Paxlovid: primeiro remédio contra a Covid só deve chegar às farmácias em 2023
O Paxlovid, primeiro medicamento para tratamento da Covid-19 autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), só deve chegar ao Brasil em 2023. É o que preveem lideranças do setor das drogarias consultadas pela reportagem de O TEMPO. Oficialmente, a Pfizer, fabricante do fármaco, garante que já trabalha para trazer o produto ao Brasil desde que a Anvisa autorizou a venda nas farmácias e o uso nos hospitais privados, o que aconteceu nessa segunda-feira (21).
“A gente tem uma expectativa muito grande de receber esse medicamento. Mas, tem que ver realmente qual o preço será praticado aqui e a disponibilidade dele. Estamos ansiosos porque a demanda vai existir, mas não temos ainda a novidade de quando ele vai chegar. Leva um tempo até pela logística. Difícil que seja ainda neste ano”, afirma Rony Anderson Rezende, vice-presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos de Minas Gerais (Sincofarma-MG).
Uma das principais redes de drogarias de Minas Gerais, a Droga Raia dá previsão semelhante. “De acordo com informações da Anvisa e do fabricante, a prioridade de abastecimento do medicamento será dada ao SUS. A Droga Raia e a Drogasil têm a expectativa de ter o produto disponível para venda ao consumidor somente no início de 2023”, informou a empresa em nota.
A doutora em direito constitucional, com especialização na área da saúde, Mérces Nunes afirma que a demora para chegar na rede particular acontece até pela prioridade ser do setor público neste primeiro momento. “A prioridade do fornecimento ainda é para os SUS. Então, talvez, a gente tenha um tempinho até que este medicamento chegue de verdade para comercialização particular. Quando chegar, estamos falando das grandes redes de drogarias. Não será para farmácia de bairro”, diz.
A decisão da Anvisa permite a comercialização do Paxlovid na rede privada com rotulagem e bula em português de Portugal e em espanhol. Os diretores também aprovaram a ampliação da validade do medicamento de 12 meses para 18 meses.
A venda em farmácias deve ser feita sob prescrição médica, com dispensação e orientação pelo farmacêutico ao paciente sobre o uso correto do medicamento. A autorização da Anvisa prevê ainda que o fabricante deve manter e priorizar o abastecimento para o programa do SUS, como explicado pela advogada ouvida pela reportagem.
Também procurado pela reportagem, o Grupo DPSP, responsável pelas drogarias Pacheco e São Paulo, informou “que está em tratativas com a Pfizer para aquisição e comercialização do Paxlovid. A companhia aguarda os trâmites do laboratório para início da comercialização do medicamento”.
Como funciona o Paxlovid?
O Paxlovid é um antiviral. Ele deve ser dado ao paciente nos primeiros três dias de infecção pelo novo coronavírus. Estudos clínicos concluíram que o remédio reduz em 89% o risco de morte ou internação quando prescrito nos três primeiros dias de doença. Nos cinco primeiros dias, esse percentual cai para 88%.
O remédio pode ser ministrado em pacientes de alto risco e maiores de 12 anos, segundo a Pfizer. O Paxlovid é consumido via oral em conjunto com outro medicamento, o Ritonavir. “É uma medicação que nós chamamos de terapia precoce para evitar casos graves, que tem bons resultados. Ele deve ser dado para os pacientes bem nos primeiros dias de sintomas para que impeça a evolução do paciente para as formas críticas. Então, o paciente que toma rapidamente tem muito menos chances de ter doenças graves. Agora, isso vai ser recomendado só para aqueles grupos de alto risco, que são os idosos e os imunossuprimidos. Para outros (pacientes), parece que não tem maiores vantagens”, diz o infectologista Estevão Urbano.
Apesar da aprovação da Anvisa, Urbano faz apelos para que a população não deixe de usar máscara e higienizar as mãos, além de manter a vacinação em dia. “Não influi nada na vacinação. A vacinação é tão recomendada quanto antes e já protege mais contra formas graves (da Covid). Esse remédio vem apenas para ser uma ferramenta extra para aqueles indivíduos que a vacina não segura 100%, como os idosos e imunossuprimidos”, afirma.
Fonte: O Tempo