Consumo excessivo de conteúdo online de baixa qualidade afeta a saúde mental
Estudiosos da Oxford University Press anunciaram, nesta segunda-feira (02), que o termo “brain rot” foi escolhido como a palavra do ano de 2024 no dicionário de Oxford. Traduzido como “podridão cerebral”, esse conceito descreve os efeitos negativos causados pelo consumo excessivo de conteúdo online de baixa qualidade, que impacta diretamente a saúde mental. Segundo pesquisa da Oxford, o uso da expressão aumentou em 230% nas redes sociais entre 2023 e 2024.
A psicóloga Adriana Satico Ferraz, coordenadora do curso de Psicologia do Centro Universitário Belas Artes, destaca a importância de monitorar o tempo gasto em redes sociais e sites de entretenimento. Esse monitoramento pode ajudar a compreender os tipos de conteúdo consumido e os efeitos que ele tem na formação de hábitos e no desenvolvimento pessoal. “A análise da navegação, especialmente em dispositivos móveis como smartphones, oferece uma visão clara sobre o tempo gasto em plataformas que muitas vezes disseminam informações superficiais, como memes ou vídeos virais. Essa vigilância é essencial, pois a constante exposição a conteúdos triviais pode limitar a capacidade de reflexão e dificultar a aquisição de conhecimentos significativos, fundamentais para o crescimento intelectual”, afirma.
Identificar padrões de repetição no conteúdo consumido também é crucial. Quando as pessoas estão frequentemente expostas a materiais que não estimulam o pensamento crítico, como conteúdos rápidos e leves, corre-se o risco de restringir o desenvolvimento de novas perspectivas e habilidades mais profundas. A professora ressalta a importância da análise crítica da qualidade do conteúdo consumido, permitindo uma avaliação precisa sobre o que efetivamente contribui para o aumento do conhecimento e bem-estar, além de distinguir entre materiais que são apenas passageiros e supérfluos.
Satico sugere que, com base em objetivos pessoais e profissionais, os indivíduos busquem de forma proativa plataformas digitais que ofereçam conteúdos alinhados a esses propósitos. Isso pode incluir desde a aquisição de novas habilidades até a construção de uma rede de contatos com pessoas ou grupos que compartilhem interesses e metas semelhantes. “Ao adotar essa postura, é possível utilizar a internet de forma mais estratégica e focada, impulsionando o próprio desenvolvimento”, completa.
Além disso, o consumo de conteúdos audiovisuais curtos, como cortes de vídeos ou resumos de notícias, deve ser complementado com fontes mais profundas e enriquecedoras, como documentários, livros, artigos científicos e palestras de especialistas. Essa abordagem permite um aprendizado mais sólido, seja no campo acadêmico ou profissional, oferecendo uma base mais robusta de conhecimento e habilidades.