Tempo seco e incêndios ameaçam áreas rurais e florestais no estado
Por causa da estiagem e do ar mais seco, de julho a outubro, aumenta a preocupação com os riscos de incêndio no campo e em áreas de floresta. O governo do Estado informa que vem desenvolvendo uma série de ações de prevenção, estratégias e capacitações em parceria com a população e órgãos públicos com o objetivo de minimizar os efeitos do fogo. De acordo com o Instituto Estadual de Florestas (IEF), 97% das ocorrências relacionadas a fogo no campo, nessa época do ano, são causadas por ações humanas de negligência, imprudência ou imperícia ao utilizar o fogo, seja para a limpeza do pasto e renovação da lavoura, para queima de folhas, lotes vagos ou até mesmo a utilização de fogos de artifício. “Nesse período do ano, as causas naturais de incêndio (descargas elétricas, por exemplo) são, praticamente, descartadas devido à baixa incidência de nuvens”, explica o tenente Leonan, do Pelotão Anti-Incêndios.
Entre as medidas de prevenção do governo do Estado, esse ano, um dos destaques é o lançamento do programa “Minas Contra o Fogo”, em parceria com 40 municípios do estado para a prevenção e combate a incêndios em áreas públicas e privadas, além de orientação às prefeituras para decretação de emergência, em caso de necessidade.
O Instituto Estadual de Florestas (IEF) é o órgão responsável pela prevenção e combate a incêndios florestais. “Além da aquisição de equipamentos e de proteção individual, há campanhas e realização de cursos de capacitação para preparação de gestores, funcionários e voluntários das unidades para lidar com os incêndios”, disse o gerente de Prevenção e Combate a Incêndios Florestais do IEF, Rodrigo Bueno Belo.
Ele destaca que os incêndios de origem antrópica, ou seja, provocados pela ação humana, concentrados nos meses de agosto a outubro, são responsáveis por significativas emissões de monóxido de carbono na atmosfera, causando impactos na captação de água, empobrecimento de solo e redução das espécies e exemplares de fauna e flora, além de gerar enormes prejuízos ambientais e materiais.
Brigadistas
O Previncêndio é responsável por capacitações voltadas aos brigadistas profissionais, além de voluntários, que podem se apresentar à unidade de conservação de seu interesse. Também contrata brigadistas que ficam à disposição nas unidades onde o fogo exige reforço de efetivo.
Em 2023, foram disponibilizadas 280 vagas para brigadistas que, além do efetivo combate aos incêndios florestais nas áreas de preservação do estado, também realizam ações de sensibilização e orientação junto a produtores rurais, frequentadores e moradores das zonas rurais, informando sobre os efeitos adversos provocados pelos incêndios e alternativas ao uso do fogo na produção agrícola.
“Essas atividades de sensibilização são realizadas durante o ano todo pelas equipes das unidades de conservação”, afirma Rodrigo Belo.
Os brigadistas contratados também são responsáveis pela execução de rondas preventivas, apoio na execução de queimas prescritas, abertura e manutenção de aceiros, que são faixas de terra nas quais a vegetação é retirada de forma a evitar que os incêndios se propaguem.
Capacitação
Exemplo recente de capacitação realizada pelo IEF aconteceu no Parque Estadual do Rio Preto, em São Gonçalo do Rio Preto. Os participantes foram preparados para a disseminação de conhecimento e de experiência e alinharam conhecimentos técnicos e metodológicos.
Municípios
Outro esforço recente do Governo Estado é o programa “Minas Contra o Fogo”. A iniciativa, desenvolvida em parceria com 40 municípios do estado, capacita brigadistas, auxiliando na elaboração e execução de planos de contingência, além de orientar as prefeituras para decretação de emergência, em caso de necessidade.
Promovido pelo IEF, o Minas Contra o Fogo integra os municípios mineiros que apresentaram, entre 2013 e 2021, focos de incêndios em Unidades de Conservação estaduais dentro de seus limites territoriais.
O estado registrou, nesse período, média anual de 747 ocorrências nas áreas de proteção administradas pelo IEF. Segundo estimativa do órgão, cerca de 97% das queimadas são decorrentes de ação humana.
Os 40 municípios aptos a aderir ao programa recebem Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) doados pelo IEF como vestimentas, capacetes, luvas, óculos e coturnos, além de instrumentos de combate ao fogo, como abafadores e bombas costais.
Manejo do fogo
O manejo integrado do fogo é uma prática que envolve o uso intencional de fogo para manejo de vegetação, nativa ou exótica, abrangendo técnicas de aceiro negro, de fogo de supressão ou equivalentes, com vistas a reduzir as ocorrências, mas principalmente a severidade dos incêndios florestais.
O aceiro negro é a técnica de confecção de limpeza de uma faixa que utiliza o fogo em área de largura e comprimento variável, de forma planejada, monitorada e controlada, para fins de prevenção ou de combate a incêndio florestal, funcionando como uma barreira para a tentativa de contenção do fogo.
Já o aceiro realizado sem o uso do fogo é a faixa em que a vegetação é interrompida ou modificada com a finalidade de dificultar a propagação do fogo e facilitar o seu combate por meio do corte da vegetação.
O Decreto 47.919, de 2020, determina que o manejo do fogo pode ser utilizado com a finalidade de prevenção ou combate ao incêndio florestal e somente é permitido se respeitada a relação de dependência evolutiva do fogo nos biomas onde é empregado ou atender ao manejo de combustíveis exóticos.
Estiagem
De acordo com Heriberto Amaro, meteorologista do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) Instituto Mineiro de Gestão das Águas, a previsão é a de que o trimestre que vai de junho a agosto tenha temperatura até dois graus acima da média histórica em Minas. A previsão nesse trimestre é de baixa previsibilidade de chuvas e o clima deve ficar mais seco do que nesse mesmo período do último ano.
Segundo o meteorologista, isso se deve à probabilidade de ocorrência do fenômeno El Niño. Heriberto Amaro explica que, atualmente, a umidade relativa do ar está em torno de 30% nas regiões Norte, Noroeste e Triângulo Mineiro.
Medidas Preventivas
• Aceirar (capinar faixas de terra) as plantações e propriedades rurais, abrindo corredores para evitar a propagação dos incêndios;
• não realizar queima de folhas, galhos ou do pasto;
• não utilizar fogos de artifício e, se for acampar, não acender fogueiras;
• Caso seja surpreendido ou se depare com um incêndio florestal, acione imediatamente o Corpo de Bombeiros pelo número 193. Nessas ocorrências o tempo é crucial para minimizar os danos e quanto maior o tempo até que se inicie o combate, maiores são os riscos para residências, veículos e para a população.
• Mantenha-se calmo, procure um local seguro e identifique a localização exata, informando um ou mais pontos de referência para que as equipes encontrem o foco o mais rapidamente possível.
• Limpar galpões de máquinas, armazéns, currais, entre outras construções utilizadas para abrigar animais, mantendo-os com vegetação baixa, e utilização de técnicas de manejo adequado do solo, para manter a umidade por mais tempo.
• Optar pela compostagem do material orgânico e articular com outros produtores, sindicatos, prefeituras e organizações o recolhimento ou pontos de entregas de materiais recicláveis, fomentando cooperativas e gerando renda local.
• Avaliar a possibilidade de criar uma brigada local para combate a incêndios, utilizando os cursos do SENAR para formação de pessoal, além de uma rede de comunicação de grupo utilizando aplicativos como WhatsApp e Telegram.
Fonte: Corpo de Bombeiros / Itatiaia