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Reflexões sobre o livro “Em Busca de Sentido”, de Viktor E. Frankl

Redação13 de março de 202414min0
Tamyres13324
Tamyres Fontes

A única certeza que temos nessa vida é da morte e que o homem é um ser finito. Mas qual é o sentido da vida, afinal?
Fernanda Marcondes Falda (*)
No livro Em Busca de Sentido, o autor Viktor Frankl aborda a questão do sentido da vida. Ex-prisioneiro do campo de concentração de Auschwitz ele faz um relato da sua experiência e as situações muito difíceis vivenciadas naquele ambiente de dor, sofrimento e privações. Frente a essas situações ele conta como as pessoas que sobreviveram conseguiram reagir a tudo isso e a busca em encontrar um sentido para a vida após essa dolorosa experiência.
O que foi determinante para as pessoas que sobreviveram e saíram vivas dessa experiência?
Abaixo transcrevo trechos do livro e faço breves reflexões com alguns dos temas abordados nas aulas do curso Fragilidades na Velhice: Gerontologia Social e Atendimento, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, no primeiro semestre de 2019:
1 – O sentido do sofrimento, da dor e a finitude do homem:
“Quando um homem descobre que seu destino é sofrer, tem que ver neste sofrimento uma tarefa sua e única. Mesmo diante do sofrimento, a pessoa precisa conquistar a consciência de que ela é única e exclusiva em todo o cosmo-centro deste destino sofrido. Ninguém pode assumir dela isso, e ninguém pode substituir a pessoa no sofrimento. Mas na maneira como ela própria suporta este sofrimento está também a possibilidade de uma vitória única e singular. Para nós, no campo de concentração, nada disso era especulação inútil sobre a vida. Essas reflexões eram a única coisa que ainda podia ajudar-nos, pois esses pensamentos não nos deixavam desesperar quando não enxergávamos chance alguma de escapar com vida. O que nos importava já não era mais a pergunta pelo sentido da vida como ela é tantas vezes colocada, ingenuamente, referindo-se a nada mais do que a realização de um alvo qualquer através de nossa produção criativa. O que nos importava era o objetivo da vida naquela totalidade que incluiu a morte e assim não somente atribui sentido à “vida”, mas também ao sofrimento e à morte. Este era o sentido pelo qual estávamos lutando!”.
Quando nos deparamos com situações de dor, sofrimento e uma possibilidade de morte eminente passamos a refletir não somente sobre o sentido da vida mas também sobre qual é o sentido desse sofrimento e da morte.
A dor e o sofrimento pertencem somente a pessoa que está passando por determinada situação porque a nossa existência é única, subjetiva e individual. Só nós podemos encontrar na nossa dor e sofrimento os nossos mais profundos sentimentos, esperanças, sonhos e novas perspectivas que deem um novo e profundo significado a nossa existência.
Esse pedaço da vida só pode ser conjugado na primeira pessoa do singular: Eu penso, eu sinto, eu quero, eu vivo e eu morro.
2 – O significado de cada tempo na nossa vida e suas vivências:
“Mas não falei somente do futuro e da penumbra em que este felizmente estava envolto, nem fiquei apenas no presente com todo seu sofrimento. Falei também do passado, com todas as suas alegrias, e da luz que ele ainda lançava para dentro das trevas dos nossos dias. Citei o poeta que diz: “Aquilo que viveste nenhum poder do mundo tirará.” Aquilo que realizamos na riqueza da nossa vida passada, na abundância de suas experiências, essa riqueza interior nada nem ninguém nos podem tirar. Mas não só o que vivenciamos; também aquilo que fizemos, aquilo que de grandioso pensamos, e o que padecemos, tudo isso salvamos para a realidade de uma vez por todas. Estas experiências podem pertencer ao passado, justamente no passado ficam asseguradas para toda a eternidade! Pois o passado também é uma dimensão do ser, quem sabe, a mais segura.”
Viktor também sobreviveu a dolorosa experiência de um campo de concentração porque o tempo vivido por ele não era somente o chronos, o tempo cronológico de quantos dias ou meses ele tinha ainda para “sobreviver” ou até morrer nesse ambiente de privações e sofrimentos.

Ele viveu muito o kairós que é o tempo que não pode ser medido, é o tempo da oportunidade, é o tempo do presente, o tempo interno que nos faz caminhar sem tanta angústia e sofrimento e traz à nossa memória os momentos que se tornam inesquecíveis, ainda que tenham sido breves.
3 – A nossa responsabilidade perante a vida:
“O que se faz necessário aqui é uma viravolta em toda a colocação da pergunta pelo sentido da vida. Precisamos aprender e também ensinar às pessoas em desespero que a rigor nunca e jamais importa o que nós ainda temos a esperar da vida, mas sim exclusivamente o que a vida espera de nós. Falando em termos filosóficos, se poderia dizer que se trata de fazer uma revolução copernicana. Não perguntamos mais pelo sentido da vida, mas nos experimentamos a nós mesmos como os indagados, como aqueles aos quais a vida dirige perguntas diariamente e a cada hora – perguntas que precisamos responder, dando a resposta adequada não através de elucubrações ou discursos, mas apenas através da ação, através da conduta correta.”
Nesse trecho o autor nos faz refletir sobre a responsabilidade que temos em respondermos adequadamente as perguntas da vida. A nossa existência não pode ser pautada somente no que temos a esperar da vida, mas sim o que a vida espera de nós.
Todo ser humano tem dons e habilidades que precisam ser descobertos e colocados a serviço do outro, a serviço da vida, a serviço de uma causa maior que aí sim acaba dando, o que Viktor fala num outro trecho do livro, em um super sentido, o qual transcende o significado da nossa existência na Terra.
4 – Da transitoriedade à realidade das potencialidades vividas e guardadas no passado com significado:
“Entre as coisas que parecem tirar o sentido da vida humana estão não apenas o sofrimento, mas também a morte. Nunca me canso de dizer que os únicos aspectos realmente transitórios da vida são as potencialidades; porém no momento em que são realizadas, elas se transformam em realidades; são resgatadas e entregues ao passado, no qual ficam a salvo e resguardadas da transitoriedade. Isto porque no passado nada está irremediavelmente perdido, mas está tudo irrevogavelmente guardado. Sendo assim, a transitoriedade da nossa existência de forma alguma lhe tira o sentido. No entanto ela constitui a nossa responsabilidade, porque tudo depende de nos conscientizarmos das possibilidades essencialmente transitórias. O ser humano está constantemente fazendo uma opção diante da massa de potencialidades presentes; quais delas serão condenadas ao não-ser, e quais serão concretizadas? Qual opção se tornará realidade de uma vez para sempre, imortal “pegada nas areias do tempo”? A todo e qualquer momento a pessoa precisa decidir, para o bem ou para o mal, qual será o monumento de sua existência.”
O trecho acima transcrito foi um dos que mais me trouxe a reflexão sobre a beleza e significado da existência de cada ser humano, quando o autor fala que o único aspecto transitório da vida são as potencialidades. Mas que está em nossas mãos a responsabilidade delas serem realizadas e transformadas em realidade de tal forma que elas passam a ser salvas no passado vivido, onde nada está perdido mas tudo está guardado com muito significado.
5 – Como olhar a vida e a passagem do tempo com um novo significado para o envelhecimento e a morte:
“Ao considerar a transitoriedade essencial da existência humana, a logoterapia não é pessimista, mas antes ativista. Em linguagem figurada poderíamos dizer que o pessimista parece um homem que observa com temor e tristeza que a sua folhinha na parede vai ficando mais fina a cada dia que passa: Por outro lado, a pessoa que enfrenta ativamente os problemas da vida é como o homem que, dia após dia, vai destacando cada folha do seu calendário e cuidadosamente a guarda junto às precedentes, tendo primeiro feito no verso alguns apontamentos referentes ao dia que passou. É com orgulho e alegria que ele pode pensar em toda a riqueza contida nestas anotações, em toda a vida que ele já viveu em plenitude.

Que lhe importa notar que está ficando velho? Terá ele alguma razão para ficar invejando os jovens que vê, ou de cair em nostalgia por ter perdido a juventude? Que motivos terá ele para invejar uma pessoa jovem? Pelas possibilidades que estão à frente do jovem, do futuro que o espera? “Eu agradeço”, é o que ele vai pensar. “Em vez de possibilidades, realidades é o que tenho no meu passado, não apenas a realidade do trabalho realizado e do amor vivido, mas também a realidade dos sofrimentos suportados com bravura. Esses sofrimentos são as coisas das quais me orgulho mais, embora não sejam coisas que possam causar inveja.”
A única certeza que temos nessa vida é da morte e que o homem é um ser finito. Então o que é envelhecer até chegar o dia da nossa morte?
Envelhecer é ir aumentado a nossa “malinha” de experiências vividas e recheadas de possibilidades que não ficaram na transitoriedade da vida porque foram realizadas por nós com plenitude e significado.

Envelhecer é agradecer os sofrimentos que foram vividos e suportados com coragem e bravura em busca de descobrirmos um novo sentido para a vida.
Envelhecer é nos permitirmos a vivência de um tempo oportuno onde há o domínio de maior liberdade espiritual e riqueza interior.
E ao final dessa jornada o que será essencial é se conseguirmos responder para a vida a pergunta do que ela esperava de nós. A resposta a essa pergunta é sem dúvida o maior legado que podemos deixar e ficará eternizado na memória do passado que foi um dia o presente vivido com amor, beleza, singularidade e significado.

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Redação


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