Dormir pouco faz mal? Ciência mostra que sensação de disposição pode enganar
É comum ouvir pessoas garantirem que funcionam bem dormindo apenas cinco horas por noite. No entanto, especialistas alertam que essa sensação de disposição pode ser ilusória e esconder prejuízos silenciosos ao organismo. Em uma sociedade acelerada, em que luz elétrica, telas e celulares estendem o tempo de vigília, o sono tem sido deixado em segundo plano — e a ciência mostra que isso cobra um preço.
Segundo Geraldo Lorenzi Filho, diretor do Laboratório do Sono do Instituto do Coração (InCor), a quantidade de horas necessárias varia conforme a idade e o indivíduo. Bebês dormem até 18 horas por dia; adolescentes precisam de longos períodos de descanso; e adultos, em média, necessitam de sete a oito horas por noite. “Dormir menos de seis horas está associado a diversos problemas de saúde”, alerta o médico.
Ainda que existam raros casos de “dormidores curtos”, pessoas que conseguem manter bom funcionamento com apenas cinco horas de sono, eles são exceção. “É difícil encontrar alguém que esteja realmente muito bem dormindo pouco. Muitas vezes, a pessoa acha que está descansada, mas já está vivendo com um déficit de sono”, explica Lorenzi.
Esse déficit, segundo o especialista, muitas vezes se revela nos fins de semana, quando o corpo tenta compensar a privação dormindo mais horas. O fenômeno, chamado de “restrição de sono”, é hoje amplamente difundido. “Nós somos uma sociedade restrita de sono desde a invenção da luz elétrica, e agora com os celulares, que te conectam ao mundo digital, isso se intensificou. Esses são os grandes ladrões de sono”, afirma. Pequenas perdas diárias, mesmo de apenas 15 a 20 minutos, somam-se e afetam humor, disposição e atenção.

A quantidade de horas necessárias varia, bebês dormem até 18 horas por dia; adolescentes precisam de longos períodos de descanso; e adultos necessitam de sete a oito horas por noite (Foto: Reprodução / Caminhos da Reportagem)
Problemas do sono e dormir bem
Além de hábitos modernos, distúrbios como a apneia do sono comprometem o descanso. Nesse quadro, a respiração interrompida faz a pessoa despertar várias vezes sem perceber, acumulando fadiga ao longo dos dias. O uso excessivo de cafeína e outros estimulantes tende a agravar o problema, criando um ciclo de cansaço e sono de má qualidade.
Dormir bem, no entanto, vai muito além de recuperar energia. O sono é fundamental para consolidar memórias, equilibrar o funcionamento psicológico e limpar toxinas acumuladas no cérebro. Estudos do InCor mostram que pessoas submetidas a apenas cinco horas de sono durante cinco noites consecutivas apresentaram alterações no sistema cardiovascular e no estresse metabólico, mesmo relatando se sentir bem.
A conclusão dos especialistas é clara: viver dormindo pouco não é sustentável. A privação de sono representa um estresse físico e mental que pode se manifestar silenciosamente, mas compromete a saúde a longo prazo. Como resume Lorenzi, “Dormir pouco acaba sendo um estresse psicológico e físico para as pessoas. O corpo paga a conta, mesmo quando a gente acha que está bem”.
Fonte: ICL Notícias