Diagnósticos de câncer de mama em mulheres jovens mais que dobram
Cerca de 66.280 novos casos de câncer de mama foram estimados para este ano, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). O tipo é o que mais atinge as mulheres, especialmente aquelas com idade acima dos 50 anos. No entanto, isso tem mudado.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Mastologia (SBM), houve um aumento da incidência da doença entre mulheres mais jovens, antes dos 35 anos. Nos últimos dois anos, a ocorrência de casos nessa faixa etária representou 5% do total de registros. Antes, esse índice era de apenas 2%, ou seja, os números mais que dobraram.
Segundo a oncologista clínica Nara Andrade, existem várias explicações para esse crescimento. Uma delas é a maior exposição das pacientes a fatores de risco. “Mulheres que tem filhos mais tarde, obesidade e consumo de álcool são fatores relacionados ao câncer de mama, sem contar a hereditariedade”, explica a médica que faz parte do corpo clínico da Cetus Oncologia, clínica especializada em tratamentos oncológicos com unidades em Belo Horizonte, Betim e Contagem.
A oncologista aborda também uma causa pouco conhecida, mas que pode ocorrer: as mudanças genéticas hereditárias. “Quando descobrimos uma mutação celular capaz de provocar o desenvolvimento de um possível tumor, o acompanhamento é feito da melhor forma possível, exames são realizados com antecedência e, com isso, prováveis diagnósticos são feitos de forma mais rápida, o que auxilia no tratamento, por exemplo”, pontua.
A médica enfatiza, porém, que um dos maiores problemas existentes no aumento da doença em pacientes jovens é o fato de que o diagnóstico, nessas ocorrências, tende a ser tardio, por conta de a mamografia ser indicada, de forma geral, para aquelas com 40 anos de idade ou mais.
“Pacientes mais jovens, quando diagnosticados, normalmente estão em estágios avançados. Isso porque não se espera, por exemplo, que uma mulher de 29 anos tenha câncer de mama, mas pode acontecer. Um nódulo pode existir, mesmo que não seja palpável, e somente visto por meio de exames”, afirma a oncologista.
Ainda segundo Andrade, o nódulo nos seios não é o único sinal do câncer de mama. Ele pode aparecer nas axilas, já que o local é o primeiro capaz de apresentar os caroços, mesmo que em tamanhos pequenos.
Contudo, os sinais em mulheres mais jovens são mais difíceis de serem notados. Isso se deve à alguns fatores como os ciclos menstruais, que modificam o tamanho e as sensações na mama. “Em mulheres mais jovens as mamas são mais endurecidas e densas, então até mesmo a mamografia pode ser mais dificultada e normalmente acompanhada do ultrassom para que se tenha mais assertividade na confirmação. Além disso, os tumores em mulheres com menos de 35 anos costumam ser mais silenciosos. Por isso é importante ter atenção e, ao sinal de pequenas alterações, já procurar um médico”, orienta.
Diagnóstico precoce é a chave da cura do câncer de mama
Além de manter uma vida saudável, com a prática de exercícios físicos e alimentação balanceada, a ginecologista do Hospital Semper, Ana inês Coura, afirma que o melhor caminho para a mulher se prevenir do câncer de mama, é estar sempre atenta aos sinais do corpo. “Alterações na mama, vermelhidões e nódulos devem ser analisados com cuidado. Qualquer um destes indícios demandam ajuda de um especialista o mais rápido possível”.
Ainda segundo Ana, nas situações em que a doença é diagnosticada em mulheres jovens, outras integrantes próximas da família, como mãe e irmãs, devem se atentar para quaisquer sinais, já que o fator genético, como citado pela oncologista Nara Andrade, também é um risco para o surgimento da neoplasia.
“O autocuidado é muito importante, afinal estamos falando de um tipo de câncer que tem mais de 90% de chances de cura quando diagnosticado em estágio precoce. Logo, a mulher não deve, jamais, ter vergonha de seu próprio corpo, mas sim conhecê-lo para que diante de qualquer anormalidade não hesite em buscar ajuda. Por isso, vale se tocar em momentos corriqueiros do dia a dia, como no banho, nas trocas de roupa, ao acordar. Esses hábitos simples são extremamente preciosos para salvar vidas”, ressalta a médica.
Mamografia é uma aliada
O Ministério da Saúde recomenda que mulheres de 50 aos 69 anos façam a mamografia uma vez a cada dois anos para rastreamento do câncer de mama. “Após a menopausa, este exame se torna grande aliada não só das mulheres como da comunidade médica no combate à neoplasia”, reforça Ana Inês Coura.
Já no dia do exame, é importante que a mulher não use nenhum tipo de cosmético como desodorantes e cremes nas mamas e axilas. Além disso, é indicado que a mamografia seja feita entre o 5º e o 10º dia após a data de início da última menstruação.
Fonte: O Tempo