Tempo seco em Minas Gerais pode favorecer surto de conjuntivite
O ar seco e a redução das chuvas, característicos do período de inverno, podem favorecer o aumento dos casos de conjuntivite — inflamação da membrana transparente que reveste a parte branca dos olhos e o interior das pálpebras. Essa condição dificulta a lubrificação natural dos olhos e contribui para a concentração de poluentes no ambiente, tornando-os mais suscetíveis à doença, que pode se manifestar nas formas viral, bacteriana ou alérgica. Em fevereiro deste ano, Belo Horizonte registrou um surto da enfermidade. No estado, foram 33 desde o mês de junho. As informações são das secretarias Municipal e Estadual de Saúde.
“Essa é uma doença que pode acontecer durante todo o ano, mas, em alguns períodos, o olho seco é mais comum devido à baixa umidade. Isso compromete a lubrificação ocular, fazendo com que muitas pessoas levem as mãos contaminadas aos olhos, provocando sintomas como vermelhidão, coceira, ardência, sensação de areia nos olhos e até embaçamento visual, especialmente no fim do dia”, alerta o médico oftalmologista Luiz Carlos Molinari, cooperado da Unimed-BH.
Na última semana, segundo a Defesa Civil, a capital mineira esteve em alerta devido à baixa umidade provocada por uma massa de ar seco. Um comunicado publicado pelo órgão indicou que o índice permaneceria em torno de 30% até o último domingo (20/7), abaixo do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 60%. De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o tempo seco deve continuar na capital mineira até a próxima sexta-feira (25/7), com umidade relativa do ar em torno de 30%. Além de Belo Horizonte, mais de 150 cidades de MG estão em alerta devido ao tempo seco.
“Idosos e crianças são mais suscetíveis à desidratação e infecções oculares. As crianças ainda estão com o sistema imunológico em desenvolvimento, e os idosos, por sua vez, podem ter doenças pré-existentes que agravam o quadro”, explica. Foi o que ocorreu com Maria do Carmo, de 2 anos, diagnosticada com a doença nesta segunda-feira (21/7). “Ela começou com uma bolinha no olho, depois teve vermelhidão, secreção e inchaço. Logo a levei ao médico, e ela começou o tratamento com anti alérgico, remédio para dor e colírio”, disse a social media Lorrane do Carmo, de 34 anos, mãe da garota.
Uso de telas
Segundo Molinari, além do clima, o uso prolongado de telas, como celulares, pode contribuir com o agravamento do quadro. “Quando estamos concentrados em celulares, computadores ou televisores, piscamos menos. Isso favorece a evaporação da lágrima e o ressecamento da superfície ocular”, alerta. O especialista destaca ainda a incidência da conjuntivite viral, que possui uma fácil transmissão, principalmente nessa época do ano, em que as pessoas se reúnem em espaços fechados. “Sintomas como vermelhidão, lacrimejamento excessivo, coceira, fotofobia (sensibilidade à luz) e secreção aquosa são comuns nesse tipo. Em alguns casos, pode haver ínguas dolorosas próximas ao ouvido e sintomas respiratórios”, detalha.
Para o médico, a combinação de tempo seco e o uso prolongado de telas reforça a necessidade de boa lubrificação dos olhos, com uma lágrima de boa qualidade, além da devida higienização das mãos e uma boa hidratação. Molinari orienta ainda que se evite tocar os olhos diante de algum incômodo. “O uso do colírio lubrificante também é muito importante, mas sem corticoide. Algum outro medicamento específico ou antibiótico, somente com orientação médica”, orienta.
Os tipos de conjuntivite
- Conjuntivite viral: causada por um vírus e é muito contagiosa. Também pode ocorrer quando os olhos ficam muito sensíveis à luz, causando a sensação de areia. Geralmente, é tratada com colírios e corticoides para evitar complicações.
- Conjuntivite bacteriana: a transmissão ocorre no contato com objetos contaminados. Os olhos ficam vermelhos e com secreções. Esse tipo da doença exige tratamento com antibiótico específico. Sem o cuidado adequado, pode causar úlceras e levar à perda da visão.
- Conjuntivite alérgica: não é contagiosa. É uma doença que pode ser associada à rinite, e causa muita coceira.
Cuidados
- Hidrate-se bem: beba bastante água ao longo do dia para manter a produção de lágrimas.
- Use umidificadores de ar ou coloque bacias com água nos ambientes para aumentar a umidade.
- Evite exposição direta ao ar-condicionado e ao vento, que ressecam ainda mais os olhos.
- Pisque com frequência, especialmente ao usar telas, para manter a lubrificação ocular.
- Siga a regra 20-20-20: a cada 20 minutos, olhe para algo a 6 metros de distância por 20 segundos.
- Use lágrimas artificiais sem conservantes, sempre com orientação médica.
- Alimente-se bem, incluindo alimentos ricos em ômega 3, que ajudam na saúde ocular.
- Use óculos com proteção UV ao sair ao sol, para proteger os olhos da radiação ultravioleta.
- Consulte um oftalmologista regularmente, especialmente se houver sintomas persistentes.
Fonte: O Tempo