Setembro lilás: como a atividade física ajuda no Alzheimer

Redação25 de setembro de 20259min0
Atividade física
Apesar dos avanços científicos oferecerem novas perspectivas no tratamento do Alzheimer, a combinação entre atividade física, rotina estruturada e suporte emocional ainda é o principal tratamento para a doença, segundo médico geriatra da BSL Saúde

Setembro Lilás é o mês dedicado à conscientização sobre a Doença de Alzheimer, condição que afeta milhões de pessoas no Brasil e no mundo e que exige atenção redobrada a sinais precoces, avanços da Ciência e estratégias de cuidado. Ao longo do mês, diversas iniciativas têm buscado informar a população, apoiar familiares e valorizar a importância do diagnóstico precoce. Entre elas, a Caminhada Movimento é Vida BSL Saúde, realizada no Parque Ibirapuera, em São Paulo, que reuniu idosos, familiares e profissionais de Saúde para reforçar que manter o corpo ativo também é uma forma de proteger a mente.

“Nosso objetivo é mostrar que iniciativas simples, como a caminhada, podem ter impacto profundo na saúde física e cognitiva dos idosos. Manter o corpo ativo é também uma forma de proteger a mente e retardar o declínio cognitivo”, explicou Felipe Vecchi, médico geriatra e diretor médico e operacional dos residenciais Cora e Vivace, da BSL Saúde.

Além do incentivo ao movimento, a caminhada destacou os benefícios físicos e cognitivos da prática regular de exercícios, como o fortalecimento muscular, a melhora da saúde cardiovascular e o aumento do fluxo sanguíneo cerebral, fatores que podem contribuir para preservar a memória e reduzir o risco de declínio cognitivo.

Atividade física e Alzheimer

O exercício físico regular pode retardar a progressão do Alzheimer em estágios iniciais e melhorar sintomas como agitação e depressão. Uma meta-análise publicada em 2024 mostrou que programas de atividade aeróbica e de fortalecimento muscular, realizados de duas a três vezes por semana, ajudam a preservar funções executivas e de memória em idosos diagnosticados com comprometimento cognitivo leve ou demência inicial. Outro ponto é que atividades em grupo estimulam a socialização, diminuindo sentimentos de isolamento, outro fator associado ao agravamento da doença.

“O movimento é uma das ferramentas mais poderosas que temos para proteger o cérebro. Vivemos um momento em que os avanços científicos oferecem novas perspectivas no tratamento do Alzheimer, mas sabemos que nada substitui a combinação entre atividade física, rotina estruturada e suporte emocional, tanto para o idoso quanto para seus familiares”, destaca o médico.

Sinais de alerta

De acordo com a Alzheimer’s Association, os primeiros sinais da doença incluem esquecimentos que atrapalham atividades do dia a dia, desorientação em tempo e espaço, dificuldade de planejamento, alterações na linguagem e mudanças no humor ou no julgamento. É preciso ter atenção a esses sintomas e buscar avaliação médica ao notar sua persistência.

“Vivemos uma nova era no tratamento do Alzheimer, com avanços científicos importantes, mas ainda sabemos que não existe solução isolada. A combinação entre atividade física, rotina estruturada e suporte aos cuidadores é essencial para garantir dignidade e qualidade de vida,” explica Vecchi.

Avanços recentes

A ciência tem registrado avanços significativos no enfrentamento da Doença de Alzheimer. Em julho de 2023, o FDA, órgão regulador dos EUA, concedeu aprovação tradicional ao lecanemabe (Leqembi), primeiro medicamento da nova geração de anticorpos anti-amiloide, indicado para os estágios iniciais da doença. Já em julho de 2024, foi a vez do donanemabe (Kisunla) receber aprovação regulatória, também direcionado a pessoas com comprometimento cognitivo leve ou demência inicial causada pelo Alzheimer (FDA, 2024). Em abril deste ano, o donanemabe foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), mas o preço elevado, a ausência no Sistema Único de Saúde (SUS) e a melhora restrita a alguns casos ainda dificultam o tratamento no Brasil.

Ambos os medicamentos atuam na redução da proteína beta-amiloide, uma das principais marcas patológicas do Alzheimer, e representam nova era de terapias modificadoras da doença. Paralelamente, crescem as evidências sobre o uso de biomarcadores sanguíneos, como o p-tau217, que demonstram alta precisão para diferenciar Alzheimer de outros quadros de demência.

Pesquisas recentes publicadas no JAMA 2024 e no JAMA Neurology 2024 apontam que esses testes podem, em breve, facilitar o diagnóstico precoce inclusive em consultórios de atenção primária, ampliando o acesso ao tratamento mais oportuno e personalizado.

Orientações para famílias e cuidadores

Além das novidades em pesquisa, o médico geriatra Felipe Vecchi reforça a importância de cuidados práticos no dia a dia:

1.     Segurança e rotina: manter agenda visual, organizar medicações, estimular hidratação e alimentação adequada, além de revisar riscos domésticos.

2.     Atividades prazerosas: música, artes, leitura, caminhadas com propósito e exercícios cognitivos ajudam a reduzir sintomas de depressão e agitação.

3.     Rede de apoio ao cuidador: dividir responsabilidades, buscar grupos de suporte e reservar momentos de descanso são passos essenciais para preservar o equilíbrio emocional da família.

4.     Acesso informado a terapias: conversar com o médico sobre critérios de elegibilidade, logística de infusões e monitoramento, sempre avaliando riscos e benefícios.

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