20 de abril: meu filho não quer ir para a escola, e agora?
Pais têm relatado apreensão de seus filhos sobre ir à escola nesta quinta-feira (20). Isso porque o 20 de abril foi apontado como uma data de atenção para autoridades, por ser dia do massacre de Columbine e aniversário de Hitler. Ela também estava presente em uma mensagem ameaçadora escrita na parede de uma escola de BH por um aluno (que já foi identificado pela polícia).
Segundo a PM, a segurança será reforçada nesta quinta, com visita dos policiais a todas as escolas de Minas Gerais. Os estados e instituições de ensino também têm se debruçado sobre a questão e têm desenvolvido estratégias para reforçar a segurança.
Ainda assim, crianças com idade para já ter informações sobre os últimos acontecimentos e adolescentes podem apresentar medo ou insegurança, com os quais os pais precisam saber lidar. Segundo especialistas, o mais importante é ter uma postura acolhedora e validar os sentimentos.
“Mais importante do que a decisão de ir ou não à escola é saber por que o filho ou filha está se sentindo assim”, explica a psiquiatra da infância e adolescência, Jaqueline Bifano. “Ele está com medo, ansioso por causa dos colegas? Qual é o real sentimento por trás?”
A psicóloga e mestre em psicologia Paula Paim Lana lembra que adultos podem achar que a reação do filho está exagerada, o que não necessariamente é o caso. “Às vezes, no mundo interno dela, é uma reação proporcional, sim. Ela pode ter tido acesso a uma fake news aterrorizante, a uma informação do mundo adulto, como notícias ou uma conversa entre os pais”, explica.
Paula sugere que os adultos estejam abertos a conversar, mas sem antecipar informações às quais talvez os filhos ainda não tenham tido acesso. “A linguagem e a maturidade são diferentes. O adulto, em muitos casos, fica explicando em detalhes, o que pode ser muito pesado para o filho”, diz. Por isso, ela dá a dica de que o responsável se coloque disponível para responder perguntas, para evitar criar novas preocupações.
Jaqueline Bifano ressalta também a importância de os pais reassegurarem os filhos, explicando que a escola é um ambiente seguro. “É uma segunda casa, onde professores, diretores e coordenadores estão para promover essa segurança.”
Caso a criança ou adolescente esteja muito insegura, as especialistas afirmam que não é interessante insistir na ida à escola nesse dia específico. “É válido não ir nesse dia, se for o caso”, afirma Jaqueline. Contudo, caso o filho continue tendo esse tipo de pensamento ou sentimento em relação à escola depois disso, a psiquiatra afirma que é importante buscar ajuda de um profissional para ajudar a lidar com essa questão.
Acolhimento da raiva
Paula Paim ressalta que é muito comentada a importância de acolhimento do medo e da ansiedade, mas pouco abordada a necessidade de espaço de diálogo para crianças e adolescentes falarem da raiva.
“A raiva, o ódio, esses são sentimentos humanos e que todos sentem. As pessoas precisam pensar também em como acolher a agressividade e como direcionar esse sentimento”, explica.
Fonte: Itatiaia