Queda de chumbinhos no café: fenômeno natural é intensificado por mudanças climáticas
As lavouras de café do Brasil estão passando por um período de ajustes naturais. A fase de ‘queda de chumbinhos’, comum no ciclo produtivo do café, está mais intensa neste ano devido à seca prolongada e às altas temperaturas registradas em 2024.
Embora o fenômeno faça parte do desenvolvimento natural do café, as condições climáticas têm exigido maior atenção dos produtores para minimizar perdas e preparar as plantas para os próximos ciclos.
A queda de chumbinhos ocorre entre 80 e 100 dias após a florada, geralmente entre dezembro e fevereiro, como forma de autorregulação da planta, eliminando frutos que não conseguem ser sustentados. No entanto, fatores como desfolha e estresse hídrico intensificaram o processo neste ano.
De acordo com Marcelo Jordão, engenheiro agrônomo e pesquisador da Fundação Procafé, o cenário atual demanda atenção redobrada. ‘Plantas que enfrentaram seca severa e altas temperaturas têm menor quantidade de folhas, o que reduz a fotossíntese e as reservas de carboidratos. Isso afeta diretamente a capacidade de sustentar os frutos’, explica.
Segundo o pesquisador, os frutos maiores, provenientes das primeiras floradas, acabam se tornando’ drenos preferenciais de energia’, ampliando a queda nos frutos mais novos.
Manejo preventivo para safra 2025
Apesar do impacto das mudanças climáticas já tenha impactado a safra de 2025, especialistas apontam que o manejo adequado e ações preventivas podem garantir a recuperação das plantas e preparar o terreno para um próximo ciclo produtivo. ‘É essencial que os produtores avaliem as condições das lavouras e ajustem o manejo de forma estratégica, pensando também na safra de 2026’, reforça Jordão.
Expectativa de produção
A primeira estimativa da safra brasileira de café para 2025 aponta total de 51,8 milhões de sacas de café beneficiado, redução de 4,4% em relação à safra anterior, A informação é da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab)
Quando o preço pode baixar?
Com o início de 2025 chuvoso, ainda há expectativa de aumento da produção, porém gradativo e não imediato.
‘Tudo indica que os preços devem continuar elevados pelo menos até 2026 quando uma recuperação mais consistente na produção pode trazer alivio ao mercado’, explica o diretor-Executivo da ABIC, Celírio Inácio.
Fonte: Itatiaia