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A arte de terminar relacionamentos: Não é que a sociedade seja líquida mas… (por Larissa Azevedo)

Redação22 de julho de 20225min0
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Terminar um relacionamento é ter que decidir o que fazer com os domingos

Pensando no que escrever hoje voltei a mesma História de sempre, bem que eu poderia escrever sobre arte medieval ou culturas iniciais, eu poderia fazer isso, mas deixo essa Larissa para a universidade, a Larissa Universitária triste e sadomasoquista, nessa coluna eu me atenho não aos meus fracassos profissionais mas ao meu fracasso amoroso, que viva o que dói menos. Relacionamentos em si são um peso, e eu estou falando daquela amizade difícil de acabar, dos namoros incontáveis, encontros e séries assistidas, mas até pior do que todo trauma dos relacionamentos e o trauma do final de todos eles, ontem mesmo minha amiga, sentada em meu sofá roxo falava sobre o término do seu relacionamento com ares de saudade, eu como uma mulher culta e bem educada nascida na favela mas ascendendo socialmente por meio do conhecimento (contém ironia) dei o mais rebuscado conselho “ai amiga não se preocupa ele vai ficar careca” eu sei, eu sei, nada contra os carecas mas eu tinha que defender uma amiga poxa! que jogue a primeira pedra quem nunca foi politicamente incorreto para defender uma amiga, eu falo isso já que sinto que ela precisa de consolo, terminar relacionamentos, mesmo com futuros carecas, é muito difícil.

Terminar um relacionamento é ter que decidir o que fazer com os domingos, você se pega sozinho, com um final de semana inteiro vazio onde o sol incomoda e as horas não passam mesmo que você tende acelerar os minutos não olhando para o relógio ou olhando fixamente para o relógio, logo os velhos amigos tendem a voltar pra sua vida e existe aquele sentimento chato de “eu não te conheço mais, daria tudo para estar com ela” ou com ele. O foda é que a gente se sente o serzinho mais miserável do mundo e começa a fase do chorar, uma vez chorei tanto e aos berros que tenho vergonha de lembrar, mas o fato é que a gente chora, chora no banho, chora sozinho, chora no ônibus, chora pros amigos, pra família, pra desconhecidos e no meio de uma aula particular pra duas crianças de dez anos. Depois tem a casa vazia, o espírito de poeta, nem Drummond escreveu tanto como um sujeito de coração abalado e existem músicas tóxicas que você não consegue ouvir, uma menina me disse uma vez que terminar o relacionamento não influenciavam as músicas, mandei ela a merda. Então você demora muito tempo pra olhar nos olhos de alguém e segue desviando olhares na rua, desviando olhar no espelho já que sente raiva do ser patético que se tornou, então a tragédia começa, são folhas rasgadas, corte no corpo, roupa queimada e mais choro ainda. Imagine que você vá jogar os presentes fora e fica lá abraçado no lixo, sonhando no voltar dela, arrependida, te abraçando e falando que tu assim patético e sujo é seu amor da vida, então seus amigos( se não tiver amigos serve um programa de televisão, hoje em dia o twitter serbe) entram em ação, você se arruma, vai pra festas, encontra gente esquisita, usa drogas esquisitas e transa esquisito, tudo isso, torcendo para que isso nunca mais aconteça de novo e eu torço mesmo que não mas as estatísticas que inventei na minha cabeça apontam o contrário, um amigo meu disse que era melhor investir na vida profissional, ele pode estar certo ou não, por via das dúvidas, fico eu no meio termo.

por Larissa Azevedo

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