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Fome no Brasil quase dobra após dois anos de pandemia

Redação8 de junho de 20226min0
The poor old man's hands hold an empty bowl. The concept of hung
33,1 milhões de brasileiros não têm o que comer, 14 milhões a mais que no fim de 2020; 58% da população vive em algum grau de insegurança alimentar

Após dois anos de pandemia, o número de brasileiros sem ter o que comer quase dobrou no país. Atualmente, 33,1 milhões de pessoas convivem com a fome, 14 milhões a mais que no fim de 2020. É o que aponta o Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil, divulgado nesta quarta-feira (8/6).

O levantamento analisou dados entre novembro de 2021 e abril de 2022, a partir de entrevistas em 12.745 domicílios em áreas urbanas e rurais de 577 municípios. A Segurança Alimentar e a Insegurança Alimentar foram medidas pela Escala Brasileira de Insegurança Alimentar (Ebia).

Atualmente, os dados indicam o avanço preocupante da fome no país. Em contexto de pandemia, piora na crise econômica e com a falta de políticas públicas efetivas direcionadas, o número de domicílios com moradores passando fome saltou de 9% para 15,5%.

Insegurança alimentar

Mais da metade da população do país vive com algum grau de insegurança alimentar, o equivalente a 125,2 milhões de pessoas (58,7%). De acordo com a pesquisa, 15,5% vivem com insegurança alimentar grave; 15,2% com insegurança moderada e 28%, leve. Os números indicam um aumento de 7,2% com relação a 2020.

Conforme definição da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), a insegurança alimentar ocorre quando um indivíduo não tem acesso físico, econômico e social a alimentos básicos necessários. A fome representa sua forma mais grave.

“Ao olhar para a fome, é importante lembrar que cada número absoluto representa a vida de uma pessoa. E que mudanças em percentuais de insegurança alimentar — ainda que pareçam pequenas — significam milhões de pessoas convivendo cotidianamente com a fome”, descreve o Inquérito.

Retrato da fome no Brasil

Em média, considerando todas as regiões do país, 3 em cada 10 famílias relatam redução parcial ou severa no consumo de alimentos. No Norte e Nordeste, são 4 em cada 10 famílias; Centro-Oeste e Sudeste, 3 em cada 10, e Sul, 2 em cada 10.

As formas mais severas de insegurança alimentar (moderada ou grave) atingem fatias maiores da população nas regiões norte (45,2%) e nordeste (38,4%).

No campo, a insegurança alimentar está presente em mais de 60% das casas. Desses, 18,6% das famílias convivem com a fome – valor maior que a média nacional.

“Em 2021 e 2022, 125,2 milhões de brasileiros não tinham certeza se teriam o que comer no futuro próximo”

Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar

 

Nas casas em que a mulher é a pessoa de referência, a fome passou de 11,2% para 19,3%. Nos lares que têm homens como responsáveis, a fome passou de 7,0% para 11,9%

Em famílias com crianças menores de 10 anos, a fome dobrou, passando de 9,4% em 2020 para 18,1% em 2022. Na presença de três ou mais pessoas com até 18 anos de idade no grupo familiar, a fome atinge 25,7% dos lares.

Fome e a população negra

Mesmo quando os rendimentos mensais ficam acima de um salário mínimo por pessoa, a insegurança alimentar é maior nos domicílios onde a pessoa de referência se autodeclara preta ou parda, diz o estudo.

Cerca de 65% dos lares comandados por pessoas pretas e pardas convivem com restrição de alimentos. A fome, nas residências comandadas por pessoas de cor/raça preta ou parda saltou de 10,4% para 18,1%.

Retrocesso histórico

Entre 2004 e 2013, políticas públicas de erradicação da pobreza e da miséria reduziram a fome para menos da metade do índice inicial: de 9,5% para 4,2% dos lares brasileiros.

Em 2018, última estimativa nacional antes da pandemia da COVID-19, a insegurança alimentar já atingia 36,7% da população. Em comparação a 2022, o aumento chega a 60%.

Mesmo nos domicílios que recebem auxílio financeiro dos programas Bolsa Família e Auxílio Brasil, a fome é realidade para 32,7% das famílias que relatam recebimento dos benefícios e para 29,4% das que não recebem.

Por outro lado, em domicílios com pelo menos um morador aposentado pelo INSS, a fome tem indicativos menores (11,9%).

Fonte: EM

Redação


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