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Dores de cabeça intensas e frequentes podem exigir atendimento médico imediato

Redação23 de dezembro de 202410min0
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Especialistas debatem necessidade de procurar auxílio diante de sinais de alerta como sonolência, fala arrastada, perda da visão, dentre outros

Na última semana, o presidente Lula recebeu alta de sua equipe médica para voltar a Brasília e retomar a rotina de presidente da República. Dias antes, ele havia sido submetido a uma cirurgia de emergência durante a madrugada, em São Paulo, por conta de um acidente doméstico sofrido em outubro, que resultou em um trauma craniano e que acabou ocasionando a hemorragia cerebral. Os sintomas apresentados por Lula, como sonolência e dores de cabeça intensa e cada vez mais frequentes, chamaram atenção para sinais de alerta que, muitas vezes, numa rotina corrida e apressada, recheada de “compromissos inadiáveis”, deixamos passar despercebidos…

Professora do departamento de morfologia da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e pesquisadora do Grupo Mineiro de Estudo em Traumatismo Cranioencefálico, Aline Miranda informa que “a dor de cabeça persistente após o trauma craniano, associada a sintomas como desmaio, tonturas, náusea, enjoos, confusão mental, redução de concentração e memória, podendo ou não ocorrer perda de consciência, são alertas importantes para a busca de atendimento médico imediato”.

Ela enumera outras situações em que é recomendável buscar o hospital de maneira rápida, que incluem “sono excessivo ou dificuldade em acordar; alterações na visão como visão embaçada ou duplicada ou perda de visão em um ou ambos os olhos; dificuldade para falar ou entender a fala; perda de coordenação ou equilíbrio; sangramentos ou secreções no ouvido ou nariz de cor clara ou com vestígios de sangue; alterações comportamentais como agressividade, irritabilidade excessiva ou apatia; e qualquer episódio de convulsão após um trauma craniano é uma emergência médica”, salienta. Aline reforça que “um acompanhamento médico adequado pode ajudar a prevenir complicações mais graves”, que foi o que aconteceu no caso de Lula.

Providências

Doutora em neurociência pela UFMG, Elisa de Paula França Resende afirma que “a maioria das dores de cabeça simples não traz nenhuma doença mais grave associada”. “A gente não precisa ficar em pânico agora por conta disso. Uma dor de cabeça que a pessoa já tem há muito tempo, que não é tão intensa, que acontece mais no final do dia e não tem relação com postura ou exercícios físicos, geralmente não vai estar associada a febre, emagrecimento ou sinais neurológicos como fraqueza de um lado do corpo, sonolência e alteração visual”, diferencia. Mais conhecidas como enxaqueca, essas dores de cabeça seriam causadas principalmente por quadros de estresse. Porém, “a frequência e intensidade” são a chave para se tomar providências.

“A pessoa que tinha uma dor de cabeça de intensidade determinada e ela aumenta com o tempo, ou se torna cada vez mais frequente, por exemplo, ao invés de vir a cada dois meses agora vem uma vez por semana ou quase todo dia, essa pessoa tem que ficar alerta, pois pode ser o sintoma de um problema mais grave”, orienta Elisa. Se a pessoa tiver sofrido um trauma craniano decorrente de queda, como no caso do presidente Lula, algumas medidas precisam ser tomadas.

“O exame neurológico clínico é o primeiro a ser realizado e envolve a avaliação de resposta reflexa, força muscular, coordenação motora, nível de consciência e a resposta a estímulos e a percepção sensorial. A escala de coma de Glasgow (que mensura o nível de consciência) geralmente é o padrão para identificar a gravidade do trauma craniano para avaliar e monitorar a progressão e a melhora do quadro”, explica a pesquisadora Aline Miranda.

Todavia, “o tipo de exame de imagem indicado vai depender da avaliação clínica do médico, mas geralmente envolve tomografia computadorizada se houver suspeita de lesões significativas”, ressalta Aline. Quando sintomas como a dor de cabeça não cessam, mesmo na ausência de alterações percebidas pela tomografia, ainda há a opção de uma ressonância magnética, “para avaliação mais profunda e detalhada”. Já em casos de suspeita de fratura, a radiografia também pode ser indicada. “Exames como angiotomografia ou angiorressonância podem ser solicitados se houver histórico ou suspeita de complicações vasculares”, complementa Aline.

Fatores de risco

Um dos focos de apreensão em torno de Lula após o acidente doméstico que acabou exigindo uma intervenção cirúrgica era a idade do presidente. Aos 79 anos, o mandatário integra uma espécie de grupo de risco nesses casos. Segundo a neurocientista Elisa de Paula França Resende, “pessoas idosas que utilizam medicamentos anticoagulantes (para prevenir a formação de coágulos no sangue) e sofrem quedas em que batem a cabeça podem desenvolver um hematoma cerebral, como aconteceu com o presidente Lula”.

A pesquisadora Aline Miranda salienta que “o envelhecimento é acompanhado de alterações biológicas naturais, como atrofia cerebral, alterações vasculares que aumentam o risco de sangramento e alterações da resposta imunológica que podem aumentar o risco de complicações mais graves após um trauma craniano, incluindo o coma e até uma progressão para o óbito”. De acordo com ela, “após um trauma craniano, independentemente da intensidade, é recomendado à população idosa a busca imediata por atendimento médico”.

“Nessa população, a realização dos exames de imagem como a tomografia computadorizada e a ressonância magnética são fundamentais para identificação de hematomas ou sangramentos que podem, inclusive, levar à morte. Uma abordagem rápida, pautada em um exame clínico detalhado e em exames de imagem solicitados rapidamente contribuem para um diagnóstico e tratamento mais rápidos e precisos”, afiança. Mas seja qual for a idade, Aline reforça que, após um trauma craniano, “sintomas como dor de cabeça intensa, progressiva e persistente, vômitos, alterações neurológicas ou perda de consciência exigem atenção médica imediata”, arremata.

Estresse e vida conectada podem aumentar o problema

A neurocientista Elisa de Paula França Resende observa que “o estresse também é um fator responsável” pelas dores de cabeça, o que justifica o fato de muitas pessoas serem acometidas por elas no final do dia. “Algumas dores de cabeça, como a enxaqueca, por exemplo, pioram muito com o estresse”, pontua a especialista, ressaltando que, “a princípio, não se tratam de doenças graves, e que podem ser combatidas com medicamentos, prática de exercícios físicos e uma melhora na alimentação”.

Elisa, no entanto, não deixa de observar que a vida contemporânea tem contribuído para que episódios de dor de cabeça se tornem cada vez mais crônicos, devido “ao excesso de informações de uma sociedade altamente conectada”. “A necessidade de cumprir vários prazos, de estar disponível o tempo inteiro e atender diferentes expectativas certamente gera mais estresse e isso vai aumentar o índice de dores de cabeça na população de um modo geral”, finaliza a profissional.

Fonte: O Tempo

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