Técnicas de estudo: conheça 6 métodos para otimizar o seu aprendizado
Por Iago Filgueiras*
Se você já se dedicou horas a um conteúdo e saiu com aquela sensação boa de estar avançando, sabe como é gratificante perceber que o estudo está rendendo. Mas também é provável que, em algum momento, tenha sentido o contrário: aquela frustração de esquecer algo logo depois de aprender ou de não conseguir lembrar um termo que estava na ponta da língua.
É nesse cenário que as técnicas de estudo podem ser uma excelente ferramenta para otimizar o seu processo de aprendizagem e te deixar cada vez mais afiado. Em uma rotina corrida, marcada por um ritmo frenético de produtividade e inúmeros fatores de distração, estudar vai além de ler conteúdos ou assistir aulas. É importante, também, gerenciar o tempo disponível para isso e aproveitar os períodos de maior foco.
Seja para aprender uma nova língua, estudar para um concurso, prestar vestibular ou até mesmo aproveitar mais das aulas, conhecer diferentes métodos de estudo é essencial para encontrar o que mais se encaixa no seu perfil.
Sabemos que nem todo mundo aprende da mesma forma, mas isso não deve ser uma barreira para investir na sua educação e formação. Por isso, neste artigo, vamos apresentar diferentes técnicas de estudo e métodos para otimizar o aprendizado.
Como o cérebro aprende?
Antes de listarmos os melhores métodos e técnicas de estudo, é preciso entender o que a ciência sabe até o momento sobre o processo de aprendizagem no nosso cérebro.
Aprender vai muito além de reter informações. É o processo que nos permite adquirir conhecimento e dar sentido às experiências e conteúdos aos quais somos expostos.
Quanto mais revisamos um conteúdo ou mantemos contato com aquela informação, mais eficiente será o processo de fixação do conhecimento. Imagem: reprodução
Quando recebemos novos estímulos, várias áreas do cérebro participam do processamento, mas uma delas tem um papel especial: o hipocampo. Ele é o principal responsável por registrar as memórias declaratórias, aquelas ligadas a fatos e conhecimentos que conseguimos explicar em palavras, que são essenciais no contexto de estudos.
Depois de registradas, essas memórias passam pela consolidação, um processo que as transfere para regiões como o córtex, onde podem ser armazenadas por mais tempo. Isso acontece por meio da criação e do fortalecimento das sinapses, as conexões entre os nossos neurônios.
Por isso, quanto mais revisamos ou usamos essas informações, mais firmes essas conexões ficam. Quando deixamos de revisitá-las, elas tendem a enfraquecer. É quase como uma trilha, que após muito tempo sem ser usada, volta a ficar encoberta. É aí que as técnicas de estudo podem ajudar.
Principais técnicas de estudo para potencializar o aprendizado
As técnicas de estudo são capazes de potencializar a memória, organizar o tempo e transformar o esforço em resultados mais concretos. São inúmeros métodos pensados para te ajudar a aprender com mais consistência. Por isso, a seguir listamos seis técnicas que vão mudar a forma como você adquire conhecimento:
Repetição espaçada
No universo da aprendizagem, a repetição espaçada parte de uma constatação simples: se você não revisita uma informação, tende a esquecê-la rapidamente. Essa técnica de estudo se apoia na curva do esquecimento, identificada pelo psicólogo alemão, Hermann Ebbinghaus. Segundo ele, nós podemos esquecer as informações logo após aprendermos, mas, fazendo algumas revisões periódicas, podemos conseguir estabilizar a memória e não esquecê-las.
Na Repetição Espaçada, a ideia é revisitar um conteúdo várias vezes, aumentando o intervalo entre as revisões conforme a lembrança se torna mais fácil. Assim, o conhecimento é fixado de forma mais duradoura.
Um exemplo eficiente é o Sistema Leitner, que usa cartões com perguntas de um lado e respostas do outro, organizados em diferentes caixas. Respostas corretas avançam para caixas com revisões menos frequentes, enquanto erros retornam aos níveis iniciais para maior reforço. Isso concentra energia no que é mais difícil e otimiza o tempo de estudo — ideal para quem está estudando para concursos ou para o Enem.
Recordação Ativa
Você já foi ler um texto antes de uma prova e percebeu que, logo após terminar a leitura, não lembrava de mais nada? E se, ao invés de consumir passivamente um conteúdo esperando que ele se fixe na sua mente, você tentar lembrar daquilo que já sabe?
Esse é o foco da Recordação Ativa. Nesse método de estudo, você é estimulado a buscar as informações na sua memória, treinando cada vez mais sua capacidade de reter o conhecimento. Ele funciona muito bem se combinado com a Repetição Espaçada.
Aqui estão algumas ferramentas que você pode incorporar a essa técnica de estudo:
- Questões práticas: use provas anteriores para treinar. Assim, você se acostuma ao formato, estimula a memória e identifica pontos que precisam de reforço.
- Blurting: após estudar, escreva tudo o que lembrar sem consultar o material. Depois, compare com suas anotações e veja onde errou ou o que esqueceu.
- Explique para alguém: ensinar o conteúdo a outra pessoa ajuda a fixar melhor e a organizar o raciocínio de forma clara.
Método Cornell
Criado nos Estados Unidos em 1940 pelo professor da Universidade de Cornell, Walter Pauk, essa técnica de estudo aposta na organização sistemática das informações e conteúdos aprendidos como forma de fixar o conhecimento, organizar o tempo e facilitar a consulta posterior.
O Método Cornell é um sistema de anotações pensado para garantir uma maior organização do conteúdo e facilitar a consulta posterior. Imagem: arquivo
O Método Cornell foi pensado para ser realizado no papel e escrito à mão, já que o processo de escrita também ajuda a reter o conhecimento. Mas você pode usar ferramentas digitais, caso prefira. O importante é dividir uma folha em quatro espaços: uma linha horizontal na parte de cima e uma na parte de baixo e, no espaço entre as duas, uma linha vertical dividindo em duas colunas. Assim, a folha fica da seguinte forma:
- Cabeçalho (retângulo superior): aqui você escreverá o tema da aula e a data.
- Anotações (coluna à direita): este é o seu espaço para anotações. É preferível que você anote palavras-chave, ícones ou abreviações com os assuntos mais importantes.
- Perguntas (coluna à esquerda): é o espaço dedicado a formulação de perguntas que vão te ajudar a fixar o conteúdo e revisar mais facilmente depois.
- Sumário (retângulo inferior): neste campo, você pode resumir o que entendeu sobre o tema e construir frases curtas com as respostas para as perguntas feitas anteriormente.
Método Pomodoro
O Método Pomodoro é uma das técnicas de estudo mais conhecidas para quem busca otimizar o tempo de aprendizagem, podendo ser aplicado também para outras áreas. A técnica foi criada na década de 1980 pelo italiano Francesco Cirillo como uma forma de otimizar o tempo de concentração e reduzir as distrações no percurso.
Para isso, ele usou um cronômetro de cozinha em formato de tomate (pomodoro, em italiano) para controlar o tempo e se propôs a terminar uma tarefa em um período estipulado. O método propõe dividir o dia em blocos de 25 minutos, com intervalos entre eles, e pode ser feito da seguinte forma:
- Escolha uma tarefa.
- Cronometre o tempo e trabalhe na atividade escolhida por 25 minutos.
- Quando o tempo acabar, veja se terminou a tarefa.
- Descanse por 5 minutos.
- Após quatro blocos de concentração, faça uma pausa de cerca de 30 minutos.
O objetivo é se concentrar ao máximo na execução da tarefa, evitando distrações. Caso você se distraia nesse período, anote o que motivou para poder encontrar formas de evitar. O interessante é que, com a prática, você começa a descobrir qual o tempo necessário para realizar determinadas atividades, o que facilita na organização do dia.
Mapas mentais
Sabe quando você está estudando para uma prova e tem tanto conteúdo que fica difícil definir o que é mais importante ou anotar tudo? Esse é o problema que o mapa mental busca resolver.
A ideia aqui é organizar os conteúdos em uma sequência lógica, usando recursos visuais para facilitar a memorização. Na prática, você começa de um tema principal escrito ao centro e, a partir dele, vai puxando setas ligando tópicos e subtópicos.
O mapa mental é uma ferramenta que facilita a organização das informações de forma mais visual, ficando fácil de identificar a hierarquia do conteúdo. Imagem: Map4Study
Essa é uma ótima ferramenta para quem aprende de forma mais visual. Por isso, é interessante utilizar setas coloridas, diferentes cores de canetas e desenhos explicativos.
Técnica Feyman
Esse método é uma excelente alternativa para fixar melhor conteúdos complexos. Ele foi desenvolvido pelo físico estadunidense e vencedor do Prêmio Nobel, Richard Feynman. A ideia é simples: explicar um assunto como se estivesse conversando com uma criança. Isso exige clareza e domínio real do tema.
O processo começa com o estudo: lendo, assistindo aulas ou explorando outros formatos. Em seguida, com a explicação mental do conteúdo de forma simples, evitando termos técnicos — como se estivesse conversando com uma criança.
Se conseguir fazer isso com fluidez, é sinal de que o entendimento está sólido. Mas, se travar ou recorrer a palavras difíceis, é porque há pontos que precisam de mais estudo.
O passo final é revisar a explicação e simplificá-la ainda mais, usando analogias e exemplos do cotidiano. A Técnica Feyman estimula o aprendizado ativo e ajuda a transformar conhecimento complexo em algo mais fácil de ser memorizado.
Não existe fórmula mágica
É importante lembrar que as técnicas de estudo não são fórmulas mágicas. Afinal, nem todo mundo é igual e todos temos nossas particularidades no processo de aprendizagem. O importante é conhecer a si mesmo. Assim, fica mais fácil combinar diferentes métodos e encontrar quais ferramentas funcionam melhor para a sua realidade.
Teste diferentes métodos de estudo
Vale dizer que o que funciona para um, nem sempre funciona para o outro. Por isso, é importante testar.
Por exemplo, você conhece alguém que gosta de estudar ouvindo música? Para muita gente isso seria um motivo de distração, mas há quem se sinta mais focado. A verdade é que um fundo musical realmente pode ajudar na concentração para algumas pessoas. Mas, se a música tiver letra ou for muito estimulante, pode acabar gerando distrações.
Isso não significa que você precisa se obrigar a ouvir um estilo que não gosta durante o seu estudo, muito menos que deve adotar essa técnica caso ache que ela não vai te ajudar. Fica bem mais difícil aprender com raiva, né? Por isso, encontrar o que funciona melhor para você é essencial.
Autocuidado também te ajuda a aprender
Para quem está em semana de provas ou se preparando para concursos e vestibulares, a rotina de estudos pode ser estressante. A ansiedade é natural nesses momentos, mas não precisa acompanhar todo o tempo dedicado à aprendizagem.
Nosso cérebro não aprende apenas quando está focado. A distração também tem papel importante.
Momentos de pausa e distração durante a rotina de estudo são fundamentais para ajudar o cérebro a fixar o conhecimento. Imagem: Freepik
No livro Aprendendo a Aprender, a professora Barbara Oakley, especialista em neurociência e psicologia cognitiva, explica que temos dois modos de trabalho: o focado, quando prestamos atenção a uma tarefa, e o difuso, quando a mente está relaxada. Alternar entre eles é essencial: “às vezes é preciso ficar menos focado para se tornar um aprendiz melhor”.
No modo focado, seguimos caminhos já conhecidos pelo nosso cérebro, o que limita a criatividade. No difuso, novas conexões e ideias surgem — sabe quando você está tomando banho e de repente tem uma ideia genial sobre algo? Então, nesses momentos o nosso cérebro está mais relaxado e funcionando de forma mais livre, auxiliando no aprendizado e na resolução de problemas.
Mas também é importante que a distração seja responsável. Passar horas rolando o feed das redes sociais não ajuda. Prefira pausas com atividades que aliviam o estresse, como ouvir música, fazer exercícios, conversar com amigos ou brincar com o cachorro.
Conclusão
No fim das contas, estudar vai muito além de acumular horas diante de livros ou videoaulas. É sobre usar o tempo e a sua energia de forma eficiente. É essencial buscar formas de encaixar os estudos na sua rotina e cuidar de si mesmo.
As técnicas de estudo existem para tornar a aprendizagem mais leve, eficiente e duradoura. Por isso, cabe a você experimentar, adaptar e descobrir o que funciona melhor no seu ritmo.
Seja para estudar para um concurso, para vestibulares como o Enem, aprender um novo idioma ou até mesmo um instrumento musical, é importante lembrar: constância e autoconhecimento são tão importantes quanto a disciplina.
Afinal, aprender é um processo e, a cada passo, você já não está no mesmo lugar. O ICL compartilha dessa sede pelo saber e por isso, acreditamos que o conhecimento realmente liberta.
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*Estagiário sob supervisão de Leila Cangussu
Fonte: ICL Notícias