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Mais de 40% das vítimas de roubo desenvolvem depressão e ansiedade, mostra pesquisa da Fiocruz

Redação4 de julho de 20225min0
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Duas a cada cinco vítimas de roubos, sobretudo à mão armada, podem desenvolver transtornos mentais, como depressão e ansiedade. É o que aponta um estudo feito por pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) Amazônia. 

De acordo com a pesquisa, cerca de 42% das pessoas desenvolveram sentimentos como medo, apreensão, angústia e preocupação imediatamente após a violência sofrida. Há ainda casos de quem manifestou transtornos mentais semanas, meses ou anos depois dos crimes.

Um dos autores do estudo, o epidemiologista Jesem Orellana, do Instituto Leônidas & Maria Deane, explica que a análise se baseia em uma pesquisa iniciada em 1982. Denominado de “coorte”, o levantamento observou cerca de 6 mil pessoas nascidas em Pelotas (RS) ao longo de 30 anos.

Segundo ele, não havia registro na literatura mundial mostrando como esse tipo de violência poderia impactar a saúde mental de jovens e adultos em diferentes momentos da vida.

“Através da análise desse estudo de coorte, pudemos confirmar uma suspeita que nós tínhamos. Apesar da naturalização do roubo por alguns profissionais, muitas pessoas ficam dias, meses e até anos sem interagir socialmente por medo de ser vítima novamente de roubo. Por isso, a necessidade de atenção a esse tema”, explica.

De acordo com Jesem Orellana, o estudo apontou que dentre as vítimas, as associações mais fortes com transtornos mentais foram encontradas naquelas com relato de roubo nos últimos 12 meses. “Nessas pessoas, a ocorrência simultânea de depressão e ansiedade foi 152%”, conta.

Segundo Orellana, os jovens de 18 anos vítimas de roubo têm tendência maior ao desenvolvimento de depressão e ansiedade, podendo se manifestar como um estresse pós-traumático logo após o crime.

Prevenção
Para o pesquisador, uma das possíveis explicações é justamente o aumento da violência em cidades mais populosas.

Pensando nisso, ele avalia que é necessário o desenvolvimento de políticas públicas de prevenção e de serviços de apoio às vítimas para mitigar consequências adversas à saúde, além de mais investimentos em estudos epidemiológicos que acompanhem populações ao longo da vida.

“É preciso reconhecer a importância da vitimização por roubo como uma realidade e, assim, aumentarmos a capacidade de atenção psicossocial dentro do sistema de saúde para esse público”.

Conforme o pesquisador, o ideal era a pessoa procurar ajuda, mas isso não ocorre em todos os casos. “Por isso, as autoridades precisam garantir maior acesso aos serviços especializados em atenção psicossocial, por exemplo”.

A investigação foi relatada em artigo científico e é assinada ainda por Joseph Murray e Bernardo Lessa Horta, do Programa de Pós-graduação em Epidemiologia da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e Natália Peixoto Lima e Ricardo Tavares Pinheiro, do Programa de Pós-graduação em Saúde e Comportamento da Universidade Católica de Pelotas (UCPel).

Fonte: Hoje em Dia

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