Infecção por COVID pode desencadear doenças autoimunes
A relação entre defeitos congênitos da imunidade e a infecção, autoinflamação e autoimunidade, continuam representando um desafio clínico frequente para pacientes e médicos. A infecção por SARS-CoV-2 é um exemplo dramático dessa complexa conexão.
De acordo com p médico Javier Carbajal, imunologista, consultor em imunologia e alergia de crianças e adultos na rede de Hospitais São Camilo, diretor da Clínica de Alergia e Imunologia – Dr. Javier Carbajal e membro da Sociedade Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI), pacientes com problemas de imunidade (imunodeficiências primárias) têm um risco maior de desenvolver uma doença autoimune e doenças inflamatórias, muitas vezes, associadas às infecções. Principalmente, devido à desregulação basal do seu sistema imunológico.
As diferentes manifestações inflamatórias e autoimunes podem complicar a infecção por SARS-CoV-2 (COVID). Seja durante o processo da doença, semanas ou até meses após a sua ocorrência. Como também em casos que se julgaram assintomáticos, ao menos inicialmente no processo da infecção. A infecção pode desencadear doenças autoimunes, como também podem induzir surtos ou recaídas destas doenças por meio de diferentes mecanismos imunológicos.
Efeito gatilho
Sabe-se que evidências acumulativas implicam em que o SARS-CoV-2 tem a capacidade de atuar como um efeito de gatilho, possivelmente pré-existentes, de defeitos congênitos da imunidade, induzindo a hiperestimulação do sistema imune e, levando à hiperinflamação e ou síntese de múltiplos autoanticorpos. Em decorrência disso, desencadeando a doença autoimune ou auto inflamatória.
“Várias doenças já foram descritas durante ou após a infecção pelo SARS-Cov-2. Entre elas estão as Síndromes de Guillain-Barré, Miller Fisher e de Taquicardia Pós-ortostática. Também foram descritas Polineurite Cranial, Anemia Hemolítica Autoimune, Púrpura Trombocitopênica Imune, Doença de Graves, Lúpus Eritematoso Sistêmico, Síndrome Antifosfolípide, artrite viral, artrite reumatoide, psoríase e polimiosite, além da detecção de diferentes autoanticorpos como, por exemplo, anticorpos antinucleares, anticorpos antifosfolipídeos etc, e muito outras deverão surgir. Por isso, é tão importante estar com a carteira de vacinação em dia”, destaca Carbajal.
Fonte: Portal UAI