Onda de calor impacta preço e produção de ovos; entenda por quê
As altas temperaturas registradas no Brasil nos últimos dias impactam diversos setores da economia e do ramo de negócios. Esses reflexos da onda de calor podem ser percebidos na produção e venda de ovos. Isso porque quanto mais elevadas as temperaturas, menor pode ser a vida útil e a qualidade do produto.
Segundo a analista de agronegócio da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Mariana Simões, o cenário de maior oferta de ovos já vinha sendo identificado no Brasil há alguns meses, o que consequentemente influencia no preço do produto. “Em março, tivemos um pico de consumo. Em seguida, houve a redução dos custos de produção, com a queda do preço do milho e da soja – insumos usados para a ração da galinha. Isso incentivou os produtores.”
Outro fator destacado pela analista é que o aumento das temperaturas provoca o chamado estresse térmico nas galinhas poedeiras. Essa condição faz com que os animais produzam ovos em menor quantidade e qualidade, uma vez que eles ficam mais frágeis e com as cascas mais finas. “Quando isso ocorre, os produtores não podem armazenar os ovos por um período muito longo. Então, eles são forçados a vendê- los de forma mais barata para o atacado e varejo, o que automaticamente pressiona o preço no mercado.”
Conforme a analista, os produtores que mais sofrem com esse fenômeno são os que não têm galpão refrigerado. “A galinha é muito sensível às variações climáticas, por isso é importante que os locais de produção tenham instalações com mais conforto térmico. Então, a gente sempre recomenda que os agricultores procurem a assistência técnica para adequar os galpões,” explica Mariana.
A expectativa para os próximos meses é que a oferta de ovos continue em alta, de acordo com Simões. Segundo ela, o perfil de produção segue um comportamento sazonal, que não muda facilmente. Com a maior disponibilidade no mercado, espera-se então que o preço do produto continue – no mínimo – estável.
Produção recorde em 2022
Dados da Pesquisa da Pecuária Municipal (PPM), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no início de setembro deste ano, revelaram que o Brasil produziu 4,9 bilhões de dúzias de ovos de galinha em 2022, o maior nível da série histórica iniciada em 1974. O crescimento foi de 1,3% ante 2021 (4,8 bilhões de dúzias). Segundo o IBGE, o fato de o ovo ser considerado um substituto das carnes e ter preços mais acessíveis pode explicar a alta da produção em 2022.
Fonte: O Tempo