Saiba deputados estaduais de Minas que podem disputar prefeituras neste ano
Vários dos 77 deputados estaduais de Minas Gerais querem entrar na disputa por prefeituras nas suas respectivas bases eleitorais. Um levantamento feito pela Itatiaia aponta que ao menos oito dos parlamentares da Assembleia Legislativa estão dispostos a participar das eleições de outubro deste ano caso sejam referendados por seus partidos. A lista se divide entre deputados que preferem deixar a decisão exclusivamente nas mãos das legendas que os abrigam e outros que, apesar de precisarem do consentimento formal de suas agremiações, se colocam como pré-candidatos.
A relação pode sofrer alteração, já que muitos partidos e grupos políticos ainda estão definindo quais os melhores quadros para disputar as eleições municipais. Para dar forma a este conteúdo, a reportagem ouviu representantes de todos os grupos políticos representados na Assembleia e líderes dos principais partidos do Estado.
Veja, a seguir, como os deputados estaduais podem influenciar o cenário eleitoral em municípios do estado.
BH tem Engler e Bella, mas outros nomes podem surgir
Na capital Belo Horizonte, a primeira pré-candidatura a se tornar pública foi do deputado estadual, Bruno Engler (PL), parlamentar estadual mais votado da história de Minas Gerais, com 635 mil votos, obtidos em 2022. Na última disputa pela prefeitura, ficou em segundo lugar — perdeu para Alexandre Kalil (PSD).
Defensor de pautas à direita, Engler tem o apoio explícito de nomes do PL, como o ex-presidente Jair Bolsonaro e o deputado federal Nikolas Ferreira. Segundo o deputado estadual, sua candidatura está “pacificada” nas instâncias internas do partido.
“Temos uma oportunidade muito boa de ganhar a eleição, pelo fato dos importantes apoios que tenho”, diz, citando, também, a proximidade com o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos).
O PL será a agremiação com a maior fatia do tempo de propaganda no rádio e televisão. Engler acredita que a estrutura do partido pode impulsionar sua campanha caso a candidatura seja mesmo oficializada. Benquisto pelo entorno de Bolsonaro, o deputado mineiro encampa pautas ligadas a temas como a segurança pública e o liberalismo econômico.
“Fui candidato quatro anos atrás com nenhum segundo de rádio e televisão, em um partido nanico, que não tinha a menor estrutura de suportar uma candidatura de grande porte. Mesmo assim, ficamos em segundo lugar”, aponta, relembrando a chapa que encabeçou pelo PRTB em 2020.
À esquerda, o Psol já apontou Bella Gonçalves, integrante da Assembleia desde o ano passado, como pré-candidata. Ex-vereadora de Belo Horizonte, ela é vice-presidente da Comissão de Direitos Humanos do Parlamento Estadual. Ela tem boa interlocução junto a grupos que vivem em ocupações populares e, também, com entidades de combate a violências contra mulheres e a população LGBTQIAP+
“Foi uma decisão com unanimidade no Psol de Belo Horizonte. As diferentes forças políticas compreenderam que a solidez de minha trajetória política, que vem de atuação ativista por moradia junto às periferias e às mulheres, atuando em diversos temas de direito à cidade, construiu uma trajetória muito consistente no Legislativo municipal, que aponta para a necessidade de governar a cidade”, assinala Bella, ao comentar a possibilidade de disputar a Prefeitura de BH.
Mauro Tramonte, do Republicanos, tem aparecido em pesquisas de opinião pública sobre o cenário eleitoral de BH. Procurado pela reportagem, ele não confirmou a candidatura, mas disse estar à disposição de seu partido. Apresentador de televisão, ele disse, ainda, ter sido procurado por outras legendas para debater o pleito que se avizinha.
“Acredito que o partido logo vai definir os rumos que irá tomar, já que o Republicanos tem, sim, planos para a capital mineira. Sempre me coloco aberto a conversações. Sempre quis — e quero — o que for melhor para a capital”, considera.
A reportagem apurou, ainda, que a deputada Ana Paula Siqueira (Rede) se colocou à disposição para participar do pleito belo-horizontino. A informação foi confirmada pela assessoria da parlamentar. Vale lembrar, no entanto, que a Rede forma uma federação partidária com o Psol de Bella Gonçalves. Coalizões do tipo precisam caminhar juntas nas eleições de todas as cidades brasileiras neste ano. Portanto, apenas uma delas poderá liderar a eventual chapa do grupo.
Ainda à esquerda, as deputadas Beatriz Cerqueira e Macaé Evaristo, tiveram os nomes defendidos por alas do PT para a disputa pela Prefeitura de BH. Agora, porém, o partido definiu o deputado federal Rogério Correia como pré-candidato.
Ribeirão das Neves e Sete Lagoas são possibilidades
Na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), Andréia de Jesus, no segundo mandato como deputada estadual, está à disposição do PT para disputar o comando de Ribeirão das Neves.
“Se o partido entender que o meu nome é a melhor opção, poderá contar comigo”, garante a parlamentar, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia. “Caso não seja candidata, irei apoiar a decisão que for tomada pelo partido”, garante.
Caso Andréia não participe da eleição municipal, o PT pode escolher Marcela Menezes, que tentou assento na Câmara dos Deputados na última eleição. Embora Marcela não tenha sido eleita, setores petistas acreditam que ela ganhou projeção durante a corrida rumo a Brasília (DF).
Em Sete Lagoas, na Região Central do estado, o radialista Douglas Melo, do PSD, é cotado. Três vezes eleito deputado estadual, Melo já foi vereador na cidade e diz ter aval do partido para construir uma candidatura. Ele é um dos vice-líderes do governador Romeu Zema (Novo) no Legislativo estadual.
“Temos ótimo relacionamento com o governo do estado. Sou amigo pessoal do presidente da Assembleia (Tadeu Martins Leite, do MDB). A população tem visto que, para enfrentar esse momento complicado, nosso nome talvez se encaixe pelo bom relacionamento e experiência”, acredita.
Outras cidades
Quando o assunto é o Triângulo Mineiro, dois deputados estaduais são citados nos corredores da Assembleia como possíveis candidatos à Prefeitura de Uberlândia. Um deles é Cristiano Caporezzo, do PL.
Aliado de Bolsonaro, Caporezzo pretende ouvir o ex-presidente antes de bater o martelo. Crítico do PT, ele diz que, se o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentar candidatura em solo uberlandense, deve participar do pleito para ser opção do eleitorado à direita.
“Estou para conversar com o presidente Bolsonaro. Isso tem de ser uma construção que seja positiva para a direita. Hoje, ocupo a posição de deputado estadual. Uberlândia é a segunda maior cidade de Minas. Então, tem importância estratégica para todo o estado. Não iria me candidatar se não fosse para colocar a direita em uma posição tão forte a nível estadual”, projeta.
Leonídio Bouças (PSDB) é o outro parlamentar apontado, nos bastidores, como possível candidato em Uberlândia. Ele atribui a possibilidade de tentar o Executivo municipal a experiências que teve em locais como a Câmara Municipal da cidade e o secretariado da prefeitura.
“O PSDB entende que Uberlândia, segunda cidade do estado e 28° do Brasil, é estratégica para o crescimento do partido, já que estamos bem na disputa pela prefeitura. Vamos iniciar uma pré-candidatura e, no momento certo, levar nosso nome à convenção (tucana)”, considera.
Em Nova Serrana, no Centro-Oeste mineiro, uma das possibilidades aventadas para concorrer à prefeitura é o empresário calçadista Fábio Avelar (Avante). No terceiro mandato como deputado estadual, Avelar já foi vice-prefeito do município e disse, à Itatiaia, que gostaria de disputar o comando do poder Executivo da cidade.
Apesar do desejo, Avelar atribui a última palavra sobre seus rumos políticos à cúpula do Avante. Caso sua candidatura não seja confirmada, o deputado vai analisar a conjuntura local para definir o nome que vai apoiar. Segundo ele, por ora, o objetivo é defender a pré-candidatura junto ao Avante.
Vice-presidente da ALMG diz que não vai concorrer
Leninha (PT), vice-presidente da Assembleia, tem sido citada por eleitores em pesquisas sobre a disputa pela prefeitura de Montes Claros. No entanto, a parlamentar disse à Itatiaia que vai apoiar o deputado federal Paulo Guedes, seu correligionário, na disputa pelo executivo municipal da cidade norte-mineira.
“Montes Claros é uma cidade muito importante no contexto de Minas e do Brasil. É uma cidade que tem segundo turno. Como sempre aconteceu em eleições anteriores, o PT, juntamente com a federação com PCdoB e PV e mais aliados que, porventura, vierem, vai apresentar nome para disputar a (prefeitura da) cidade”, explica.
No Republicanos, além de Mauro Tramonte em BH, outra possibilidade cogitada é ter Enes Cândido como candidato a prefeito de Governador Valadares, no Vale do Rio Doce. Ex-vereador da cidade e ex-secretário de Saúde valadarense, Enes disse não ser pré-candidato. Ele também não quis antecipar quem pretende apoiar no pleito de outubro.
Mais negativas
Delegada Sheila, do PL, foi citada por fontes da Itatiaia como pré-candidata em Juiz de Fora. Ela, porém, não deve disputar a eleição na maior cidade da Zona da Mata. A tendência é que a parlamentar apoie o ex-deputado federal Charlles Evangelista, de quem é esposa. Recentemente, Charlles se filiou aos quadros liberais tendo, como pano de fundo, a corrida eleitoral municipal.
Em Divinópolis, no Centro-Oeste, Lohanna França (PV) apareceu em pesquisas eleitorais. Apesar disso, ela deve apoiar Laiz Soares (PSD). Em Mariana e Ouro Preto, duas cidades históricas, Thiago Cota (PDT) e Leleco Pimentel (PT) também aparecem em sondagens feitas junto à população. O pedetista pretende apoiar a reeleição de Celso Cota, seu pai, mas não descarta colocar seu nome à disposição caso o familiar decida não tentar renovar o mandato. Leleco, por sua vez, optou por não se manifestar a respeito do tema.
Fonte: Itatiaia