Inteligência artificial substitui empregos, mas também cria novas oportunidades
O avanço da inteligência artificial (IA) nas empresas está reduzindo gastos e permitindo que muitas tarefas antes realizadas somente por seres humanos sejam feitas por robôs. É o caso, por exemplo, do atendimento automatizado por chats em bancos e companhias de telefonia e internet. Hoje é muito mais fácil resolver um problema no aplicativo de uma dessas empresas, em vez de esperar por horas pelo atendimento na central de telemarketing, que aos poucos vai perdendo espaço.
Mas ao mesmo tempo que a substituição dos funcionários por ferramentas de IA causa inovação e economia para as empresas, ela também provoca desemprego e uma necessidade de qualificação maior das pessoas. E os mais jovens são os mais impactados com esse processo.
Segundo o Fórum Econômico Mundial, 65% dos alunos que estão no ensino médio atualmente vão trabalhar em empregos que ainda não existem. E esta situação levanta uma dúvida no mundo inteiro: como escolas e universidades podem preparar os estudantes para um futuro tão incerto?
“As escolas vão ter que trabalhar muito com inovação e desenvolvimento humano. Capacitar os alunos além do que a escola convencional sugere. Mas ‘inovação’ é a palavra que precisa percorrer dentro das escolas hoje em dia”, afirma Neiva Coelho Maróstica, professora de MBAs da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
As habilidades comportamentais dos alunos também estão ganhando cada vez mais valor. Algumas das melhores escolas do mundo decidiram trabalhar melhor na formação da consciência do estudante em vez de focar apenas na inteligência ou em fórmulas e respostas prontas.
“As habilidades do futuro não serão as habilidades técnicas e sim as habilidades comportamentais. Pois com a inteligência artificial, os robôs poderão desenvolver qualquer habilidade técnica, mas não tão cedo poderão desenvolver essas habilidades comportamentais”, argumentou a Head de Educação no LinkedIn Brasil, Michelle Schneider, durante uma apresentação no Ted Brasil, canal do Youtube de palestras rápidas.
Nova revolução industrial
O processo de substituição de humanos por máquinas não é nenhuma novidade no mundo. A partir do ano de 1760, na segunda metade do século 18, ocorreu a Revolução Industrial, período de grande desenvolvimento tecnológico que começou na Inglaterra, com a automatização das linhas de montagem, acabando com empregos de baixa qualificação.
Mas na época, muitos outros novos postos de trabalho também foram criados dentro da indústria, um processo que deve se repetir neste novo momento de modernização.
“Milhões de empregos vão desaparecer com a inteligência artificial, mas vários outros vão surgir ligados à tecnologia. Do mesmo jeito que 10 anos atrás, ninguém sabia que iriam existir motoristas de aplicativos, youtubers, desenvolvedor de aplicativo e gamers”, explica Michelle Schneider.
O Fórum Econômico Mundial espera que 23% dos empregos mudem até 2027, com 69 milhões de novos postos de trabalho sendo criados e 83 milhões eliminados. E ele divulgou uma lista com as principais profissões emergentes no mundo:
- Especialistas em Inteligência Artificial (IA) e Machine Learning
- Especialistas em sustentabilidade
- Analistas de business intelligence (BI)
- Analistas de segurança da informação
- Engenheiro de fintech
- Analistas e cientistas de dados
- Engenheiros robóticos
- Especialistas em Big Data
- Operadores de equipamentos agrícolas
- Especialistas em transformação digital
Segundo o Fórum Econômico Mundial, as 10 habilidades mais importantes para o profissional do futuro serão comportamentais e não técnicas:
- Resolução de problemas complexos
- Pensamento crítico
- Criatividade
- Liderança e gestão de pessoas
- Trabalho em equipe
- Inteligência emocional
- Julgamento e tomada de decisões
- Orientação e serviços
- Negociação
- Flexibilidade cognitiva
Fonte: O Tempo