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Bebidas adoçadas causam quase 10% dos novos casos de diabetes tipo 2 no mundo

Redação8 de janeiro de 20258min0
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Pesquisa mostra que 1 em cada 30 novos casos de doenças cardiovasculares também estão ligados a esses alimentos; suco de caixinha e energético estão na lista.

Dados alarmantes sobre os impactos do consumo de bebidas adoçadas com açúcar, como refrigerantes e sucos industrializados, revelaram que cerca de 1 em cada 10 novos casos de diabetes tipo 2 e 1 em cada 30 novos casos de doenças cardiovasculares em todo o mundo podem ser atribuídos ao consumo de bebidas como refrigerantes, sucos de caixinha, energéticos e outros.

A pesquisa foi publicada nessa segunda-feira (6) na revista Nature, sendo uma das mais renomadas publicações cientificas. A análise foi feita em cima de dados globais sobre a doença em 2020, abrangendo 184 países. De acordo com os especialistas, essas bebidas são digeridas rapidamente, causando um pico nos níveis de açúcar no sangue. O consumo regular ao longo do tempo leva ao ganho de peso, à resistência à insulina e a uma série de problemas metabólicos ligados ao diabetes tipo 2 e às doenças cardíacas.

Em 2020, a análise apontou que:

  • 2,2 milhões de novos casos de diabetes tipo 2 estão associados ao consumo desse tipo de bebida, o que representa 9,8% dos casos globais.
  • 1,2 milhão de novos casos de doenças cardiovasculares no mundo estão ligados às bebidas açucaradas, o que equivale a uma prevalência de um em cada 30 casos.
  • Ao todo, o consumo de bebidas açucaradas é responsável por 340 mil mortes anuais no mundo.

Vale destacar, que ambas as doenças estão entre as maiores causas de morte no mundo. Foram estimadas 80.278 mortes devido a diabetes tipo 2 associadas às bebidas adoçadas no ano analisado pelos pesquisadores. O valor representa 5,1% do total de óbitos. Além disso, 257.962 mortes por doenças cardiovasculares foram atribuídas à ingestão desses produtos (2,1% do total).

Em 2015, por exemplo, o índice de letalidade era de 184 mil mortes anuais — o que representa um aumento de mais de 150 mil pessoas por ano.

O estudo mostra que os maiores índices estão na África Subsaariana e na América Latina, local onde está o Brasil, mas não traz dados específicos para o país. No Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde, as doenças estão na liderança das causas de morte no país. Os óbitos por problemas cardíacos, por exemplo, representam 30% dos óbitos. Já a diabetes, de 2010 a 2021, matou mais de 750 mil pessoas no país.

Um dos autores do estudo e diretor do instituto Food Is Medicine, dos Estados Unidos, Dariush Mozaffarian afirma que, apesar do número alto de mortes associado ao consumo dessas bebidas, os governos não aplicam esforços suficientes em políticas públicas voltadas para essa questão.

“Nossos resultados mostram que, atualmente, as bebidas adoçadas com açúcar estão causando mais de 330 mil mortes globais a cada ano, além de milhões de novos casos de diabetes e doenças cardiovasculares. Mesmo assim, relativamente poucas ações estão sendo tomadas”, diz.

Casos na América Latina e no Caribe

Em 2020, a América Latina e o Caribe tiveram o maior número de casos de diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares atribuíveis ao consumo de bebidas adoçadas, com 24,4% e 11,3% dos diagnósticos totais, respectivamente, aponta o estudo.

Nessas regiões, a pesquisa também identificou que adultos com níveis educacionais médio e alto, tanto em áreas urbanas como rurais, apresentaram as maiores proporções de casos atribuíveis ao consumo dessas bebidas.

Endocrinologista na Rede Hospital Casa, Camilla Bezenover argumenta que a indústria alimentícia tem formulado cada vez mais produtos com grandes quantidades de açúcar, viciando paladar desde a infância, fazendo com que as pessoas busquem sabores mais doces.

“Isso faz com que sejam consumidas calorias em excesso, muito além do que seria necessário em uma alimentação equilibrada. Esse padrão alimentar, aliado ao consumo cada vez menor de água e à preferência por alimentos processados, contribui para um ciclo de ganho de peso e desenvolvimento do diabetes”, explica.

O alto teor de açúcar nos produtos contribui para o aumento dos níveis de glicose no sangue. Além de causar diabetes tipo 2, caracterizada pela resistência à insulina, o quadro pode levar a hipertensão e aumento da gordura visceral.

Impostos podem ajudar na redução dos produtos

Pensando na redução de bebidas adoçadas em todo o mundo, a análise vem acompanhando a evolução de casos e mortes desde 1990. No caso do México, por exemplo, que tem os maiores índices, os dados mostraram uma redução nos últimos anos. Segundo os pesquisadores, isso está relacionado às medidas adotadas pelo país, que decidiu colocar um imposto mais alto sobre esse tipo de produto desde 2014.

Segundo Dariush Mozaffarian, uma tributação significativa desses produtos, visa aumentar o preço em pelo menos 20%, assim, diminuindo consumo.

“Esses tributos são mais eficazes quando baseados no conteúdo de açúcar, e não apenas no volume da bebida, pois isso incentiva a reformulação da indústria para reduzir o teor de açúcar.”

Doutor em saúde pública, ele também argumenta a favor de políticas de aquisição, como restrições de compra e venda em escolas e hospitais, além de incorporar advertências na embalagem, como é feito com o cigarro.

Situação no Brasil

No Brasil, em 2024 foi aprovado a proposta do governo federal que impõe taxas de imposto maiores sobre esses produtos. A medida está prevista para começar a valer em 2026. O principal projeto de regulamentação da reforma tributária (PLP 68/2024), que coloca as bebidas adoçadas dentro do Imposto Seletivo, é chamado de “imposto do pecado”, que incide em bens e serviços prejudiciais à saúde e ao meio ambiente.

Fonte: Itatiaia

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