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Um balanço sobre a pandemia: o que se aprendeu do início até hoje

Redação5 de abril de 20227min0
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Mais de dois anos em que o mundo se viu diante da tragédia sanitária do coronavírus, virologista avalia o que fica de lição e diz que fim da doença não é certo

Em 7 de abril é lembrado o Dia Mundial da Saúde. E quando se fala em saúde, a pandemia é o assunto que está na ordem do dia. Não poderia mesmo ser diferente. Nesse tema, diversas discussões vão sendo desmembradas.

Vacinas, remédios e tratamentos, medidas de prevenção, as variantes, desinformação sobre a doença e, depois de dois anos do início da proliferação do coronavírus pelo mundo, também é hora de fazer um balanço. Ainda mais quando muito tem se falado que esse é um problema que parece estar perto do fim.

Dentre os exemplos de iniciativas nesse espectro de atuação, a Halo é um grupo de cientistas e profissionais da saúde de todo o mundo quem vem trabalhando para acabar com a pandemia.

O foco é tratar das preocupações e desinformação sobre as vacinas e outros conteúdos sobre a COVID-19, usando como principal ferramenta de disseminação de dados as redes sociais, inclusive em ações conjuntas com influenciadores, celebridades, e programas já conhecidos do público.

A Equipe Halo foi criada como parte do projeto Verificado das Nações Unidas (ONU) em parceria com a Purpose e Vaccine Confidence Project, na Escola de Higiene e Medicina Tropical da Universidade de Londres.

Quando se pensa nos últimos dois anos, época grave da pandemia de maneira geral, o virologista da Equipe Halo Rômulo Neris destaca alguns pontos que ficam como aprendizado. Primeiro, quando se pensa em saúde, o tempo é fundamental. “Diante de eventos atípicos, como uma pandemia, precisamos que as decisões adequadas sejam implementadas rapidamente”, diz.

No Brasil, discordâncias sobre medidas como o lockdown, por exemplo, dificultaram a tomada de decisão, diante de um jogo de empurra entre governo federal, estados e municípios. Outro entrave foi a demora na compra de vacinas, assunto central na CPI da COVID, cita o especialista.

“Nesse momento, cada dia em que se demora na implementação de uma decisão, maior o risco de morte de milhares de pessoas. No contexto da sociedade em geral, da responsabilidade de cada cidadão em adotar medidas eficientes, é preciso pensar no que se tem de evidências científicas, e o que fica de lição sobre isso”, argumenta Rômulo, reforçando que muitas dessas questões também têm cunho político.

Em dois anos, outro balanço é sobre a importância de se ter mecanismos eficazes de vigilância epidemiológica, a fim de monitorar a circulação do vírus, e não só o da COVID-19, mas para outras doenças, da mesma forma, pontua o virologista.

“Nos países onde essa estrutura é robusta, onde o padrão de testagem e sequenciamento é eficiente e se tem investimento em saúde e pesquisa, é possível, por exemplo, identificar variantes antes que comecem a gerar problemas mais graves”, pondera.

Sobre as fake news que rondaram as questões da pandemia desde o princípio, o especialista chama de informações de cultura popular ideias sobre formas de tratamento, como consumir limão ou alimentos alcalinos, adotar dietas alimentares naturais, por exemplo, para melhorar os sintomas.

Outra corrente de informações irresponsáveis foi o que se viu na atitude de muitos profissionais de saúde propagando tratamentos sem comprovação científica de eficiência, como o Kit COVID, de que se falou tanto, e por tanto tempo, gatilho para muita polêmica e desserviço à população.

“Sobre as vacinas, se falou em alterações no DNA, em letalidade a longo prazo, em chips implantados nos imunizantes, em muitos pontos o que pode se chamar de teorias conspiratórias. São movimentos que já existem há muito tempo, em muitos países, e atendem a interesses específicos, tentando desacreditar medidas validadas pelos processos de controle de pandemias. Uma guerra ideológica”, salienta Rômulo.

Ainda que a vacina seja considerada uma questão chave para o controle da COVID-19, o virologista critica a velocidade baixa como o que ocorreu no Brasil, que em seu histórico é um país que sempre implementou campanhas robustas de vacinação, para muitas doenças, ao longo do tempo.

Para a H1N1, Rômulo informa que foram 90 milhões de idosos vacinados em 3 meses, em 2009. Na década de 1980, para a poliomielite, 15 milhões de crianças foram vacinadas em um dia, ele lembra. “Agora, a campanha demorou muito para acelerar, o que é ainda mais grave se pensarmos que o Brasil foi um dos epicentros da pandemia no contexto global”.

Para Rômulo, não é possível cravar com certeza absoluta que a pandemia está acabando, mesmo porque o coronavírus ainda está em circulação. “Não há como prever o surgimento de novas variantes, por exemplo, se serão mais ou menos transmissíveis, se causarão quadros da doença mais ou menos graves. Mas sem dúvida é o momento mais próximo do fim”, ele argumenta, citando especialmente a adoção das já conhecidas medidas de prevenção à infecção, diante da colaboração de cada um.

Também não se pode deixar de considerar o papel das vacinas, ainda que diante das limitações nesse cenário. “Nenhuma vacina para a COVID-19 protege 100%. Mas podemos, sim, atribuir aos imunizantes a redução no número de casos e óbitos. As pessoas estão menos suscetíveis à infecção, e isso em parte se deve à vacinação”, conclui.

Fonte: EM

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