Autoconhecimento: folheados a ouro – por Edson Carlos de Sena

A vida nos propõe vários caminhos e esses caminhos vai tecendo nossa identidade e, por que não dizer, nossa personalidade. A cada sim ou não que damos às situações que vão sendo colocadas em nossas vidas, estamos formando interiormente e exteriormente o nosso “Eu”. Ou seja, estamos formando nossa visão de si, aquela que temos de nós próprios, e a visão que os outros têm de nós.

Nesse campo que relaciona o que nós pensamos de nós próprios e o que o outros pensam de nós há uma área de conflitos que, para alguns, pode ser permanente, para outros os conflitos são esporádicos (acontecem de tempos em tempos) e para alguns poucos talvez esses conflitos não sejam tão significativos, pois são raras as vezes que eles venham à tona, mas não deixam de serem conflitos.

No caminho da vida, como foi dito anteriormente, nós fazemos escolhas e uma das escolhas que se tem visto muito no tempo da atualidade é a do falso perfil, ou seja, as pessoas pensam que podem ter duas imagens de si. Uma para si mesma e outra para os outros. É o que chamamos de: Os Folheados a Auro. Pois essas pessoas não são verdadeiramente aquilo que demonstram ser. Mas isso, na maioria das vezes, não é uma escolha consciente, mas o “mundo” faz isso com as pessoas. Quando falamos o termo “mundo” não queremos falar de bem e mal, mas estamos falando da cultura que se instalou em nossa sociedade.

Talvez essa vida de aparência sempre existiu, no entanto, ela hoje pode ser vista como uma questão de sobrevivência nas selvas que são as sociedades de hoje. Mas se fizermos uma análise, veremos que com a chegada do mudo virtual as pessoas se tornaram mais superficiais em seus relacionamentos, você concorda com isso? Se sim, então andamos sobre o mesmo pensamento, porém se você não concorda peço a sua atenção para o tema e o favor de olhar o outro lado da moeda de seu pensamento. Não queremos convencer por convencer, mas queremos refletirmos junto com você.

Como psicanalistas, compreendemos que a fonte de muitos males psíquicos é a falta de resolução de conflitos que podem ser conscientes e outros que estão distantes da área de nosso vida consciente, é o que chamamos de Conteúdos do Inconsciente.

Falando figurativamente, podemos compreender que as pessoas que buscam se conhecerem profundamente e que buscam resolverem seus conflitos interiores são pessoas que poderíamos chamá-las de pessoas lapidadas. E as pessoas lapidadas podem viver de uma forma uníssona entre o que elas são para si e o que elas são para os outros, pois não precisaram serem personagens sociais fictícios. Ou seja, poderão ser o puro ouro e não folheados a ouro.

O autoconhecimento é uma via que nos leva a liberdade interior. E essa liberdade interior nos faz ser livres, também, na nossa vida exterior. Você se sente uma pessoa livre? Se sim, parabéns. Se não, acredite, você pode ser uma pessoa livre. Mas para isso você precisa percorrer um caminho que exigirá de você coragem e persistência. Esse caminho foi e é percorrido por muitas pessoas valentes. Nomes de algumas mais conhecidas mundialmente: Sigmund Freud, Jacques Lacan e seus seguidores. Mas são muitas as pessoas, hoje, que buscam trilhar o caminho do autoconhecimento, pois basta ver como muitas pessoas sentem a necessidade de fazer terapias. Mas o caminho do autoconhecimento não é feito apenas por terapias, pois os conhecimentos proporcionados por livros, artigos, cursos… são meios de também alcançar um bom autoconhecimento.

Resumo da reflexão e indicações.

A vida é feita de escolhas e elas dizem que nós somos.

Não podemos viver de aparência, pois essa forma de vida não se sustenta por muito tempo.

A educação nos proporcionada pela cultura atual é falha, mas podemos mudar isso como educadores, formadores de opinião e como modeladores de nossa própria identidade e, por que não dizer também, de nossa personalidade.

O autoconhecimento é possível e seus frutos são belíssimos.

Seja uma pessoa ouro puro e não se deixe levar pela cultura dos folheados a ouro.

Terapia é para todos. E por que não fazê-la?

Conhecer é se possibilitar ser.