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Estudo da Emater-MG aponta que 170 mil famílias de agricultores foram afetadas pela seca esse ano

Redação26 de setembro de 20247min0
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Relatório também identificou o secamento de mais de 300 cursos d'água, incluindo córregos, rios e reservatórios

Após estiagem de quatro ou até cinco meses, em algumas regiões do Estado, experimentamos as primeiras chuvas pontuais na semana passada. Mas a meteorologista Anete Fernandes, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), explica que ainda não estamos em transição para o período chuvoso.

‘Essa passagem ocorre durante o mês de outubro. Neste início da primavera ainda impera o tempo quente e seco”, disse ela à reportagem da Itatiaia.

Historicamente, a região Norte de Minas tem sido uma das mais castigadas do estado, pelas longas estiagens, na última década. Um relatório agroclimático da Emater-MG aponta que, de janeiro a agosto deste ano, cerca de 170 mil famílias de agricultores foram diretamente afetadas pela seca. O estudo na região também identificou o secamento de mais de 300 cursos d’água, incluindo córregos, rios e reservatórios.

Por isso, a Emater-MG está orientando mais de 50 mil produtores na produção de alimentação energética para o rebanho bovino. Entre as iniciativas, estão o plantio de forrageiras, a confecção de silagem e o incentivo ao cultivo de culturas mais adequadas à região, como sorgo forrageiro, palma, mandioca e cana-de-açúcar. Essas ações abrangem 225 municípios, incluindo os vales do Mucuri e Jequitinhonha.

Seapa abriu 8,6 mil bacias de captação de água da chuva

Outra medida implementada nesses locais, em parceria com as prefeituras e a Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), foi a abertura de 8,6 mil bacias de captação de água da chuva e a construção de 257 quilômetros de terraços, nos últimos dois anos. Mais de 2 mil hectares ocupados com área de pastagem e de cultura foram conservados com as ‘curvas de nível’.

“Estimamos que esse conjunto de ações vai proporcionar a retenção e infiltração de mais de 12 milhões de metros cúbicos de água por ano”, afirma o gerente regional da Emater-MG em Montes Claros, José Arcanjo Pereira.

Ele lembra que a Emater-MG da região também apoia os produtores na obtenção de crédito rural emergencial, na orientação técnica em projetos de abastecimento de água e nas negociações com instituições financeiras.

Empresa divulga técnicas de convivência com a seca

O coordenador técnico estadual Bernardino Cangussu, explica que a proteção do solo para recarga do lençol freático é essencial para garantir boa produção em locais com estiagens constantes. “O solo é a principal caixa de armazenamento de água que temos na propriedade”, disse.

Plantas de cobertura buscam nutrientes nas camadas mais profundas da terra

O uso de plantas de cobertura melhoram o solo e o sistema de produção. Elas evitam erosões e buscam nutrientes nas camadas mais profundas do solo e aumentam sua porosidade, facilitando a infiltração de água.

De acordo com o coordenador, desde 2021, a Emater-MG já implementou cerca de 700 Unidades Demonstrativas com esse sistema em todo o estado. As plantas de cobertura são cultivadas em consórcio com culturas comerciais, como café, frutas e grãos.

A técnica consiste em plantar uma mistura de sementes de diversas espécies, manejando-as entre as linhas de cultivo.

“As raízes das plantas de cobertura atingem diferentes profundidades, o que favorece a aeração, quebra a compactação do solo e incorpora matéria orgânica em camadas mais baixas, além de criar galerias que facilitam a infiltração de água. Já a palhada que sobra após o corte das plantas de cobertura protegem e ajudam na diminuição da sua temperatura do solo”, explicou Cangussu.

Produtora disse que a técnica reduziu a temperatura no cafezal

A produtora Christina Ribeiro do Valle, do município de Guaranésia, no Sul de Minas, começou a cultivar plantas de cobertura em um cafezal há quatro anos. Ela usa capim braquiária, girassol, nabo forrageiro e milheto. Após roçadas, estas plantas ficam nas entrelinhas do café, protegendo o solo.

“Nunca mais deixo de usar plantas de cobertura. Se você colocar um termômetro no solo descoberto com um calor desses, vai marcar uns 40 graus. Com a cobertura, essa temperatura cai muito. Além disso, no período das chuvas, as plantas de cobertura têm evitado as enxurradas que chegavam até a estrada. Elas retêm a água”, comenta a produtora.

Barraginhas ajudam na infiltração da água da chuva

Outra prática disseminada pela Emater-MG é a construção de bacias de captação de água da chuva, conhecidas como ‘barraginhas’. Esses reservatórios, além de prevenir erosões causadas por enxurradas, ajudam a armazenar e infiltrar a água da chuva, recarregando o lençol freático.

Terraceamento é utilizado em áreas de declive

Uma técnica com resultado similar é o terraceamento, popularmente chamado de ‘curva de nível’, geralmente utilizado em áreas com declive. Sua função é reduzir a velocidade das enxurradas durante o período chuvoso, facilitando a infiltração da água. “Quanto mais água armazenada no solo no período das chuvas, mais água disponível durante a estiagem”, alerta o coordenador.

(*) Com informações de Marcelo Varella, da Emater-MG.

por Maria Teresa Leal

Fonte: Itatiaia

Redação


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