UNIFAL-MG obtém patente de material que é capaz de simplificar análises químicas.
Adriano Barbosa, um dos inventores do material patenteado, em trabalho no laboratório. (Crédito da imagem: Arquivo Pessoal)
No final de 2021, pesquisadores da área de Química da UNIFAL-MG conquistaram a concessão da patente de um material que permite simplificar a análise de compostos químicos, como analitos inorgânicos ou orgânicos, em amostras que possuem grande quantidade de interferentes como sangue, soro de sangue e leite.
O material é resultado do desenvolvimento de um sorvente sólido de Nanotubos de Carbono restrito à ligação com macromoléculas por meio de recobrimento com albumina (RACNT-BSA), realizado pelos inventores da UNIFAL-MG: Adriano Francisco Barbosa, químico do Instituto de Ciência e Tecnologia do campus Poços de Caldas; Pedro Orival Luccas, professor do Instituto de Química; Valéria Maria Pereira Barbosa, química do Instituto de Ciência e Tecnologia do campus Poços de Caldas, e Eduardo Costa de Figueiredo, professor da Faculdade de Ciências Farmacêuticas.
Esses Nanotubos de Carbono restritos a macromoléculas são adsorventes utilizados em análises químicas para separar os compostos de interesse, tais como metais e moléculas da amostra ou matriz. “Um exemplo abordado foi separar íons metálicos de cádmio de amostras de soro de sangue humano — rico em proteínas — sem a necessidade de destruir a amostra, conforme métodos oficiais”, exemplifica o inventor Adriano Barbosa.
Segundo o químico, a grande quantidade de proteína, lipídios entre outros compostos dessas amostras impedem a utilização direta de adsorventes simples como carvão ativo, sílica, entre outros na separação analítica. “Neste sentido, os RACNT-BSA podem ser utilizados em diversas análises químicas de forma a melhorar a velocidade das análises, diminuir custos com equipamentos de digestão ou separação de amostras”, afirma.
A pesquisa que levou ao desenvolvimento da invenção fez parte da tese de doutorado de Adriano Barbosa e da dissertação de mestrado de Valéria Barbosa, ambos servidores técnicos químicos da Universidade. Os experimentos foram conduzidos na UNIFAL-MG em Alfenas, com implementação do Programa PROQUALITAE na conclusão dos trabalhos.
“Mais uma vez, a UNIFAL-MG demonstra a eficiência e competência da pesquisa desenvolvida na Universidade”, salientou a equipe da Agência de Inovação e Empreendedorismo (I9) ao noticiar a obtenção da patente. “Nós, da Agência de Inovação e Empreendedorismo, por meio de sua diretora, professora Izabella Carneiro Bastos, parabenizamos a todos os inventores”, acrescentou a equipe, ao se colocar à disposição da comunidade acadêmica que deseja proteger a sua criação junto ao INPI.
Conforme informações da I9, o pedido de registro da patente “Nanotubo de carbono restrito a ligação com macromoléculas por meio de recobrimento com albumina (RACNT-BSA)”, de titularidade da UNIFAL-MG e FAPEMIG, foi protocolado junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) em janeiro de 2014. “O pedido de registro foi protocolado no INPI em 16/01/2014 e somente em 30/11/2021 houve o deferimento. Durante todo esse período, a Agência de Inovação e Empreendedorismo fez o acompanhamento, cumprindo tempestivamente as exigências publicadas, logrando êxito no processo para patenteabilidade. Agora será solicitado o pagamento para emissão da Carta Patente”, informou.
Ao comentar o significado dessa concessão de patente para o grupo de pesquisa, Adriano Barbosa enfatiza ser uma felicidade muito grande por ver o reconhecimento de todo o esforço, trabalho e dedicação. “O projeto era desafiador e, com muito trabalho e dedicação conseguimos criar um material com características únicas que pode abrir muitas oportunidades de desenvolvimento para o grupo”, comemorou.
Com a patente concedida, o próximo passo será a Agência de Inovação e Empreendedorismo buscar parcerias ou interessados em produzir e comercializar o material. Vale mencionar que a obtenção do material é simples e com custos de produção baixos e seu desempenho, em termos de seletividade e capacidade de eliminação de macromoléculas, é superior a sorventes comerciais, além de possuir uma longa vida útil (cerca de 300 extrações) com grande potencial de comercialização.
Pesquisadores que desenvolveram o material: Adriano Barbosa, Pedro Orival, Vanessa Barbosa e Eduardo Figueiredo. (Fotos: Arquivo Pessoal)