Minas Gerais teve quase 5 mil casos de hanseníase nos últimos anos
Quando se fala em hanseníase, muitas pessoas ainda relacionam à imagem da ‘lepra’, quando a doença ocasionava mutilações severas nos pacientes. De fato, a hanseníase é a infecção mais antiga que conhecemos, e estigmas são difíceis de corrigir, mas hoje a doença tem cura e tratamento acessível. Por isso, a notificação de casos tem diminuído, mas, mesmo assim, é notável. De acordo com os últimos dados da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, o Estado registrou 4.856 novos casos de hanseníase entre 2017 a 2021.
“O mais importante a se ressaltar sobre esse assunto é conscientizar a população a extirpar os estigmas que ainda existem relacionados à doença”, ressalta o infectologista do Hospital Semper, Leandro Curi. Segundo ele, as mutilações que aconteciam com a lepra eram lesões crônicas, em uma época em que ainda não existiam antibióticos. “Com isso, criou-se um estigma em torno da doença, que nada tem a ver com a hanseníase atual”, explica.
O próximo domingo (29) é o Dia Nacional de Combate e Prevenção da Hanseníase. Conheça nesta reportagem mais sobre a doença.
Como é transmitida?
A hanseníase é transmitida por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae. O contágio, conforme aponta o infectologista Curi, ocorre por meio de um contato próximo, íntimo e prolongado, com alguém infectado.
Por isso, locais onde há grande concentração de pessoas, como domicílios onde moram muitas pessoas e até mesmo presídios, podem oferecer mais riscos. “A forma como se dá a transmissão da hanseníase vem sendo questionada há muitos anos. Os estudos mais aceitos é que, assim como outras microbactérias, a contaminação ocorre por meio de gotículas liberadas no espirro e tosse por pessoas doentes, ou seja, pelas vias aéreas”.
Quais os sintomas?
A hanseníase tem sintomas muito variados, dependendo de como o organismo reage à infecção. “O paciente pode ter pequenas manchas na pele de diversos tipos: avermelhadas, marrons, esbranquiçadas, além daquelas que afetam a sensibilidade, e também alterações táteis. Geralmente não há sensibilidade para dor no local”, explica Curi.
Também podem aparecer caroços no corpo, dolorosos e inflamados, dores articulares, inchaço nas mãos e pés. Nos olhos, queixas de ressecamento ocular são frequentes. “Há também os sintomas neurais, como sensação de ‘formigamento’ em braços e pernas”, completa.
Lembrando que os sintomas não são imediatos, há um intervalo entre a contaminação e a manifestação dos primeiros sintomas – conhecido como período de incubação. Pode ser de algumas semanas há vários anos. Em alguns casos, é superior a até mesmo uma década. “Isso porque a bactéria se replica muito lentamente”, enfatiza Curi.
Como é o diagnóstico?
Para diagnosticar a hanseníase, o infectologista afirma que o método mais comum é a biópsia das lesões epiteliais. Novos testes moleculares (como o PCR, que ficou conhecido durante a pandemia da covid-19) também vêm ganhando espaço nos novos diagnósticos.
Tratamento de hanseníase
Uma vez confirmada a enfermidade, o tratamento é feito com antibióticos, que dependendo da classificação da hanseníase, poderá estender-se por seis a 12 meses.
É possível se prevenir da doença?
O infectologista Curi reforça que é importante não negligenciar os riscos da enfermidade e procurar um especialista em caso de lesões duradouras na pele. A cura da hanseníase está muito ligada ao diagnóstico precoce para que o paciente fique sem sequelas. “Por outro lado, quando não tratada, pode evoluir para quadros mais graves, com perda de sensibilidade e deformidade locais, além de aumento da lesão”, alerta.
Fonte: Estado de Minas