Condição intestinal pouco conhecida pode revelar Alzheimer anos antes dos primeiros sintomas
Pesquisadores apontam que a chave para compreender doenças neurodegenerativas, como Alzheimer e Parkinson, pode estar no intestino, e não apenas no cérebro. Um estudo publicado na revista Science Advances identificou que pessoas com problemas digestivos comuns, incluindo inflamações intestinais e deficiências nutricionais, apresentam maior propensão a desenvolver os sintomas de memória associados a essas enfermidades.
Segundo os autores, compreender a ligação entre distúrbios do chamado eixo intestino-cérebro e a neurodegeneração pode abrir caminho para novas estratégias de prevenção e tratamento.
O Alzheimer, principal causa de demência no mundo, ainda não tem cura, mas o diagnóstico precoce é considerado essencial para retardar a progressão da doença. Já no caso do Parkinson, que provoca o declínio das funções motoras e cognitivas, estudos recentes reforçam que alterações gastrointestinais costumam aparecer antes mesmo dos primeiros sinais neurológicos.
Condição intestinal pouco conhecida pode revelar Alzheimer anos antes dos primeiros sintomas. (Foto: Marcelo Camargo/ Agência Brasil)
Estudo sobre o Alzheimer
A equipe responsável pela pesquisa conduziu a maior análise de biobanco já realizada sobre o tema. Foram examinados 155 diagnósticos relacionados a distúrbios intestinais e metabólicos, revelando uma associação clara entre condições digestivas e risco elevado de Alzheimer e Parkinson. Entre elas, destacam-se a síndrome do intestino irritável, refluxo ácido, doença de Crohn, retocolite ulcerativa e diabetes. A deficiência de vitamina B também foi associada ao aumento da probabilidade de desenvolver Parkinson.
De acordo com a Parkinson’s Foundation, até 70% dos pacientes convivem com constipação, um sintoma frequentemente anterior a problemas de movimento. Os pesquisadores afirmam que os fatores de risco ligados ao intestino podem se manifestar até 15 anos antes dos primeiros sinais clínicos das doenças.
Apesar dos avanços, o estudo ressalta que outras variáveis, como a genética, ainda exercem maior peso na previsibilidade do Alzheimer e do Parkinson. A pesquisa surge em um contexto de crescimento global dessas enfermidades, que já afetam mais de 400 milhões de pessoas.
Fonte: ICL Notícias