Varíola dos macacos: Amostras de MG passarão por 2 testes e análise diferenciada
As amostras de casos suspeitos em Minas Gerais da monkeypox, a varíola dos macacos, passará por dois testes na Fundação Ezequiel Dias (Funed), laboratório referência para a doença. Além do teste propriamente dito para a varíola, a fundação fará também uma “análise diferenciada”, que é uma pesquisa para avaliar outras possíveis doenças, como arbovírus (zika, dengue e chikungunya), sarampo e cultura para pesquisa de bactérias.
Atualmente, o Estado investiga um óbito suspeito da doença, que seria a primeira morte por monkeypox no mundo, além de um outro caso suspeito em que o paciente não faleceu.
Apesar de a Funed também ser referência e estar apta a receber amostras de estados do Norte e Nordeste, essas passarão apenas pela análise molecular.O prazo para os laboratórios da fundação liberarem o resultado do teste molecular é de um dia, desde que não haja necessidade de repetição, enquanto o resultado completo, que inclui a prova diferenciada, pode levar até três dias.
Em entrevista a O TEMPO, Marcos Vinícius Ferreira da Silva, farmacêutico do Serviço de Virologia e Riquetsiose (SVR) da Funed, diz que o procedimento é parecido com os testes de coronavírus. “Os municípios têm acesso ao sistema nacional, que funciona por módulos estaduais. O município cadastra a amostra, preenche um formulário do Ministério da Saúde de notificação do caso e encaminham cópia para a gente. Aí vem as amostras biológicas, mais o formulário, mais o cadastro do sistema. A amostra dá entrada na instituição, o serviço de gerenciamento faz a conferência primária e encaminha para o laboratório. É um procedimento parecido com o da Covid”, explicou.
Para a monkeypox, as análises moleculares são feitas, principalmente, por dois tipos de amostras. “O que chega pra gente para o diagnóstico é a crosta da lesão, já que essa varíola causa algumas lesões em forma de vesícula e a secreção das vesículas, esse é o material principal utilizado. Também recebemos soro que pode ser usado para diagnóstico diferencial, onde investigamos outra doença além da varíola dos macacos”, disse Marcos Vinícius da Silva.
Perguntado sobre a capacidade atual da Funed para essa análise, o farmacêutico diz que apesar da fase inicial de implantação, o laboratório possui insumos suficientes para a demanda espontânea e “o que chegar será processado”, inclusive dos outros Estados.
A doença
A Fundação Ezequiel Dias, que é o Laboratório Central de Saúde Pública de Minas Gerais (Lacen-MG/Funed), é referência para esse diagnóstico em 17 estados do Brasil, sendo que a primeira amostra de caso suspeito foi recebida em 2 de junho.
De acordo com informações do Ministério da Saúde, a Monkeypox é uma doença zoonótica viral e sua transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com animal ou humano infectado ou com material corporal humano contendo o vírus. Apesar do nome, os primatas não humanos não são reservatórios do vírus da varíola.
A doença é comumente encontrada na África Central e Ocidental, em locais de florestas tropicais, onde vivem animais que podem carregar o vírus, como macacos ou roedores – sendo esses o potencial reservatório. A transmissão se dá, principalmente por contato direto ou indireto com sangue, fluidos corporais, lesões de pele ou membranas mucosas de animais infectados. A transmissão entre humanos ocorre principalmente por meio de contato pessoal com secreções respiratórias, lesões de pele de pessoas infectadas ou objetos recentemente contaminados. No entanto, estudos indicam que esse meio de transmissão tende a ser baixo. A transmissão entre parceiros sexuais parece ser o modo provável de transmissão, e o risco é maior devido ao contato íntimo com lesões cutâneas infecciosas durante o sexo.
Fonte: O Tempo