Andropausa: 57% dos homens desconhecem a condição que afeta a saúde sexual e o bem-estar
A queda nos níveis de testosterona, hormônio essencial para a saúde física e mental dos homens, pode ocorrer de forma gradual a partir dos 40 anos, provocando sintomas como perda de energia, fadiga, diminuição da libido, disfunção erétil, alterações de humor e redução da massa muscular. A condição é conhecida como Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM), ou andropausa, e ainda é cercada de desinformação: segundo a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), 57% dos homens sequer sabem da sua existência.
Estudos da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) indicam que cerca de 25% dos homens apresentam baixos níveis de testosterona em algum grau, enquanto dados do Portal da Urologia (SBU) apontam que o distúrbio atinge de 5% a 7% dos homens após os 40 anos e pode chegar a 30%, após os 60 anos. A prevalência aumenta com a idade, sendo que cerca de 20% dos homens acima dos 60 anos apresentam sintomas clínicos relacionados à DAEM.
“A andropausa não é universal como a menopausa. Existem homens que chegam aos 80 anos sem apresentar sinais significativos de queda hormonal, enquanto outros começam a sentir os efeitos já aos 40”, explica o Dr. Ali Mustafá Cheik, urologista do Hospital Mater Dei Santa Clara.
Diferença entre andropausa e menopausa
A menopausa é marcada pelo fim definitivo da produção de óvulos e ocorre em todas as mulheres. Já a andropausa é um processo mais gradual e variável. “No homem, há apenas a redução progressiva da testosterona, mas ele continua produzindo espermatozoides”, destaca Dr. Ali.
Sintomas e fatores de risco
Entre os principais sinais estão fadiga constante, irritabilidade, insônia, sonolência diurna, perda de tônus muscular, ganho de peso e disfunções sexuais. Além do envelhecimento, há fatores comportamentais que aceleram o processo, como obesidade, sedentarismo, tabagismo e doenças crônicas, a exemplo da hipertensão, que já foi associada a níveis hormonais mais baixos.
Reposição hormonal: mito ou necessidade?
O especialista explica que a reposição hormonal é indicada quando os sintomas são associados à baixa dosagem de testosterona, confirmada por exames. “Antes da reposição, avaliamos medidas para estimular naturalmente a produção hormonal, como ajustes na alimentação e atividade física. Quando esses métodos não são eficazes e não há contraindicações, como câncer de próstata ou testicular, a reposição é segura e benéfica”, afirma o urologista.
Segundo ele, é fundamental diferenciar reposição hormonal de anabolização: “o risco da reposição bem conduzida é praticamente nulo. Os problemas surgem quando há uso indiscriminado de testosterona em doses excessivas, algo comum em ambientes não médicos e que pode aumentar o risco de câncer e outras complicações”.
Saúde sexual masculina
A testosterona desempenha um papel central na saúde sexual masculina, sendo o hormônio responsável pelo desejo sexual, pela manutenção das ereções e pela produção de espermatozoides. A queda nos níveis desse hormônio está diretamente ligada à redução da libido e ao surgimento de disfunções eréteis, um dos sintomas mais relatados por homens que procuram atendimento médico a partir dos 40 anos.
“O desejo sexual é o primeiro passo para uma ereção saudável. Sem testosterona adequada, essa função é comprometida. O homem sente menos vontade de manter relações, e isso pode gerar um ciclo de insegurança e impacto na vida conjugal”, explica o médico.
Além do desejo sexual, a baixa testosterona pode causar redução da sensibilidade, alterações na qualidade do sêmen, dificuldade em manter ereções prolongadas e menor prazer durante o ato sexual. Esse quadro também está associado a uma queda da autoconfiança, podendo provocar ansiedade de desempenho e quadros depressivos, agravando ainda mais os sintomas.
Dr. Ali ressalta que, na maioria dos casos, o tratamento adequado da DAEM, com reposição hormonal supervisionada e mudanças no estilo de vida, reverte a maioria desses problemas. “Quando ajustamos os níveis de testosterona, é comum observar melhora significativa na libido, no desempenho sexual e até na fertilidade. É um ganho direto na autoestima e na qualidade de vida do paciente”, destaca.