Anvisa quer ampliar oferta de testes contra dengue e oropouche e vai priorizar novos registros
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) informou, nesta segunda (7), que irá priorizar a análise dos pedidos de registro de testes que identifiquem doenças como dengue, chikungunya e oropouche. A medida deve durar até 31 de dezembro deste ano. Segundo a agência, o objetivo dessa priorização é facilitar o diagnóstico das arboviroses e oferecer mais alternativas ao mercado.
Segundo o Ministério da Saúde, alguns testes hoje disponíveis no SUS (Sistema Único de Saúde) para diagnóstico de seis arboviroses são: o kit molecular que identifica os vírus da dengue, zika, chikungunya e Orov (oropouche); o kit molecular para febre amarela; o teste molecular para febres oropouche e mayaro; sorologias IgM e IgG (imunoglobulinas G e M) para dengue, zika e chikungunya e kit NS1 para dengue.
Entre alguns métodos de diagnóstico de dengue disponíveis no Brasil estão: Antígeno NS1, o PCR (Reação em Cadeia da Polimerase em Tempo Real) e o IgM IgG. De acordo com Rosana Richtmann, infectologista e consultora da rede de saúde Dasa, o NS1 e o PCR detectam o vírus, e o IgM IgG os anticorpos.
No início deste ano, laboratórios da rede privada registraram aumento médio de 25% no número de exames de dengue nas duas primeiras semanas de janeiro em relação ao mesmo período do ano passado. A taxa de positividade chegou a 24%.
Foram 26.162 exames neste ano contra 20.746 em 2023, mostra levantamento da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica), que reúne as maiores redes de laboratórios privados do país.
Neste ano, o Brasil enfrentou a pior epidemia de dengue da sua história. Com 6,1 milhões de casos prováveis no primeiro semestre, os registros da doença superam em 346% aqueles do mesmo período de 2023 – pior epidemia até então.
O aumento foi puxado por altos índices nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste, que juntos concentram 93% dos casos prováveis, um total de 5,7 milhões, conforme dados do Painel de Monitoramento de Arboviroses do Ministério da Saúde.
A quantidade de óbitos pela doença também atingiu um número recorde nos primeiros seis meses do ano – foram 4.250 vidas perdidas. O recorde anterior havia sido registrado nos 12 meses de 2023, com 1.094 mortes.
Mudanças climáticas, circulação de vetores em novos locais e falta de preparo da saúde pública são os principais fatores apontados por especialistas para explicar a epidemia histórica.
O país enfrenta ainda surtos de oropouche, doença diagnosticada no Brasil pela primeira vez em 1960. A zoonose circula na região amazônica pelos últimos dez anos e é transmitida a seres humanos pela picada do mosquito Culicoides paraensis.
Em setembro, a Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) confirmou 9.852 casos de febre oropouche em países das Américas. O Brasil concentra 80,5% dos casos e duas mortes pela doença. Seis países têm registros autócones, ou seja, o vírus já circula por esses lugares.
A doença preocupa pelos desfechos graves que têm sido associados a ele: a Bahia registrou as duas primeiras mortes no mundo pela febre oropouche. Também foi registrado um caso de microcefalia em bebê no Acre, e um óbito fetal associado à infecção em Pernambuco.
A melhora no diagnóstico nacional mostrou que o vírus circula em vários estados de regiões em que não é endêmico. Pesquisadores consideram que os anos de 2023 e 2024 foram marcos em arbovírus.
(Folhapress)