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Cidade de MG registra 27 tremores de terra este ano; saiba qual

Redação26 de junho de 202411min0
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Recorde de magnitude de 4.0 foi detectado pelo Centro de Sismologia da USP em 18 de junho em Frutal, que apura aumento na intensidade e frequência dos abalos

Frutal, cidade do Triângulo Mineiro, já registrou 27 tremores de terra somente neste ano, número considerado um recorde de frequência durante apenas seis meses, segundo apontamentos do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UNB) e Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP).

O último tremor registrado, de 4.0 na escala Richter (nR), foi considerado o de maior intensidade, desde que esses abalos sísmicos começaram a ser medidos e registrados, segundo o Centro de Sismologia da USP, em 2015.

Conforme especialistas, embora todos os tremores registrados em Frutal sejam considerados de baixa magnitude, os aumentos na frequência e intensidade na cidade vêm chamando a atenção.

Às 10h08 de 18 de junho de 2024, uma terça-feira, a cidade registrou um tremor de terra com magnitude de 4.0 na escala Richter (nR). Onze minutos depois, ocorreu outro abalo sísmico, mas com menor magnitude, de 3.2.

Vídeos captados por câmeras de segurança de estabelecimentos comerciais de Frutal, no momento do tremor, circulam por grupos de WhatsApp e redes sociais de moradores.

Em um deles, captado em um bar, é possível perceber um freezer balançando. Em um supermercado, um produto que estava na prateleira cai ao chão. E, em um terceiro vídeo registrado por câmera de segurança localizada na zona rural da cidade, telhas se soltaram e se espatifam, no momento do tremor.

Segundo nota do Centro de Sismologia da USP, que integra a Rede Sismográfica Brasileira (RSBR), o tremor foi o maior já registrado na cidade.

“Desde 2015, já foram registrados 22 pequenos tremores na região de Frutal-MG, sendo este de magnitude 4.0 em (18 de junho de 2024), o maior deles. Este evento foi registrado em estações de Rede Sismográfica Brasileira distantes mais de 1.300km do epicentro. Desde abril de 2023, há uma sequência de tremores nessa região sempre com magnitudes menores que 3”, complementou a nota.
O Centro de Sismologia da USP explica que a grande maioria dos tremores tem causas naturais e se deve a grandes pressões geológicas atuando na crosta terrestre. “O tremor que as pessoas sentem é resultado de uma movimentação repentina em alguma falha ou fratura, que ‘escorrega’ por causa das pressões geológicas. Ainda assim, apesar do desconforto causado pelos tremores, é muito pouco provável que eles venham ocasionar problemas maiores”, detalha a nota.

27 tremores de terra em 2024 

Segundo informações divulgadas pelo geofísico Juraci Mário de Carvalho, do Observatório Sismológico da UNB, Frutal registrou 27 tremores de terra apenas neste ano. “Não foi identificada uma causa específica para tantas atividades sísmicas”, complementa.

Embora todos sejam considerados de baixa magnitude, conforme o geofísico, a quantidade dos tremores chama a atenção. “Em cidades vizinhas, no mesmo período, também foram registrados abalos, mas com uma frequência bem menor, três em Planura e um em Pirajuba.”

O geofísico contou também que o Observatório Sismológico da UNB tem estações próprias instaladas na região de Frutal e, por isso, tem maior precisão e capacidade de registrar eventos de magnitude menor, o que é mais difícil de ser captado.

“Frutal tem potencial para tremores”

Apesar do elevado número de tremores nos primeiros seis meses de 2024 em relação a outras cidades da região, o geofísico Juraci Mário explica que todo ambiente intraplacas, como é o caso de Frutal, tem potencial para tremores.

Ainda segundo ele, existem hipóteses documentadas e casos comprovados de que a ação humana pode desencadear um evento sísmico. No entanto, o geofísico não acredita que seja a causa dos tremores registrados na cidade mineira.

“Uma mina que extrai muito material, tirando o peso, um reservatório de água que exerce um peso e infiltração de água no subsolo, poços artesianos que conectam aquíferos de camadas diferentes, infiltrando água, fracking para remoção de petróleo, e até teorias que o excesso de chuva possa propiciar a ocorrência de tremores. Mas não vejo uma razão que possa justificar a presença de tremor em Frutal e não em Uberaba, por exemplo”.

“Comuns de ocorrer”

O professor e doutor Leandro Pinheiro, diretor da Universidade Estadual de Minas Gerais (UEMG/Frutal), explica que os recentes tremores são relativamente comuns de ocorrer. “Vários tremores acontecem em Frutal, mas a gente não percebe. Em fevereiro, tivemos tremores um pouco mais fortes, mas o de 18 de junho foi com uma magnitude maior. Confesso que não esperava encontrar uma magnitude de 4 graus em nossa cidade. Da última vez, havia passado de 2,1 e já percebemos. Isso é algo a mais.”

Há explicação?

“Nós temos os locais com maior potencial de tremor como, por exemplo, no Japão, Chile, que são países que estão em cima do contato de duas placas tectônicas. Nós estamos em área intracratônica, que é uma área estabilizada. Estamos longe de qualquer borda de placa tectônica. No entanto, temos locais de paleamento geológico, onde no passado houve uma rachadura e esse local fica passível de ocorrer acomodações geológicas, já que está rachado. Essa movimentação das camadas rochosas acontece e se encontra e causa um tremor. Temos vários locais de falhamento geológico que podem ocasionar algo assim”, explicou Leandro Pinheiro.

De acordo com o geógrafo e professor João Paulo Santos Maia, esses abalos ocorrem por conta de uma colisão entre placas, ou seja, há uma pressão entre as placas tectônicas Sul-Americana e a de Nazca com a cadeia MesoAtlântica, causando os eventos sísmicos.

O geógrafo explica que o Brasil se localiza em cima da placa Sul-Americana, que sofre contato com a placa de Nazca, localizada no Oceano Pacífico. “Ao mesmo tempo, essa placa se afasta da placa Africana por conta da cadeia de montanhas Dorsal Meso Atlântica, que fica no fundo do Oceano Atlântico. Os tremores acontecem por conta de toda essa movimentação. Como o Brasil se localiza distante da área de contato entre as placas, os abalos sísmicos são de menor intensidade”, complementou o geógrafo.

Ele ainda explicou que essas placas, que são grandes blocos rochosos que compõem a crosta terrestre, se movimentam constantemente, de forma lenta e dentro do limite entre elas. “E o calor do manto, que é uma camada mais interna da Terra e anterior à crosta, é o que causa o movimento das placas tectônicas”.

Ainda conforme o geógrafo, esses abalos sísmicos acontecem não somente pelo choque desses blocos rochosos entre si, mas também quando uma placa pressiona a outra. O tremor sentido em Frutal no dia 18 de junho, cuja magnitude foi maior que os tremores registrados anteriormente na região, aconteceu por essa razão, segundo o especialista.

“Imagine duas mãos que batem uma na outra e depois continuam a se pressionar. Vai tremer porque continuam se pressionando, mesmo depois do choque, que foi há mais tempo”.

Epicentro do tremor foi a menos de 10km de profundidade

O abalo sísmico de magnitude 4 na escala Richter (nR) que foi registrado na manhã do dia 18 de junho em Frutal teve o epicentro variando entre 0 e 10 km de profundidade. O ponto central do abalo aconteceu na zona rural do município, a cerca de 15 km do centro e também atingiu a vizinha Pirajuba, a cerca de 11 km do epicentro.

As informações são do Centro de Sismologia da USP e, em relação ao epicentro, sofrem uma margem de erro de um quilômetro para mais ou para menos.

Fonte: Estado de Minas

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