Na Minha Infância

Na minha infância ainda me lembro dos carrinhos de rolimã, a pequena vila cercada por plantações de café, escondia um universo de brincadeiras que ultrapassavam a realidade da rua de terra onde morávamos , viajávamos ao infinito em busca do tesouro escondido, o velho caixote de madeira transformou se em uma incrível nave espacial. Ainda sinto o cheiro do pão fresco vindo da padaria da esquina, o cheiro do pão assado chegava até o meu mundo imaginário de criança e de lá eu saía em busca de uma deliciosa refeição que mamãe preparava no velho fogão a lenha.

Éramos exímios construtores, galhos secos eram estruturas de casas, circos e prédios! Na ingenuidade de criança éramos milionários, pois possuíamos a maravilhosa habilidade de nós contentarmos com pouco, diga se de passagem, com muito pouco para os padrões atuais.

Tivemos uma infância onde fomos tudo que desejamos ser, fomos médicos, policiais, astronautas, fomos fazendeiros, com nosso lindo rebanho de abacate, nessa época as frutas se tornavam gado ou talvez galinhas, o importante era brincar, imaginar.

Fomos contemplados pelas riquezas que não se compram com dinheiro, a falta de energia elétrica não era impedimento para  exalar a nossa luz própria, sim a gente brilhava, e de nós irradiava a energia que faltava nos saudosos postes de madeira na beira da calçada.

Realmente éramos milionários, ricos em amor, diversão e amizade, hoje só nos resta a saudade.