Árvore desaparecida há 2 séculos é redescoberta no Brasil
De acordo com os pesquisadores, acredita-se que as quatro árvores que foram redescobertas sejam as únicas que ainda restam da espécie no mundo — algo considerado emocionante pelos envolvidos.
A espécie Ilex sapiiformis, também conhecida como azevinho-pernambucano, foi avistada pela última vez em 1838. Naquele ano, o naturalista George Gardner coletou uma amostra da árvore em uma de suas expedições. A planta, no entanto, só foi ser descrita 23 anos depois pelo pesquisador Siegfried Reissek.
Anos desaparecida
(Fonte: Fred Jordão/Divulgação)
Na época da descoberta de Gardner, a floresta tropical atlântica brasileira — lar do azevinho-pernambucano — era muito mais extensa do que é atualmente. Segundo a instituição de conservação ambiental Re:wild, estima-se que 85% de toda essa mata foi perdida devido ao desmatamento em massa, feito para abrir caminho à criação de gado e às plantações de cana-de-açúcar.
Igarassu, onde as árvores esquivas foram redescobertas, na realidade é uma área predominantemente urbana, onde quase 6 milhões de pessoas habitam. Por esse motivo, os pesquisadores têm considerado a descoberta algo ainda mais surpreendente.
“Nem sempre pensamos que as plantas estão perdidas para a ciência, porque não se movem como os animais, mas são igualmente essenciais para os ecossistemas dos quais são nativas”, afirmou Christina Biggs, responsável pelo programa de espécies perdidas da Re:wild. Para ela, mesmo que uma planta não tenha sido avistada há 186 anos, ela ainda pode estar nos últimos vestígios da natureza em algum lugar. Sendo assim, o azevinho é um exemplo perfeito da importância de continuar as buscas.
Estudos extensos
(Fonte: Fred Jordão/Divulgação)
Antes das quatro árvores de azevinho serem descobertas, os cientistas afirmaram que muita preparação foi envolvida no processo. Gustavo Martinelli, líder do projeto, e sua equipe de pesquisadores consultaram registros de herbários, jardins botânicos e museus por todo o país e digitalizaram mais de 12 mil registros em busca de uma amostra da árvore — a qual pode atingir alturas de 8 a 12 metros.
Quando eles notaram que as buscam não estavam dando certo, os cientistas recorreram a coleções ainda não digitalizadas em todo o Brasil, onde acharam algo precioso. Uma amostra de azevinho-pernambucano de 2007 ajudou a direcionar os pesquisadores para a cidade de Recife, onde procuraram por quase uma semana antes de finalmente avistarem as flores características da planta.
“Foi emocionante quando encontramos o primeiro indivíduo de Ilex sapiiformis, graças ao olhar atento de Lenilson (Barbosa dos Santos, parabotânico), que conseguiu encontrar algumas flores brancas em uma árvore à beira da estrada de terra. Foi como encontrar um parente há muito perdido e esperado que você só conhece por meio de retratos antigos”, destacou Milton Groppo, membro do projeto.
A equipe ainda espera que as quatro árvores redescobertas não sejam as únicas ainda existentes na natureza. Portanto, o planejamento é que mais buscar sejam conduzidas no futuro em conjunto com um trabalho intensivo de preservação da região que abriga as árvores raras.
Fonte: TecMundo