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Eu me demito: Total de pessoas que pediram conta sobe 140% em MG

Redação19 de agosto de 20224min0
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Movimento em território mineiro é maior que a média nacional; tendência ganhou força na pandemia e atrai quem sonha em empreender e ter mais autonomia

Natal, domingos, Carnavais: aos 29 anos, Gabrielle Martins perdeu a conta de quantas folgas e feriados deixou de aproveitar nos oito anos em que trabalhou como vendedora de roupas em shoppings de Belo Horizonte. A função tinha benefícios e direitos garantidos por lei, graças à carteira assinada. Mesmo assim, em dezembro de 2021, ela decidiu que era hora de mudar.

“Eu me sentia presa. Não conseguia curtir, descansar, viajar. Então, pedi demissão. Abri mão do contrato formal, mudei de área e hoje trabalho por conta própria como fotógrafa. Não digo que é fácil, mas estou muito mais feliz”, relata Gabrielle. Em Minas, o número de pessoas que decidiram dar tchau à segurança ofertada pela Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT) em meio à crise econômica cresce mais que a média nacional.

O Brasil registrou aumento de 123% nos pedidos de demissão entre janeiro e maio deste ano na comparação com o mesmo período de 2020. Já em Minas, a alta chega a 140%: 289.618 pessoas pediram conta nos cinco primeiros meses de 2022, ante 120.181 no mesmo intervalo de 2020. O levantamento é da empresa LCA Consultores, com base em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).

Tendência. O movimento segue na esteira do que, nos Estados Unidos, tem sido chamado de “Grande Pedido de Demissão”, uma onda de trabalhadores que decidiram abandonar o emprego em meio à pandemia de Covid-19.

Para o economista da LCA Consultores, Bruno Imaizumi, a tendência é global. “Quem teve o privilégio de trabalhar em casa mudou a relação com o trabalho. Muita gente começou a repensar o estilo de vida profissional e a prezar não só pelo salário”, diz.

Por isso, Bruno lembra que esse movimento se concentra entre trabalhadores com mais facilidade para fazer uma reserva financeira e que trabalham nas áreas em que o teletrabalho é possível. Ou seja, não é uma realidade simples para todos.

Atrás de outra vaga

Se durante a fase mais crítica da pandemia as pessoas aceitaram ocupações com salários menores, agora elas se veem em um cenário mais condizente com suas qualificações. Assim, há empregados que se demitem para assumir outra vaga em nova empresa, segundo Bruno Imaizumi, da LCA Consultores. Esse movimento é mais forte nas regiões Sul e Sudeste do país.

No início da pandemia, pedidos caíram 

Desde 2020, o percentual de pedidos de demissão entre o total de desligamentos é de pelo menos dois dígitos. No entanto, a realidade foi diferente no início da pandemia de Covid-19: em abril daquele ano, em meio às demissões em massa e às incertezas sobre a crise sanitária, o índice caiu para 9,5%. O recuo durou pouco, e a taxa voltou a subir logo em seguida, ainda conforme os dados do Ministério do Trabalho e da Previdência.

Fonte: O Tempo

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