PIB do agronegócio de Minas Gerais é estimado em R$ 177,1 bilhões para 2021
A Fundação João Pinheiro (FJP) divulgou nesta quarta-feira (18/5), a primeira estimativa do PIB do agronegócio de Minas Gerais para 2021. O resultado de R$ 177,1 bilhões foi anunciado durante evento transmitido ao vivo, que também registrou análise da trajetória de crescimento do setor nos últimos anos.
Após permanecer no patamar dos R$ 110 bilhões no triênio 2016-2018, o PIB do agronegócio mineiro foi expandido para R$ 114,1 bilhões, em 2019, e R$ 150,0 bilhões em 2020. No ano passado, a variação de volume produzido foi de -2,8%, compensada pela variação de 21,5% no nível geral de preços de todo o complexo produtivo.
“O desempenho demonstra que o setor agropecuário mineiro está evoluindo cada vez mais, com o auxílio de novas tecnologias e atendendo a uma demanda crescente no mundo. A valorização das commodities agrícolas contribui para este resultado, assim como o aumento da produção. O resultado evidencia a importância e pujança do agronegócio, responsável por 22% do PIB estadual, para a economia de Minas Gerais”, avalia o secretário de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), Thales Fernandes.
Análise
Em 2019, o nível de preços agregado do agronegócio teve variação negativa (-1,8%) pelo terceiro ano consecutivo, mas, naquele ano, não compensou totalmente o crescimento real de 4,9% da produção. Em 2020, tanto a produção quanto os preços dos produtos primários evoluíram favoravelmente. Com isso, o núcleo do complexo produtivo do agronegócio de Minas Gerais – agricultura, pecuária e produção florestal – foi afetado positivamente pelo aumento do volume da oferta e dos preços das principais commodities agropecuárias.
Paralelamente, o aumento da demanda por produtos alimentícios no mercado mundial e o crescimento das exportações – de 15,2%, no período 2019/2020, e de 12,5% entre 2020 e 2021 – transbordaram para os segmentos locais da agroindústria e dos serviços correlatos no Brasil e em Minas Gerais.
Em 2021, praticamente não houve alteração no nível agregado de produção na agroindústria e nos serviços correlatos ao agronegócio mineiro, com variação de -0,3% no índice de volume. A trajetória de aumento dos preços, entretanto, acelerou de uma variação positiva de 7,4% em 2020 para 13,2% em 2021 (em relação ao ano anterior). O PIB do agronegócio mineiro manteve o ganho de participação na economia estadual obtido no ano anterior, o que confirma nova mudança de patamar, de aproximadamente 18% no biênio 2018-19 para cerca de 22% em 2020-21.
Vale ressaltar que, no ano passado, a mudança de patamar do volume de VAB na agropecuária não foi acompanhada por alteração correspondente no volume do PIB gerado na agroindústria e nos serviços correlatos. Em 2021, além do impulso regular relacionado à alta da produtividade no ciclo bianual do café arábica em anos pares, houve uma expansão atípica da escala de atuação da produção florestal. Esse episódio foi uma exceção, tendo em vista que os dados apresentados reforçam a forte integração entre os diversos elos do setor, especialmente se observada a trajetória do índice de volume acumulado ao longo do período 2015-2021.
Exportações
A agroindústria aumentou de US$ 3,1 para US$ 3,7 milhões o valor das exportações de 2020 para 2021. Já a agropecuária, de US$ 5,6 para US$ 6,7 milhões no mesmo período. No último ano, a participação do agronegócio nas exportações de Minas Gerais saltou de 27,8% para 33,2%.
Segundo a pesquisadora Maria Aparecida Sales, da FJP, esse crescimento foi influenciado por diversos fatores. “Podemos destacar a valorização das commodities, o aquecimento da demanda mundial, sobretudo de alimentos, a recuperação de importantes parceiros comerciais em 2021, como a China, Estados Unidos e alguns países da União Europeia, e a desvalorização do Real, que tornou as exportações mais baratas”, afirma.
Metodologia
“A cadeia produtiva do agronegócio que foi construída para fazer o cálculo do PIB de Minas Gerais leva em consideração tanto as relações intersetoriais, olhando para os fornecedores de insumos das atividades principais, que chamamos de núcleo – agricultura, pecuária e exploração florestal – quanto as atividades que vêm à jusante, ou seja, aquelas que vão elaborar esses produtos da atividade núcleo”, explica a pesquisadora da FJP Carla Aguilar.
“A montante, temos os defensivos, fertilizantes e adubos e ainda as máquinas e implementos agrícolas, que algumas metodologias não consideram. À jusante, temos a agroindústria, com os laticínios, têxtil, vestuário, calçados, papel e celulose e os serviços, que são comércio, transporte, informações financeiras e serviços prestados às empresas”, esclarece.
A publicação PIB do Agronegócio de Minas Gerais com Referência na Matriz Insumo-Produto 2016 e Série Anual no Período 2010-2019 traz a metodologia desenvolvida pela FJP e está disponível no site da Fundação João Pinheiro.
Os resultados do PIB do Agronegócio de Minas Gerais foram apresentados por pesquisadores da FJP e pelo professor convidado Ricardo Kureski, do Ipardes/PUC PR.
Com informações da Agência Minas