Dia Mundial de Combate à Raiva ressalta importância da prevenção da doença
Nesta quinta-feira (28/9) é celebrado o Dia Mundial de Combate à Raiva. A data visa conscientizar e alertar a população e produtores rurais sobre a importância da vacinação de animais de produção contra a doença. A raiva é uma zoonose causada por um vírus que afeta o sistema nervoso central dos mamíferos, incluindo animais rurais, cães, gatos, raposas, macacos e morcegos. A raiva mata e a vacinação é o único método de prevenção para os rebanhos.
Em 2022, o Instituto Mineiro de Agropecuária (IMA), órgão vinculado à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), registrou a vacinação de 1.540.886 bovinos contra a raiva. Neste ano, no primeiro semestre, o órgão recebeu a declaração da vacinação de 4.029.495 bovinos no estado. Apesar do aumento do número de animais declarados como vacinados, em comparação com o ano anterior, o número de declarações recebidas ainda é baixo, já que o estado possui cerca de 25 milhões de bovinos.
A colaboração ativa dos produtores na declaração das vacinas é fundamental para manter um registro confiável e abrangente da vacinação contra a raiva no estado. É crucial que os produtores façam a Declaração de Vacinação contra a Raiva junto à Atualização de Rebanhos. O preenchimento anual deste documento, não apenas contribui para um monitoramento da doença, mas também fortalece a resposta e gestão em focos de raiva.
O cumprimento da vacinação por parte dos produtores desempenha um papel fundamental na prevenção da raiva e na proteção da saúde pública. Ao seguir as diretrizes sanitárias, os produtores contribuem para o controle eficaz desta doença, que pode também acometer os humanos, além de preservar e manter a saúde do seu próprio rebanho.
Declaração e atualização
A declaração e a atualização anual da vacina contra a raiva nos rebanhos de Minas Gerais são procedimentos obrigatórios para garantir o monitoramento e a vigilância ativa da propagação da doença.
A declaração da vacina contra a raiva nos rebanhos consiste em informar ao IMA que os animais foram vacinados contra a raiva. É um processo simples em que são fornecidos detalhes sobre o rebanho, como o número de animais vacinados, datas de vacinação, dados de identificação do rebanho e outras informações necessárias.
A vacinação deve ser feita anualmente para garantir que os animais permaneçam protegidos contra a doença. Esse processo é fundamental para manter a proteção contínua dos animais contra a raiva, uma vez que a imunidade conferida pela vacina tende a diminuir com o tempo.
Para declarar a vacina contra a raiva, os proprietários de animais de produção devem atualizar seus rebanhos pelo Portal do Produtor no site do IMA, procurar uma das unidades do instituto, ou realizar a entrega do formulário preenchido, juntamente com o documento de identificação, por e-mail, ao escritório do IMA onde a propriedade está cadastrada.
Orientações à população
O principal transmissor da raiva para os herbívoros (bois, búfalos, cavalos, cabras e ovelhas) é o morcego hematófago, Desmodus rotundus, conhecido também como morcego-vampiro. O vírus é transmitido pela saliva de animais infectados, geralmente através de mordidas ou arranhões. A vacinação é o único método de segurança que protege os rebanhos.
“A população em geral não deve tocar ou manipular morcegos. A captura desses animais é feita por profissionais treinados e requer o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs)”, ressalta Daniela Lamas, coordenadora do Programa de Controle da Raiva de Herbívoros do IMA.
Em caso da identificação de um morcego caído no solo ou voando à luz do dia, a profissional recomenda que a pessoa entre em contato imediatamente com o IMA ou com profissionais responsáveis da área no município e jamais tente resgatar o animal por conta própria. Os morcegos podem ser portadores do vírus da raiva, e arranhões ou mordidas desses animais representam um risco de transmissão. Além disso, é importante manter animais de estimação, como cães e gatos, longe do morcego ferido ou doente.
Qualquer mamífero, como bovinos, equinos, caprinos ou ovinos, que apresente sintomas como dificuldade de locomoção, deitar-se de lado (com movimento lateral das pernas), realizar movimentos de pedalagem (como se estivesse pedalando uma bicicleta) juntamente com dificuldades para engolir e defecar, deve ser considerado suspeito de raiva.
Ao identificar um animal com sintomas semelhantes aos da raiva, é essencial que o criador ou qualquer pessoa presente não se aproxime ou toque no animal. Em vez disso, é importante que eles acionem o IMA ou um médico veterinário de confiança.
Transmissão em humanos
Em 2023, até o final do mês de agosto, a Secretária de Saúde do estado (SES-MG) registrou uma morte humana pela transmissão da raiva. Um produtor rural, de 60 anos, da cidade de Mantena, no Leste de Minas, morreu após ter manipulado um bezerro que apresentava dificuldades de engolir. O contato direto com o animal, sem a proteção adequada, resultou na infecção pelo vírus da raiva e posterior óbito.
Em 2022, a cidade de Bertópolis, no Vale do Mucuri, registrou três casos de raiva humana. Todos os afetados eram crianças indígenas da etnia Maxacali, que residiam na reserva indígena de Pradinho, localizada na zona rural do município.
O primeiro caso foi confirmado em um menino de 12 anos, que faleceu em 11 de abril. Logo depois, um segundo caso foi identificado em uma menina de 10 anos, que não resistiu e veio a óbito em 18/4. Por fim, um terceiro caso envolveu uma menina de 5 anos, que também morreu no dia 22/4.
A investigação epidemiológica apontou que os três casos foram resultantes da exposição a morcegos infectados com o vírus da raiva.
Após a confirmação desses casos, o IMA em conjunto com a SES-MG, tomou medidas para evitar a disseminação da doença, incluindo a vacinação de todos os indígenas que residem na reserva Maxacali e o controle do morcego hematófago Desmodus rotundus. Além disso, foram realizadas ações de educação sanitária através de palestras com técnicos do IMA.
No caso de qualquer contato com um animal infectado ou suspeito, é de extrema importância buscar atendimento médico imediato, uma vez que o tratamento precoce com o soro antirrábico pode ser vital para a sobrevivência.
(Agência Minas)