Em um ano, MG tem aumento de 127% no número de registros de armas de fogo
Os registros de armas de fogo, em Minas Gerais, tiveram aumento de 127% em 2021. É o que apresenta o Anuário Brasileiro de Segurança Pública divulgado nesta terça-feira (28). No comparativo com todo o Brasil, Minas é o quarto Estado da federação com mais registros. A crescente de armas na população é visto com preocupação para especialista entrevistado por O TEMPO.
Segundo a publicação, Minas Gerais teve 25.679 registros no ano passado. O dado é 127% maior do que o de 2020, quando foram 11.312. Até 14 de março deste ano, Minas já tinha 5.615 novos registros. O dado corresponde a 21,8% do contabilizados nos 12 meses do ano passado.
O especialista em segurança pública Robson Sávio Reis afirma à reportagem que este aumento de armas está embasado na busca individual por mais segurança, além do discurso político do presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Há um discurso, que não tem nenhuma base de pesquisas, de que pessoas armadas são mais seguras. Os dados mostram que arma não é garantia de segurança, pelo contrário, é fator de vitimização”, diz.
Para Reis, mais acidentes podem acontecer com armas na sociedade civil. “Em qualquer estado democrático, a garantia de segurança pública não é com armamento provado. Isso que acompanhamos em Minas Gerais e em todo o Brasil só é bom para a indústria de armas. O Brasil é o segundo país com mais armamento individual. O lobby do armamento aqui no nosso país é bem utilizado justamente pela deficiência da segurança pública”.
Desde 2017, Minas passou a ter aumentos constantes nos registros de armas de fogo. Para Reis, o discurso de Bolsonaro ajuda a explicar os números. “O presidente capitaneia essa questão de armar a população com objetos políticos. Ele diz que para a liberdade é preciso que a população esteja armada. No Brasil, as teses armamentistas são para fins políticos”, destaca.
Veja os números dos últimos cinco anos:
- 2017 – 3.639
- 2018 – 4.734
- 2019 – 6.986
- 2020 – 11.312
- 2021 – 25.679
Mais armas significam, segundo o especialista, “problemas a curto e médio prazo”. “Do ponto de vista da segurança pública, não ajuda em nada. Pode aumentar o número de mortes por motivos fúteis, brigas de trânsito, além dos acidentes envolvendo armas. Sem contar eventos como os que acontecem nos Estados Unidos que pessoas desqualificadas matam aleatoriamente”, finaliza.
Fonte: O Tempo