Cura do câncer de mama? Pesquisa da UFMG desenvolve molécula que pode revolucionar tratamento
Pesquisadores do Instituto de Imunoparasitologia do Instituto de Ciências Biológicas (ICB) da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) encontraram uma molécula que tem relação com a piora dos quadros clínicos de pacientes com câncer de mama, o microRNA. O estudo também desenvolveu outra molécula capaz inibir ação do microRNA prejudicial para o sistema imunológico dos pacientes.
Em entrevista à Itatiaia, Caroline Leonel, responsável pela pesquisa junto com a bioquímica Mariana Sousa Vieira, explicou que os estudos se iniciaram a partir da comparação entre amostras de sangue de pacientes com câncer de mama e de indivíduos saudáveis. “Nosso objetivo era encontrar moléculas que o câncer libera no sangue e que causam diminuição dos nossos mecanismos de defesa antitumorais. Comparando indivíduos saudáveis e pacientes com câncer, encontramos um microRNA muito presente nas pacientes, mas praticamente ausente nos indivíduos saudáveis e decidimos investigar a função desse microRNA”, explicou.
Dessa forma, foi possível reconhecer a molécula prejudicial ao sistema de defesa antitumoral, ou seja, que impede o organismo de combater câncer. As pesquisadoras viram que ao bloquear a ação do microRNA as células dendríticas voltavam a funcionar. Essas partículas são muito importantes para no combate a tumores já que conseguem organizar outras células para defender o organismo.
Desenvolvimento de uma molécula inibidora
A partir dessas análises, as pesquisadoras conseguiram produzir uma molécula inibidora do microRNA, o miR-181b. “Ela consiste em uma sequência também de RNA, mas completamente oposta ao microRNA alvo. Isso permite que o inibidor se ligue no microRNA e bloqueie sua função”, pontua. A molécula inibidora já havia sido aplicada em camundongos em outros estudos, no entanto, a testagem feita pela pesquisa do ICB, adaptou o miR-181b para poder ser testado em células humanas in vitro, ou seja, em tubos de ensaio. Até o momento a pesquisa não realizou testagem em humanos.
Esse processo era de extrema complexidade porque as moléculas de RNA são muito instáveis – o que dificultava o transporte das as micro-moléculas de RNA para as células humanas. Dessa forma, as pesquisadoras contaram com o professor Pedro Guimarães, do departamento de Fisiologia da UFMG, para produzirem a formulação final do miRNA encapsulado em uma nano-partícula lipídica.
A produção do inibidor é cara? É possível produzi-lo em grande escala no Brasil?
Caroline informou que a produção de vacinas RNA foram cruciais para avançar no conhecimento e na tecnologia para obtenção dessas moléculas. “Hoje é possível obter essas moléculas com menor custo e segurança. Atualmente, o CTvacinas tem criado instalações que permitirão a produção desses tipos de composto aqui no Brasil. Isso será crucial para a crescimento da pesquisa biomédica no Brasil”, afirmou a pesquisadora.
Se tudo der certo, qual seria a forma de tratamento com os inibidores de microRNA?
A pesquisadora informou que o tratamento seria feito por via venosa, com a injeção do inibidor encapsulado em nanopartículas.
Fonte: Itatiaia