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Mudanças climáticas podem fazer desaparecer várias espécies de mandioca; entenda

Redação8 de outubro de 20245min0
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Redução pode levar à extinção de algumas espécies e afetar a produção de uma das principais fontes de carboidratos da alimentação brasileira

Uma das competências da ciência é a de antever problemas e ajudar na busca de soluções ou adaptações. E é exatamente isso que faz um estudo, conduzido por pesquisadores das universidades federais Rural de Pernambuco (UFRPE) e do Recôncavo da Bahia (UFRB), além da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc). A pesquisa, publicada na revista “Anais da Academia Brasileira de Ciências”, destaca a urgência de medidas para a conservação da biodiversidade das espécies de mandioca, diante dos efeitos das mudanças climáticas.

Até 2100, as áreas de ocorrência de cerca de metade das espécies nativas de mandioca do Nordeste brasileiro podem ser reduzidas em função das mudanças climáticas. Os cientistas reuniram dados sobre onze espécies de mandioca nativas do Nordeste a partir de registros de ocorrência, bancos de dados e herbários.

As informações foram utilizadas em simulações de diferentes cenários com base em seis variáveis climáticas – como precipitação anual, chuvas nos meses mais secos e úmidos e temperatura média diária e anual. A equipe combinou esses elementos para prever o tamanho e a localização das áreas onde as espécies poderão viver no futuro, considerando as necessidades das plantas, e comparou com a realidade atual.

Previsões consideram cenários otimistas e pessimistas

A pesquisa revela que, em um cenário otimista, cinco das espécies analisadas podem experimentar uma redução em sua faixa potencial de distribuição até 2100. Em um cenário pessimista, com condições mais severas, essa redução pode atingir até seis espécies, 54% da amostra. Nos dois cenários, quatro dessas espécies podem experimentar redução total de suas áreas de ocorrência.

“Isso acontece porque as condições ambientais que elas precisam para se desenvolver, podem mudar, tornando algumas regiões menos adequadas”, explica Karen Yuliana Suarez-Contento, autora do estudo. A pesquisadora da UFRPE destaca que a redução pode não afetar somente as espécies de mandioca, pois a perda de plantas que servem de base para a vida selvagem desestabiliza os ecossistemas locais.

Redução pode levar à extinção de algumas espécies

Segundo Suarez-Contento, a redução projetada pode, no futuro, levar à extinção de algumas das espécies silvestres de mandioca, além de afetar a produção de uma das principais fontes de carboidratos na alimentação brasileira: a mandioca cultivada. Ela é a matéria-prima de produtos como o polvilho, a tapioca e o tucupi. “As espécies silvestres abrigam uma diversidade genética crucial para o futuro da mandioca cultivada, fornecendo características importantes, como resistência a doenças e adaptações a diferentes condições ambientais”, ressalta.

Milho, arroz e feijão podem enfrentar desafios semelhantes

A autora enfatiza que as mudanças climáticas podem ter um papel decisivo na distribuição de outros gêneros alimentícios. “Muitas outras culturas agrícolas dependem da diversidade genética de suas espécies silvestres para se adaptar a mudanças climáticas, novas pragas e doenças”, diz Suarez-Contento. É o caso do milho, arroz e feijão, que têm parentes silvestres e podem enfrentar desafios semelhantes ao da mandioca, segundo a especialista. Ela destaca a importância de conservar essas espécies e seus habitats para garantir a continuidade da produção desses alimentos.

O que pode ser feito?

Para a pesquisadora, estratégias como a criação e a expansão de áreas protegidas, o estabelecimento de corredores ecológicos e a restauração de áreas degradadas são um passo importante para melhorarar o cenário previsto para 2100. “A educação ambiental e o incentivo para práticas agrícolas sustentáveis também podem engajar as comunidades locais e promover a proteção dos habitats”, acrescenta.

Fonte: Agência Bori

Redação


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