Por que cresce o número de câncer de intestino em jovens? Veja o que diz especialista
Os casos de câncer de intestino em um grupo etário antes considerado de baixo risco chamam atenção de especialistas. Um estudo da Sociedade Americana do Câncer, publicado na revista científica The Lancet Oncology no fim do ano passado, revelou um aumento preocupante nos casos de câncer colorretal em pessoas de 25 a 49 anos.
Conforme a pesquisa, a incidência do tumor está crescendo em 27 dos 50 países analisados. Destaque para a Nova Zelândia, o Chile e Porto Rico, que registraram os maiores índices de crescimento anual, entre 3,8% e 4%. Apesar de o Brasil não ter sido incluído na pesquisa, especialistas alertam que esse aumento é um fenômeno global.
Mas o que está por trás desse aumento? A oncologista Roberta Dayrell diz que alguns fatores importantes como mudança de hábitos da alimentação podem explicar a alta. “Os jovens estão aderindo cada vez mais a dietas ricas em alimentos ultraprocessados, carne vermelha, excesso de gorduras saturadas e pobre em fibras. O baixo consumo de fibras dificulta uma boa saúde intestinal e a baixa ingestão de frutas, de vegetais e de grãos também reduz a proteção contra essa doença.”
A médica ainda acrescenta outros fatores que podem influenciar. “O excesso de antibiótico, que pode estar associado ao aumento da inflamação intestinal, também está ligado à alta incidência de câncer colorretal. As mutações genéticas também, mas esses fatores genéticos correspondem a uma minoria dos casos, não sendo o mais importante para o desenvolvimento do câncer colorretal. O tabagismo e o consumo de álcool ainda entram nessa lista.”
Sinais e sintomas
Em relação aos sintomas comuns da doença, a oncologista afirma que os pacientes podem apresentar:
- sangue e mudança na cor das fezes;
- alteração do hábito intestinal, apresentando mais diarreia ou mais constipação diferente do padrão habitual;
- sensação de evacuação incompleta;
- alguma dor ou desconforto abdominal que persiste ao longo do tempo;
- perda de peso inexplicada;
- fadiga e anemia – que já são sintomas de doença mais avançada.
Tratamento
Conforme a médica, em estágios iniciais é realizada a cirurgia para a remoção do tumor e posteriormente é avaliada a indicação ou não de uma quimioterapia para complementar o tratamento. “Nas fases mais avançadas da doença, podem também ser realizadas cirurgias para remoção de metástase ou tratamento à base de quimioterapias e outros medicamentos mais modernos, como imunoterapia e terapia-alvo.”
Diagnóstico
A colonoscopia, exame capaz de fazer o diagnóstico, é realizada também para o rastreamento, principalmente a partir dos 45 anos. Segundo Dayrell, o teste é indicado para toda a população. “O mais importante dessa doença é a descoberta precoce por meio de exames de rastreio. Os pacientes que têm um histórico familiar de câncer colorretal devem conversar com o seu médico para avaliar a realização do exame numa idade mais precoce,” finaliza.
Fonte: O Tempo