‘Novos’ leites? Veja se você conhece todos os tipos
Até pouco tempo, o leite era “só o leite”: o líquido nutritivo de cor branca produzido pelas fêmeas dos mamíferos. Mas a tecnologia, a necessidade de atender nichos de mercado; as exigências ambientais e outras, possibilitaram a oferta de vários tipos de leite, com diferentes processamentos, envases, classificações e novidades como o Leite A2A2, o orgânico e a promessa da produção em laboratório que ainda não chegou no Brasil, mas já existe em outros países. Qual é o seu preferido? Saiba a diferença entre eles neste 1º de junho, o Dia Mundial do Leite.
Leite Orgânico
É o leite proveniente de vacas alimentadas somente de pastos orgânicos (sem adubos químicos ou agrotóxicos), com controle biológico das pragas e tratadas com homeopatia e fitoterapia. As normas foram estabelecidas pela regulamentação da produção orgânica e devem ser cumpridas à risca por um período pré-determinado, de acordo com a legislação vigente.
No Brasil, esse mercado tem crescido bastante nos últimos anos, acompanhando uma preocupação mundial em relação a questões ambientais, de sustentabilidade e de qualidade dos produtos.
Leite Longa Vida
Pra ele existir, a tecnologia teve que avançar muito. Na verdade, o tempo de duração do leite sempre foi um problema para a humanidade. A pasteurização ajudou a mudar isso. Basicamente, pasteurizar é ferver em altas temperaturas, eliminando os micróbios que provocam doenças. Mas cem anos depois, surgiu um processo ainda melhor, a ultrapasteurização que, além de eliminar os micróbios, não exige que o leite seja refrigerado. Apenas que fique dentro de uma caixinha à temperatura ambiente. Assim, surgiu o leite Longa Vida, que pode ser consumido meses depois de ter saído das tetas da vaca, desde que a embalagem não tenha sido violada. Depois de aberto, deve ser consumido em até três dias.
Leite Zero Lactose
A lactose é um açúcar natural presente no leite. Algumas pessoas não conseguem digerir esse componente, sofrendo muito com desconfortos abdominais. O leite Zero Lactose passa por um processo para que esse açúcar seja eliminado
Leite Carbono Neutro
O gado se alimenta tanto de ração, quanto de pasto. E o sistema digestivo, das vacas, claro, elimina gases que pioram o chamado ‘efeito estufa’. E, ao contrário do que a maioria das pessoas acredita, o problema não é o pum das vacas e sim o arroto. Mas existem alternativas na alimentação que geram menos gases. Mais grãos e menos capim é uma dieta que produz menos metano. Outra alternativa é colocar aditivo na comida das vacas que diminuem a emissão dos gases. Mesmo assim, não dá pra zerar a conta. Por isso, é preciso compensar plantando árvores que absorvem C02 da atmosfera. Emite-se de um lado e um sequestra-se de outro para neutralizar as emissões. Então um leite “carbono neutro” é um produto que adota esse sistema, não interferindo nas mudanças climáticas. Mas, para receber a chancela, é preciso comprovar por meio de certificações.
Leite Vegetal
É o leite produzido a partir de castanhas, frutos, raízes, grãos ou farelos, sendo o leite de soja o mais comum. Ele já é consumido em diversas culturas há séculos, como na China, onde o consumo de soja e derivados (como o tofu) é bem expressivo. Embora, os laticínios tradicionais torçam o nariz para a denominação ‘leite’ para esses produtos, o dicionário aceita. E não há por que brigar, afinal tem espaço para todos os tipos de consumidor.
Leite A2A2
Esse leite contém beta-caseína do tipo A2A2, uma proteína que melhora sua digestibilidade. O pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Marcos Vinícius Barbosa, conta que, há cerca de dez mil anos, todos os bovinos produziam somente leite A2A2, mas o gene da beta caseína sofreu uma mutação dando origem ao alelo A1, ou seja, uma variação do mesmo gene. A partir de então, o gado com os alelos A1A1 ou A1A2 só produzem leite A1. “Descobriu-se, então, que no momento em que o ser humano ingere o leite A1, produz um peptídeo chamado beta-casomorfina7 (BCM-7) que causa alergia nos indivíduos que já têm essa pré-disposição, produzindo sintomas como diarreias, tosse, refluxo, erupções e coceiras. O alelo A2, no entanto, não desencadeia a formação desse peptídeo, portanto, tem uma melhor digestibilidade,” explica o pesquisador.
Leite Animal produzido em Laboratório
Esse é um produto que ainda está em teste, assim como as carnes de laboratório. O pesquisador Samuel Oliveira, também da Embrapa Gado de Leite, diz que a experiência é válida, mas que o custo não, necessariamente, será menor que o custo de produção das fazendas. “Isso é uma barreira para a expansão desse mercado que pode estar segregado apenas para as pessoas com maior poder aquisitivo”, comentou.
Uma startup israelense, a Remilk, produz leite, queijo e outros produtos derivados em laboratório usando um processo chamado fermentação microbiana. As proteínas do leite são reproduzidas em um tanque para fabricar laticínios de verdade. A empresa diz que seu produto é seguro, saudável e idêntico ao leite convencional, sem a necessidade de uma única vaca.
Fonte: Itatiaia