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Férias da inflação: preço de viagens sobe 30% e custo de vida dificulta passeios

Redação11 de julho de 20227min0
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Demanda está aquecida, segundo representantes do setor, mas algumas famílias acostumadas a viajar adaptam o roteiro ou desistem da viagem por aperto financeiro

Julho chegou e, com ele, as férias escolares e a alta temporada de viagens se aproximam. Nos últimos dois anos, os números elevados da pandemia nesse período impediram ou, no mínimo, dificultaram as viagens de férias em família. Agora, a demanda reprimida e as remarcações de viagens podem fazer o número de vendas de pacotes de viagens explodir até 100% acima do registrado em 2021, segundo a Associação Brasileira de Agências de Viagem (Abav).

Por outro lado, a constante escalada de preços nos supermercados, sacolões, do combustível e da mensalidade escolar eleva o custo de vida e obriga algumas famílias a escolher roteiros mais baratos ou mesmo a desistir completamente de viajar nas férias. Fora a inflação generalizada, só o preço médio das viagens aumentou cerca de 30%, em comparação ao de antes da pandemia, estima o braço mineiro da Abav-MG. “Mesmo assim, a procura está muito aquecida, mas houve uma migração do transporte aéreo, em função do preço das passagens, para o rodoviário”, pontua Alexandre Brandão, vice-presidente da entidade.

As passagens aéreas sofreram uma inflação de quase 89% em um ano, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com o novo reajuste do querosene de aviação pela Petrobras na última semana, elas podem ficar ainda mais caras. É uma elevação de preços que levou a gerente financeira Mônica Medeiros de Abreu, 45, a repensar seus planos para este ano.

Geralmente, ela viaja para a praia com o marido e a filha adolescente. Desta vez, teve que adaptar a viagem para não extrapolar o orçamento da família. “Sempre procuramos viajar para a praia, como bons mineiros. Pensamos em ir à Paraíba, mas, quando vi os preços, quase caí da cadeira. Então vamos passar frio e ir para Campos do Jordão, em São Paulo, de carro. Mesmo com o preço da gasolina, vai ficar mais barato. Em vez dos sete dias que costumamos viajar, vão ser quatro noites”, detalha ela.

A despeito da explosão de preços, em julho deste ano, a movimentação de viagens e passageiros no Aeroporto Internacional de Belo Horizonte deve superar o volume de 2019, antes da pandemia, de acordo com a BH Airport. O mês terá sete rotas extras diárias para destinos populares nas férias escolares, como Porto Seguro e Maceió. “Apesar de as pessoas estarem apertando seu orçamento, a viagem é, hoje, uma coisa que faz parte do orçamento delas. Não é uma coisa para todo mês, mas existe um planejamento e isso está ajudando a manter a liquidez do mercado”, pontua o vice-presidente de marketing e eventos da Abav nacional, Frederico Levy.

Sem viagem neste ano: custo de vida leva a desistência de passeios

Um hábito que pode ser considerado supérfluo é, para algumas pessoas, essencial. Aposentada por invalidez devido a um câncer, a gerente comercial e cabeleireira Kênia Silva, 47, tinha o hábito de viajar mais de uma vez por ano com a neta, e em 2021 conseguiu viajar em julho. Neste ano, porém, ela já não tem reservas financeiras para fazer um passeio.

“Me faz muita falta pelo lado emocional, porque eu sou paciente oncológica e vivo fazendo exames e dentro de hospital. Quando eu viajo, é uma oportunidade que tenho para ‘fugir’ dos meus problemas e isso faz muito bem para o meu tratamento, eu volto uma nova pessoa. Agora, está tudo caro e não estou mais conseguindo reservar dinheiro. Eu viajava sempre, mas neste mês não vai dar, ou eu ficaria endividada”, relata.

Dona de uma agência de viagens em Belo Horizonte, Taciana Vieira, 38, conta que alguns clientes estão impulsionados a viajar em julho mesmo com preços mais altos, após dois anos de pandemia mais rígida. Alguns clientes de longa data que costumavam viajar neste período, contudo, desistiram do passeio neste ano. “Vejo muito o quadro de famílias que pedem orçamento e, quando vão verificar as despesas, acham puxado e estão tentando se reprogramar para o final do ano ou buscando um hotel fazenda, alguma coisa aqui perto”, diz.

Destinos mineiros ganham protagonismo no aperto financeiro

Destinos mineiros, que podem ser visitados de carro ou ônibus, têm ganhado protagonismo, em meio à alta das passagens aéreas, destaca o vice-presidente da Abav-MG, Alexandre Brandão. Em 2021, Minas Gerais foi o segundo Estado mais procurado para viagens nacionais, atrás de São Paulo, segundo o IBGE.

O combustível continua mais caro do antes da crise sanitária e passeios em cidades históricas nos arredores de Belo Horizonte, como Tiradentes, também têm um custo elevado, mas ainda assim as viagens no próprio Estado podem ser uma alternativa mais econômica, diz Brandão. “Há tendência de busca por viagens a lugares abertos e pelo ecoturismo. Houve uma migração para o turismo rodoviário, e uma pessoa que antes ia para o Sul da Bahia, para Porto Seguro, hoje prefere viajar de carro”, pontua.

Por outro lado, o fretamento de viagens de ônibus continua a sofrer o baque do preço do diesel, que escalou 29,5% só neste ano, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A Associação das Empresas de Fretamento e Turismo do Estado de Minas Gerais (Amifret) perdeu mais de cem associados durante a crise sanitária.

Fonte: O Tempo

Redação


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