total, seguida por União Europeia (15,9%), Estados Unidos (11,1%), Japão (2,9%) e Emirados Árabes Unidos (2,6%). Completam a lista Bangladesh (2,4%); Vietnã (2,3%); Índia (2,3%); Egito (2,3%) e Chile (2,0%).
Fonte: O Tempo